Nenhum rio está em busca do oceano, mas os rios chegam ao oceano. E nenhum rio compete com os outros, mas todos chegam ao oceano. Os rios chegam ao oceano graças à água transbordante. Essa mesma energia é suficiente para levá-lo ao oceano. Você pode se tornar um oceano de criatividade se estiver satisfeito. Assim, a criatividade brota em você, cresce em você — não por um ideal, mas só porque você tem mais do que o suficiente e precisa compartilhá-la. Precisa cantar uma canção, porque o coração está tão repleto e transbordante que você tem que vertê-lo em canções. Não pode conter a energia, por isso o transbordamento acontece. Esse transbordamento é a criatividade”.
Você morrerá se ficar segurando sua respiração, ficará sufocado e sem vitalidade. O mesmo acontece com o amor. Ele precisa ser renovado a cada momento.
Sempre que alguém se apaixona é como se parasse de respirar, a vida vai perdendo o significado para essas pessoas: a mente se torna tão dominadora que passa a controlar até mesmo o coração, que fica possessivo por influência da mente.
Lembre-se de amar a existência e deixar que seu amor seja como a respiração. Inspire e expire, permita que o amor entre e saia de seus pulmões. Aos poucos, a cada respiração, você vai criando a mágica do amor. Aos poucos, a cada respiração você vai criando a mágica do amor.
Esta será a sua meditação: quando expirar, sinta-se espalhando seu amor pela existência: quando inspirar é a existência que derrama seu amor em você.
Com a repetição, você perceberá que a qualidade de sua respiração ficará completamente diferente de tudo que você jamais conheceu. É por isso que na Índia, nós a chamamos de prana, “vida”, e não apenas de respiração. Não se trata somente de oxigênio, é algo mais: a verdadeira essência da vida, o eu divino. Se nós a convidarmos a entrar ela virá, lentamente, junto com a respiração.
Sentado , em silêncio, respirando amor, você se surpreenderá ao sentir uma espécie de dança interna.
O amor não precisa de nenhuma referência – eis a beleza do amor e a liberdade do amor. O ódio é uma servidão. O ódio é aprisionamento – imposto a você por você mesmo…Ame, e esta terra se torna o paraíso novamente. E a imensa beleza do amor é que ele não tem nenhuma referência. O amor surge de você absolutamente sem nenhuma razão. Trata-se da felicidade saindo pelos poros, trata-se do seu compartilhar a partir do seu coração. É o compartilhar da canção do seu ser. E o compartilhar é uma alegria tão grande – por isso você compartilha! Compartilha por compartilhar, sem nenhum outro motivo.
A mente pensa em termos de separação, divisão, análise. Por intermédio da mente, a vida se fragmenta. A vida, em si mesma, não é dividida; a vida, em si mesma, é uma unidade. A vida, em si mesma, permanece indivisível, mas a mente pensa em termos de fragmentos; portanto, tudo o que a mente afirma, com certeza é falso. Aquela árvore, o céu lá no alto, a Terra, você e todas as coisas estão numa profunda unidade. A árvore parece estar separada de você, mas não está; não pode estar. O Sol está muito distante, mas você não pode existir aqui se o Sol morrer. Imediatamente, você cessará de existir aqui. Sem o Sol ali – a cem milhões de milhas de distância -, você não pode existir aqui. Se o Sol deixasse de existir, nunca seríamos capazes de saber que ele não mais existiria, pois não haveria ninguém para saber. Somos parte de seus raios.
Todo o universo é uma unidade cósmica. Você não está isolado; não é como uma ilha. Você está ligado; está enraizado no oceano da existência, como uma onda.
A menos que isso seja sentido profundamente, ninguém poderá entrar em samadhi, ninguém poderá entrar no êxtase total da existência; pois se você se considera separado, não pode se fundir; se você se considera separado, não pode se entregar. Se você pensa que não está separado, a entrega torna-se fácil; ela acontece. Se sentir que é um com a vida, pode confiar nela. Então não haverá medo. Você poderá morrer nela, alegremente, extaticamente. Então não haverá morte.
