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terça-feira, 24 de setembro de 2019

SOBRE A ATRAÇÃO

Primeira Parte
  


- Intervenção da Estrela ATRAÇÃO -
MÃE - Companheira de Sri Aurobindo


(...) A Atração é o que permite sair da Ilusão e entrar na Verdade. Isso necessita, de minha parte, inicialmente, esclarecimentos quanto às definições dessas palavras. A Verdade que eu falo não é a verdade de cada um porque, de fato, cada um tem sua própria verdade, que não é a verdade do outro. Eu falo, evidentemente, da Verdade absoluta, aquela da Luz e de suas qualidades. As qualidades da Luz sendo a Transparência, a Humildade, a Simplicidade e a Inteligência. A Inteligência não tendo nada a ver com a inteligência humana.

A Atração que eu quero lhes falar é bem diferente da sedução ou do ímpeto. A Atração que eu quero lhes falar conduz à Intenção e à Atenção de Luz e de Verdade absoluta. A Verdade absoluta está ligada às qualidades intrínsecas da Luz, do Amor e nada tem a ver com sua verdade pessoal, a verdade de cada um ou o que pode ser conhecido quanto ao Amor e à Luz, ou percebido quanto ao Amor e à Luz.

A Atração que eu falo é aquela do Coração, diretamente reconectada à visão do Coração, ao Fogo do Coração, vindo romper o Fogo Luciferiano, o Fogo do desejo.

Esta Atração não é uma ação.
Esta Atração aproxima-se do que é denominado Ahimsa, ou seja, o ‘não desejo’.
O não desejo não é esconder seus desejos.
O não desejo não é um desejo constrangido.
O não desejo é um ‘estado’ diretamente religado à Visão do Coração permitindo estabelecer-se na Unidade, na Profundez e permitindo superar a verdade pessoal e a ilusão pessoal.

A ilusão pessoal é constituída pela ilusão da personalidade, pela ilusão do Eu, pela ilusão dos ímpetos, desejos existentes em toda vida humana, desde sua presença sobre esse mundo.
Esse mundo é Ilusão, Maya. Ele é conduzido pelo desejo existindo em meio ao eixo desviado ATRAÇÃO-VISÃO. Este círculo vicioso, este confinamento, como vocês o sabem, está rompido. O encanto rompeu-se para alguns que descobriram a Dimensão de Eternidade, denominada Estado de Ser, Fogo do Coração, Fogo do Espírito.

A Atração que eu falo é então um estado de não desejo, para não confundir com o desejo do ego, com o ímpeto do ego, com a sedução do ego. O não desejo é um estado de não espera, é um estado de vacuidade onde a Luz pode agir, onde se revela então o Fogo do Espírito (pela Inteligência, pela Humildade, pela Simplicidade) que vem substituir, eu diria, todas as mãos, as ações da personalidade.

O Fogo do Coração, qualquer que seja seu lado ardente, vem pôr fim ao Samsara, à ilusão e ao Ahimsa, o desejo. Neste estado predomina o que é denominado a Alegria, o Samadhi, a Paz. É um estado de plenitude, chamado também de completitude, onde mais nada pode ser desejado no exterior de si. A Realização do Si não tem que agir e, no entanto, ela é ação. A Realização do Si não tem que desejar. Ela entra na Atração inelutável da Luz para aquele que vive a Humildade, a Simplicidade e a Inteligência.

A Ilusão está ligada ao desejo, à falsificação da ATRAÇÃO-VISÃO tendo substituído o eixo AL-OD, tendo criado, literalmente, a personalidade aprisionada, cortada, separada da FONTE e do estado de Plenitude. A personalidade é, e será sempre, marcada, por esse princípio de confinamento, pela não satisfação dos desejos reproduzindo-se ao infinito, quaisquer que sejam esses desejos. Eu digo sim quaisquer que sejam esses desejos. Que esse desejo se exprima ao nível de inclinações denominadas inferiores (como as drogas, como o álcool, como a sexualidade de tipo animal), como os desejos os mais elevados (espirituais, entre outros, esotéricos, se vocês preferem).

Muitos mestres, entre os quais SRI AUROBINDO, teriam falado: o estado de não desejo é indispensável para a realização do Ser. Esclarecer os desejos, podar os desejos, não conduzir ao não desejo, mas permitir acelerar o processo de não desejo manifestando-se em meio ao Fogo do Coração. O não desejo é o estado em que predomina a Atração pura da Luz, não enquanto busca exterior, não enquanto conceito, não mais enquanto percepção, mas enquanto estado de Plenitude acompanhando-se, ao nível da Consciência, de um sentimento de vacuidade, permitindo o estabelecimento, por esta vacuidade, do estado de Sat Chit Ananda.

