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quinta-feira, 4 de junho de 2020

VOCÊ ESTÁ SATISFEITO
DO MODO COMO AMA ?
 
Amor cego: não ver a pessoa como ela realmente é
"As vezes abrir os olhos pode ser
a coisa mais dolorosa que você tem que fazer".
 
Certa vez li, não lembro o autor nem tampouco o título do livro, sobre um diálogo entre duas pessoas enamoradas, no qual o personagem masculino falava: "Você está sugerindo que eu me vá, mas para onde vou é muito distante, talvez nem retorne; creio que não me ama, está querendo afastar-me de sua vida". O personagem feminino, que a meu ver, parecia ser bem mais experiente, respondeu-lhe: "Eu o amo,  mas  procuro viver na unicidade, mesmo que me custe afastá-lo de mim. Que adianta você permanecer aqui, se tantas dúvidas o perseguem; não seria recomendável voltar e resolver aquilo que o incomoda?"

Olhamos para os fatos da vida através da nossa ótica pessoal, ou seja, através da nossa experiência, dos nossos sentimentos, dos nossos conceitos, da nossa religião... é uma lente muito espessa e nos impede de compreender corretamente as circunstâncias da vida e os sentimentos de cada um. 

Anthony de Mello nos presenteou com um grande legado sobre a vida. Cito aqui algo relacionado com o assunto em desenvolvimento, que encontrei no site https://tudopositivo.wordpress.com: "Somos capazes de ser livres da dependência. É o que os místicos nos disseram. Porém, não estou declarando que o “eu”, o eu condicionado, não retorne às vezes aos seus padrões habituais, pois assim fomos condicionados. Mas surge a questão de saber se é concebível viver uma vida em que alguém está sozinho, mas que não dependa emocionalmente de ninguém. Todos nós dependemos uns dos outros para todos os tipos de coisas, não ? Dependemos do açougueiro, do padeiro… Isso está bem! Organizamos uma sociedade desta maneira e atribuímos diferentes funções a pessoas diferentes para o bem-estar de todos, para que possamos funcionar melhor e viver de forma mais eficaz – pelo menos esperamos que sim. Mas dependendo psicologicamente de outra pessoa – o que isso implica? Isso significa depender de outro ser humano para minha felicidade. Pense nisso. Esteja ciente disso ou não; mas se não estiver estará exigindo que os outros contribuam para a sua felicidade; então haverá outro aspecto: medo, medo de perder, medo de ser alienado, medo de ser rejeitado, controle mútuo. O amor perfeito expulsa o medo. Onde há amor não há exigências, não há expectativas, não há dependência. Eu não exijo que você me faça feliz; Minha felicidade não está em você. Se você me deixasse, eu não sentiria pena de mim mesmo; gosto muito da sua companhia, mas não me apego. Eu desfruto sem me apegar. O que eu realmente gosto não é você; É algo maior que você e eu. É algo que descobri, uma espécie de sinfonia, uma espécie de orquestra que toca uma melodia em sua presença, mas quando você sai a orquestra não para. E quando me encontro com outra pessoa a orquestra interpreta outra melodia, que também é agradável. E quando estou só a melodia continua; tem um ótimo repertório e nunca para de tocar. Isso é o despertar... Ele, o amor, sempre esteve lá, diretamente à nossa frente nas escrituras, embora nunca quiséssemos vê-lo porque estávamos imersos no que nossa cultura chama de amor, com suas canções e poemas de amor; isso não é amor, é o oposto do amor. Isso é desejo, controle e posse. Isso é manipulação, medo e ansiedade; isso não é amor. Disseram-nos que a felicidade é uma pele macia, um lugar para férias. Não são essas coisas, mas temos maneiras sutis de fazer com que nossa felicidade dependa dessas coisas, tanto dentro quanto fora de nós. Dizemos: “Recuso-me a ser feliz até que minha neurose desapareça”. Tenho boas notícias: você pode ser feliz agora com neurose. Você quer notícias ainda melhores? Há apenas uma razão pela qual você não está experimentando o que na Índia chamamos de anand: felicidade. Há apenas uma razão pela qual você não está feliz neste momento: porque está pensando ou se concentrando no que não tem. Caso contrário ficaria feliz. Você está se concentrando no que você não tem. Mas agora você tem tudo que precisa para ser feliz. Jesus falou do bom senso com os leigos, com os famintos, com os pobres; Ele estava dando boas notícias: aceite, é seu. Mas quem escuta? Ninguém está interessado; as pessoas preferem permanecer dormindo. (Anthony de Mello, texto extraído do livro “Desperta”)
 
É muito importante analisarmos como amamos porque uma linha tênue intercala-se entre amor e paixão e a paixão é sedenta, cega, egoísta. "Creio que não me ama, está querendo afastar-me de sua vida". É dessa forma que a maioria ama, "Isso é desejo, controle e posse. Isso é manipulação, medo e ansiedade; isso não é amor". O amor é a doce melodia da compreensão, da harmonia, da incondicionalidade. "Eu o amo,  mas  procuro viver na unicidade, mesmo que me custe afastá-lo de mim". 
 
Osho escancara uma porta onde podemos observar dois horizontes: “Se houver paixão no amor, o amor se tornará o inferno. Se existir apego no amor, o amor será uma prisão. Se o amor não tiver paixão ele se tornará o paraíso. Se o amor não tiver apego então o amor, em si mesmo é divino. O amor tem feito pessoas caírem e também tem feito pessoas elevarem-se. Depende do que você tem feito com o amor. O amor é um fenômeno muito misterioso. É uma porta, de um lado está o sofrimento, do outro lado está o êxtase; de um lado está o inferno, do outro lado o paraíso; de um lado o sansara, a roda da vida e da morte, do outro lado está a libertação. O amor é uma porta.” Qual desses horizontes será o nosso foco?
 
https://pierrechristoph.blogspot.com

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