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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

NEM APEGO 
NEM AVERSÃO


Nossas percepções são coloridas por delírios da mesma maneira que a visão de uma pessoa com icterícia é colorida pela bílis em seus olhos, fazendo-o ver uma concha branca como amarela. É o apego que faz a mente projetar suas ilusões nas aparências. Assim que a mente percebe alguma coisa ela se apega a essa percepção; então, avalia o objeto como desejável, ofensivo ou neutro; finalmente, agindo com base nessa percepção distorcida com desejo, aversão ou indiferença, ela acumula carma. Quando algum dos seus órgãos dos sentidos encontra um objeto, ele inicia o processo da percepção em sua consciência. A partir daí, à medida que sua mente reage ao objeto influenciada por todos os seus hábitos acumulados e experiências passadas, todo o processo é inteiramente subjetivo. Logo, quando sua mente está cheia de raiva, o mundo inteiro parece ser um reino infernal. Quando sua mente é pacífica, livre de qualquer apego ou fixação e o que você faz é de acordo com os ensinamentos, você experimenta tudo como primordialmente puro. Enquanto um Buda vê os infernos como um paraíso, os seres iludidos veem o paraíso como os infernos. (Dilgo Khyentse Rinpoche)


Se você ferir os sentimentos de alguém, ambos criarão carma negativo. Seres de carma inferior almejam a grandeza e a vaidade deste mundo e agem sem levar em conta a maturação cármica. A infelicidade futura se estenderá por mais tempo que a atual, por isso sinta amor maternal por todos os seres. Faça-se acompanhar sempre pela mente desperta da boditchita. Não considere nenhum ser senciente como inimigo; fazê-lo é somente delusão da mente. É inteiramente possível que você sinta apego ou aversão por certos objetos sensoriais. Abonde essa atitude. Quando sentir apego por algo atraente ou aversão por algo repugnante, compreenda-o como sendo uma delusão da mente, nada além de uma ilusão mágica. (Padmasambhava)


Quando os boddhisattvas praticaram no passado, fizeram três votos a fim de enfrentar os três venenos da mente: Praticaram a disciplina a cada momento: para enfrentar o veneno do desejo, fizeram o voto de romper com todas as maldades. Praticaram a concentração a cada momento: para enfrentar o veneno da aversão, fizeram o voto de praticar somente coisas boas. Praticaram a sabedoria a cada momento: para enfrentar o veneno da ignorância, fizeram o voto de libertar todos os seres. (Bodhidharma)


Uma pessoa liberta nem se prende ao mundo e nem sente aversão a ele. Ambos, apego e aversão, são cordas que nos amarram. Uma pessoa livre transcende a ambos a fim de viver em paz e liberdade. (Buda)


Deixar que as coisas sigam seu fluxo produz infinita virtude e mérito. Primeiro, todo tipo de sofrimento se esvai. Depois, hábitos que vêm sendo mantidos há eons pelas afinidades cármicas serão dissolvidos. E ainda, os apegos e ilusões que ocupam a mente desaparecerão gradualmente, não havendo mais nada a descartar ou acrescentar. Nesse momento o seu self original será revelado. (Daehaeng Sunim)


É possível viver na vida sabendo que é ilusão e ainda assim usufruir da vida? Sim e muito mais porque a alegria da vida deixa de estar cheia dos sofrimentos inerentes aos apegos. Não é a vida em si que produz sofrimento. Quem produz sofrimento é nosso apego à permanência na vida, porque desejamos estabilidade, porque desejamos nos agarrar às coisas da vida. Elas são muito fortes. Nossos filhos, nossos amores, nossa casa, colocamos apego nessas coisas e elas são impermanentes, então obrigatoriamente teremos sofrimento, mas nós podemos ter profundo amor sem apego, sabendo que é transitório, impermanente e ilusório. Que é um sonho maravilhoso que estamos vivendo, mas que não tem solidez, então é perfeitamente possível usufruir e viver, e ao mesmo tempo ter uma mente livre. Ter conquistado a liberdade. Não vai haver apego, ódio, ilusão. Não vão haver as três coisas que produzem o sofrimento: o apegar-se, o ter aversão e a ilusão. (Monge Genshô)
 
 https://obudaemmim.blogspot.com 
 
  

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