O medo da morte surge porque você pensa que está separado. Então você começa a lutar, começa a se proteger. Começa a se ver como um inimigo, em conflito. Você pensa em termos de conquistar, de ser vitorioso. Mas então será derrotado; sua derrota é certa.
Você é uma parte do todo, mas continua a lutar com o todo. É por isso que, por toda parte, você observa que todo mundo é um fracasso: derrotados, frustrados. (…) Por que isso ocorre? Porque você não está separado do todo. Considero irreligioso o homem que pensa que está separado da vida, e considero religioso o homem que sabe que é uma parte orgânica da vida. Digo uma parte orgânica, não uma parte mecânica, pois a parte mecânica pode ser arrancada; a parte orgânica não pode ser extirpada. Ela não é realmente uma parte – está em profunda unidade com o todo.
A partir do momento em que você compreende isso, não há mais medo. Desde que você aceite e se torne consciente da profunda unidade, a unidade orgânica, oceânica, aceitará todas as coisas. Você saberá que tudo é um, que a existência é uma. Ela se manifesta em diferentes formas, em milhões de formas, mas só as formas são diferentes. A substância, a essência, permanece uma.
Se você temer a morte, temerá também a meditação. Mas se amar a meditação, não temerá a morte. Se entrar na meditação, sem temor, sem medo, tornar-se-á imortal, pois não haverá mais nenhuma morte para você. Você já estará morto, portanto, como poderá morrer novamente? Aquele que entra em meditação, já morreu. Agora você não pode morrer novamente; a morte não pode destruí-lo. Você já se rendeu; você não é mais. A morte entrará numa casa vazia. Você não será encontrado nela.
Apenas o ego morre, não você. Sua vida é eterna, mas o ego é transitório. O ego é somente um fenômeno criado, formado. Você o criou. Ele é necessário, tem alguma utilidade. Na sociedade, você precisa de um ego; mas na vida, na existência, esse mesmo ego torna-se uma barreira.
Sannyas significa ir além da sociedade, pois quer dizer entregar o ego. Na sociedade, o ego é necessário. Você precisa ter um ponto de referência para indicar quem você é. No sannyas esse ponto de referência não é necessário. Não há necessidade de dizer quem você é; você pode simplesmente ser. Você é, isso é tudo. Não há necessidade de contar a ninguém quem você é. Esse “quem” é uma necessidade social. A existência nunca lhe pergunta quem você é.
Quando você abandona o ego, está pronto a tornar-se um com o todo. Há, na verdade, duas maneiras de se dizer a mesma coisa: ou se concebe toda a existência como uma, ou se concebe que não há nenhum ego em você. É a mesma coisa, o resultado será o mesmo. Você virá para uma unidade oceânica. E essa unidade, uma vez conhecida, nunca mais será perdida.
Destrua todo sentimento de separação. Torne-se apenas uma gota – uma gota de água que caiu no oceano e tornou-se uma com ele. E não tema a morte, porque, na verdade, não há morte para você. Aquele que teme é um fenômeno falso, uma entidade falsa – uma entidade criada pelo sentimento de separação. Em meditação, lembre-se, você está retornando à fonte, saltando para a fonte. Está se movendo do ego para uma existência sem ego.
Na meditação, esteja pronto para morrer. Se você puder morrer em meditação, obterá a vida eterna. Tornar-se-á imortal.
Você precisará buscar o seu próprio caminho. É difícil buscá-lo; muitos erros são possíveis. Mas nada se obtém sem erros; portanto, seja suficientemente corajoso para errar. Você poderá enveredar-se por caminhos errados, mas é preferível andar por caminhos errados do que permanecer absolutamente parado, pois pelo menos você aprenderá a caminhar, aprenderá o que é um caminho errado. Isso também é bom, pois a exclusão será útil. Você andará por um caminho e descobrirá o que está errado. Andará por outro caminho e descobrirá o que está errado. Desse modo, sabendo o que está errado, você chegará a compreender o que está certo.
Seja corajoso e busque o seu caminho. Jamais imite o caminho de alguém. A imitação não o levará à liberdade. Não se trata de seguir um caminho ou outro; trata-se de buscar. Seja um buscador e não um seguidor. E conheça bem a diferença.
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