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terça-feira, 7 de novembro de 2017

... ATÉ ENCONTRAR MEU GURU
EU SABIA MUITAS COISAS...
 AGORA NÃO SEI NADA...


Diálogos sobre vidas passadas

  
 - Quando um homem normal morre, o que acontece com ele?

 - Segundo sua crença, assim acontece. Como a vida antes da morte é apenas imaginação, assim é a vida depois. O sonho continua.


- E o que acontece com o homem realizado?

- O homem realizado não morre porque ele nunca nasceu.


- Ele aparece assim aos outros?

- Mas não para si mesmo. Em si mesmo ele é livre das coisas físicas e mentais.


- Não obstante, você deve conhecer o estado do homem que morreu. Ao menos de suas próprias vidas passadas?

- Até encontrar meu guru, eu sabia muitas coisas. Agora não sei nada, pois todo conhecimento está apenas no sonho e não é válido. CONHEÇO-ME, e não encontro nem vida nem morte em mim, apenas puro ser, não ser isto ou aquilo, mas simplesmente ser. Mas no momento em que a mente, extraindo de seu estoque de memórias, começa a imaginar, preenche o espaço com objetos e o tempo com eventos. Como nem mesmo conheço o nascimento, como posso conhecer nascimentos passados? É a mente que, em movimento, vê tudo se movendo e, tendo criado o tempo, inquieta-se sobre o passado e o futuro. Todo o universo está estabelecido na consciência, a qual surge quando há ordem e harmonia perfeitas. Como as ondas estão no oceano, assim estão todas as coisas físicas e mentais na Consciência. Por conseguinte a própria Consciência é essencial, NÃO SEU CONTEÚDO. Aprofunde e amplie sua Consciência de você mesmo e todas as bênçãos fluirão. Não necessita buscar nada, tudo virá naturalmente e sem esforço. os cinco sentidos e as quatro funções da mente — memória, pensamento, compreensão e individualidade —; os cinco elementos da terra — água, fogo, ar e éter —; os dois aspectos de criação — matéria e espírito —, todos estão contidos na Consciência.


- Ainda assim, você deve acreditar ter vivido antes.

- As escrituras dizem assim, MAS NÃO SEI NADA SOBRE ISTO. CONHEÇO-ME COMO EU SOU; como eu apareço ou aparecerei não está dentro de minha experiência. Não é que não me lembre. É QUE NÃO HÁ NADA PARA LEMBRAR. A reencarnação implica um ser que encarna. NÃO HÁ TAL COISA. O pacote de memórias e esperanças, chamado o "eu", imagina-se existindo eternamente e cria o tempo para acomodar sua falsa eternidade: para ser, eu não necessito de nenhum passado ou futuro. Toda a experiência nasce da imaginação; eu não imagino, assim nenhum nascimento ou morte acontecem para mim. APENAS AQUELES QUE PENSAM QUE NASCERAM PODEM PENSAR EM RENASCER. Você está me acusando de ter nascido: declaro-me inocente!


- Tudo existe na Consciência e a Consciência nem morre, nem renasce. É a própria realidade imutável?

- Todo o universo da experiência nasce com o corpo e morre com o corpo; tem seu começo e fim na Consciência, mas a Consciência não conhece nenhum começo nem nenhum fim. Se você pensar cuidadosamente e meditar sobre isto por bastante tempo, você verá a luz da Consciência em toda sua claridade, e o mundo desaparecerá gradualmente de sua visão. É como olhar para uma vareta acesa de incenso; você verá a vareta e a fumaça primeiro; quando você percebe o ponto em brasa, você compreende que ele tem o poder de consumir montanhas de varetas e de encher o universo de fumaça. Atemporalmente, o ser se atualiza sem esgotar suas possibilidades infinitas. Na metáfora da vareta de incenso, a vareta é o corpo e a fumaça é a mente. Enquanto a mente está ocupada com suas contorções, não percebe sua própria fonte. O guru vem e volta sua atenção para a fagulha interior. Por sua própria natureza, a mente está voltada para fora; sempre tende a buscar a fonte das coisas entre as próprias coisas; ser dito que busque a fonte interior é, de alguma maneira, o início de uma nova vida. A Consciência toma lugar da consciência; na consciência há o "eu", que é consciente, enquanto que a Consciência é unificada; a Consciência é consciente de si mesma. O "eu sou" é um pensamento, enquanto que a Consciência não o é; alguém pode ser cônscio de ser consciente, mas não consciente da Consciência. Deus é a totalidade da consciência, mas a consciência está além de tudo: do ser e do não-ser.


