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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

MOMENTOS DE REFLEXÕES 


Pensamentos Místicos de Khalil Gibran

A generosidade não está em me dares aquilo que eu preciso mais do que tu; mas em me dares aquilo que precisas mais do que eu.

Quando um de nós ama, que não diga: "Deus está em meu Coração". Mas que diga antes: "Eu estou no Coração de Deus".

Sereis, na verdade, livres, não quando vossos dias estiverem sem preocupação e vossas noites sem necessidades e sem aflição; mas, antes, quando essas coisas sobrecarregarem vossa vida e, entretanto, conseguirdes elevar-vos acima delas, desnudos e desatados.

Tudo que tem existência existe dentro do homem, e tudo que está dentro do homem existe em existência. Não há fronteiras entre longe e perto, baixo e alto, grande e pequeno. Tudo é uno.

Somos todos prisioneiros, mas alguns de nós estão em celas com janelas, e outros sem.

Se eu conhecesse a causa da minha ignorância, seria um sábio.

A beleza é a eternidade a olhar-se ao espelho. Mas vós sois a eternidade e o espelho.

Dizem: se encontrares um escravo adormecido, não o acordes; talvez esteja sonhando com a liberdade. Respondo: se encontrar um escravo adormecido, acordo-o e falo-lhe da liberdade.

Muito antigamente, quando a primeira trepidação da fala me chegou aos lábios, subi a montanha sagrada e conversei com Deus, dizendo: — Senhor, sou vosso escravo. Vossa vontade oculta é minha lei e vou cumpri-la para todo o sempre. Mas Deus não respondeu e passou por mim como uma tempestade violenta.

Mil anos depois, voltei a subir a montanha sagrada e falei de novo com Deus, dizendo: — Criador, sou vossa criatura. Com barro me fizestes e a vós devo tudo o que sou. Mas Deus não me respondeu e passou por mim como mil asas velozes.

Depois de mil anos, subi a montanha sagrada e falei de novo com Deus: — Pai, sou vosso filho. Com amor e compaixão me destes a vida e com amor e adoração vou herdar vosso reino. Mas Deus não me respondeu e passou por mim como os véus da neblina das montanhas distantes.

Passados outros mil anos, subi a montanha sagrada e me dirigi ao Criador de novo, dizendo: — Meu Deus, meu alvo e minha plenitude, sou vosso ontem e vós sois meu amanhã. Sou vossa raiz na Terra e voz sois minha flor no Céu, e juntos crescemos diante da face do sol. Então Deus se inclinou para mim e sussurrou em meus ouvidos palavras doces e, como o mar que abraça um riacho que nele deságua, Ele me abraçou. E, quando desci para os vales e as planícies, Deus também estava lá.

Fui eu realmente quem falou? Não era eu também um ouvinte?

Pudésseis viver do perfume da Terra e, como uma planta, nutrir-vos de luz!

A visão do homem não empresta suas asas a outro homem. E assim como cada um de vós se mantém só no conhecimento de Deus, assim cada um de vós deve ter sua própria compreensão de Deus e sua própria interpretação das coisas da Terra.

Deixem que haja guerras; deixem os filhos da Terra lutarem uns contra os outros até que se derrame a última gota de sangue impuro e animal. Por que razão deveria o homem falar em paz quando há tanto mal-estar em seu organismo, que precisa sair, de um modo ou de outro?

Não siga ninguém nem acredite em coisa nenhuma a não ser em sua própria imortalidade.

Deus repousa na Razão... Deus age na Paixão... E já que sois um sopro na esfera de Deus e uma folha na floresta de Deus, também devereis descansar na razão e agir na paixão.

Acreditar é uma coisa; viver conforme o que se acredita é outra. Muitos falam como o mar, mas vivem como os pântanos. Muitos levantam a cabeça acima dos montes; mas sua alma jaz nas trevas das cavernas.

Os endinheirados pensam que o Sol, a Lua e as estrelas se levantam dos seus cofres e se deitam nos seus bolsos. Os políticos enchem os olhos do povo com poeira dourada e seus ouvidos com falsas promessas. Os sacerdotes aconselham os outros, mas não aconselham a si mesmos, e exigem dos outros o que não exigem de si mesmos.

Os vossos Corações conhecem, no Silêncio, os segredos dos dias e das noites.

O Eu [Interior] é um mar sem limites e sem medida.

É também só e sem ninho que a águia voará rumo ao Sol.

O pensamento é uma ave do espaço que, numa gaiola de palavras, pode abrir as asas, mas não pode voar.

Há entre vós aqueles que procuram os faladores por medo da solidão. A quietude da solidão revela-lhes seu Eu desnudo, e eles preferem escapar-lhe. E há aqueles que falam e, sem o saber ou prever, traem uma verdade que eles próprios não compreendem. E há aqueles que possuem a verdade dentro de si, mas não a expressam em palavras. No íntimo de tais pessoas o Espírito habita num silêncio rítmico.

És livre na luz do Sol e livre ante a estrela da noite. E és livre quando não há Sol, nem Lua ou estrelas. Inclusive, és livre quando fechas os olhos a tudo que existe. Porém, és escravo de quem amas pelo fato mesmo de amá-lo. E és escravo de quem te ama, pelo fato mesmo de deixares te amar.

Sete vezes desprezei minha alma: Quando a vi se disfarçar com a humildade para alcançar a grandeza; quando a vi coxear na presença dos coxos; quando lhe deram a escolher entre o fácil e o difícil, e escolheu o fácil; quando cometeu um mal e consolou-se com a ideia de que outros cometem o mal também; quando aceitou a humilhação por covardia e atribuiu sua paciência à fortaleza; quando desprezou a fealdade de uma face que não era, na realidade, senão uma de suas próprias máscaras; e quando considerou uma virtude elogiar e glorificar.

Meu caminho não é o teu caminho. Contudo, juntos, marchamos de mãos dadas.


http://paxprofundis.org 
 

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