- Eu comecei com a pergunta sobre a condição de um homem depois da morte. Quando seu corpo é destruído, o que acontece à sua consciência? Ele leva com ele seus sentidos de visão, audição, etc., ou os deixa para trás? E se ele perde seus sentidos, o que acontece à sua consciência?

- Os sentidos são meros modos de percepção. Quando os modos mais grosseiros desaparecem, emergem estados mais finos de consciência.


- Não há nenhuma transição para a Consciência depois da morte?

- Não pode haver nenhuma transição da consciência para a Consciência, porque a Consciência não é uma forma de consciência. A consciência pode apenas tornar-se mais sutil e refinada e é o que acontece depois da morte. Quando os diferentes veículos do homem morrem, os modos de consciência induzidos por eles também se dissipam.

 
- Até que apenas reste a inconsciência?
   
- veja-se falando da inconsciência como de algo que vai e vem! Quem existe para ser consciente da inconsciência?[...]
 
 
Nisargadatta Maharaj 
Fonte:pensarcompulsivo 
 
 
 
 
NOTA: Em seu livro intitulado “Eu Sou Aquilo” (I Am That, 1973) Nisargadatta Maharaj ensina a maneira das pessoas buscarem a verdade inata em suas vidas através de suas experiências. Ele faz isso de forma direta com frases de impacto como “nada que você faça mudará a si mesmo” e “pare a mente e simplesmente seja”. O interessante é que são frases de um tipo de filosofia que a sociedade ocidental não está habituada a seguir. As pessoas estão acostumadas a fazer, correr atrás dos objetivos, estar sempre em movimento e a filosofia de Maharaj propõe outros caminhos.
 
Um trecho de seu livro que elucida esse ensinamento ressalta:
 
“Onde está a necessidade de mudar o que quer que seja? A mente está mudando de alguma forma todo o tempo. Olhe para sua mente desapaixonadamente; isso é o suficiente para acalmá-la. Quando ela estiver quieta, você pode ir além dela. Não a mantenha ocupada todo o tempo. Pare-a, e simplesmente seja. Se você der descanso à mente, ela se centrará e recobrará sua pureza e força. O pensar constante a faz decair.

Nada que você faça mudará a si mesmo, pois você não precisa de nenhuma mudança. Você pode mudar sua mente ou seu corpo, mas isso é sempre algo externo a você que foi mudado, não você mesmo. Por que se importar com toda essa história de mudança? Realize de uma vez por todas que nem seu corpo, nem sua mente e nem mesmo sua consciência é você e mantenha-se de pé sozinho em sua verdadeira natureza além da consciência e inconsciência. Nenhum esforço pode levá-lo lá, somente a clareza do entendimento. Não tente reformar a si mesmo, simplesmente veja a futilidade de toda mudança. O mutável mantém-se em mutação enquanto o imutável espera. Não espere que o mutável o leve ao imutável – isso jamais acontecerá. Somente quando a própria ideia de mudança é vista como falsa e abandonada, o imutável pode surgir.

As atividades da maioria das pessoas é sem valor, senão destrutiva. Dominado pelo desejo e medo, eles não podem fazer qualquer coisa de bom.

Você não pode fazer nada. O que o tempo traz, o tempo levará embora. Este é o fim da Yoga, realizar independência. Tudo o que acontece, acontece na e para a mente, não para a fonte do “Eu sou”. Uma vez que você realize que tudo acontece por si mesmo (chame a isso destino ou vontade de Deus, ou mero acidente), você permanece como testemunha somente, compreendendo e apreciando, mas nunca perturbado. Você é responsável somente pelo que pode mudar. Tudo que você pode mudar é sua atitude. Aí mora a sua responsabilidade.”

 
Fonte:https://www.eusemfronteiras.com.br
 
 

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