A Atração, quando ela rompe o círculo vicioso da Ilusão e dos desejos vai permitir redirecionar o Eixo e ajustar a Cruz da Redenção. Isso passa, é claro, por uma Virtude essencial, mas não suficiente denominada Aqui e Agora porque o desejo é sempre procedente de uma insatisfação ou de uma necessidade de satisfação e então, de alguma forma, de uma projeção da consciência fora do tempo presente, fora do instante. Não pode ser encontrado não desejo em qualquer projeção, em um futuro ou em um passado. Visto que o passado é o impulso do desejo e o futuro é a projeção do desejo para sua realização. Ahimsa, não desejo, necessita já um esforço no Aqui e Agora. Não um esforço do Aqui e Agora na meditação, mas o Aqui e Agora presente a cada instante.

Este estado de Presença a si mesmo, no Aqui e Agora, é uma das condições prévias ao desaparecimento do desejo e não do seu controle, ou seja, ao aparecimento da Atração final à Luz, não sendo mais um desejo, mas realmente, como o disse minha Irmã Hildegarda, uma tensão para o Abandono. Esta tensão para o Abandono reenvia à Repulsão da Ilusão.

Vocês não podem fazer desaparecer a ilusão da encarnação por um desejo.Vocês não podem fazer desaparecer a ilusão da encarnação pela morte já que há reencarnação. A única maneira de fazer desaparecer a ilusão da encarnação é justamente estar Presente nesta encarnação e não mais estar Presente nem no passado, nem no futuro. É, de certa forma, parar o tempo. Parar o tempo conduz ao Ahimsa, o não desejo.

O não desejo coloca-os em Vacuidade, esvazia-os do que não está no instante presente, de suas próprias emoções, de suas próprias seduções, de sua própria verdade, mais frequentemente não oriunda de suas experiências, mas unicamente de crenças e de condicionamentos. A crença e o condicionamento encontram sua origem em seu passado, denominado educação ou mesmo experiências passadas de sua vida, e se traduzem por uma adesão afastando-os do instante presente. O instante presente não é jamais referência em relação a uma experiência passada e ainda menos em relação a um resultado futuro.

O não desejo começa a aparecer paralelamente à Visão do Coração. A Vacuidade permite a instalação, como o dizia SRI AUROBINDO, a descida do Supramental na cabeça e agora, desde a liberação do Sol, diretamente no Coração. O Coração é um estado do Ser além da personalidade, o que quer dizer que a personalidade não permitirá jamais viver o não desejo e o Coração. A personalidade não é a ferramenta que conduz ao Coração. Ela é o obstáculo. O corpo físico é o receptáculo e o templo da Luz, qualquer que seja sua ilusão, porque seu Espírito está confinado nesse Corpo como no Sol. Silenciar a personalidade não pode se obter pelo constrangimento, porque o que se opõe, reforça. É uma lei geral em meio à dualidade.

O Espírito é livre. O Espírito é a Vacuidade. O Espírito é a Supraconsciência. A instalação do Aqui e Agora permite se aproximar do redirecionamento do eixo Atração-Visão falsificado e de substituí-lo pelo AL-OD, o Caminho, a Verdade e a Vida, o Alfa e o Ômega. É uma condição prévia, permitindo, pouco a pouco ou brutalmente, fazer cessar a ilusão do Eu e de qualquer desejo. Quando a Consciência está centrada no instante, integralmente, nenhum desejo, nenhuma projeção, nenhum medo pode se manifestar. Isso se denomina ‘entrar no Presente’, que é a etapa anterior à Paz e ao Samadhi.

Sair de sua Verdade é sair das personalidades múltiplas do Ser, das crenças múltiplas, dos condicionamentos múltiplos do Ser e então das verdades oriundas não da experiência, mas das crenças. O instante presente não tem que fazer suas verdades, como o instante presente não tem que fazer sua personalidade. Não é jamais a personalidade que os conduzirá a viver o não desejo porque a personalidade é o corpo de desejo, denominado corpo astral e corpo mental.

Existe uma barreira intransponível, denominada corpo causal, aí onde se inscreve a lei de karma pertencendo à Ilusão e à Verdade desse mundo, mas certamente não do Espírito. É preciso superar esses diferentes estratos ou essas diferentes camadas, que eu denomino ‘personalidades múltiplas’, para instalarem-se no Presente. O Presente não é somente um estado de meditação ou de Vacuidade. A Vacuidade resulta do instante presente. Não é porque vocês esvaziam seus pensamentos, suas emoções, seu passado, suas projeções no futuro que a Atração nasce. É uma primeira etapa, mas ela não é suficiente. A etapa essencial não acontece nesses estados Interiores e nesses espaços Interiores, mas acontece, definitivamente, na ‘conduta’ de sua vida exterior.

Sair da Ilusão é já não mais se mentir porque a partir do momento em que vocês não mentem mais a vocês mesmos, não podem mentir aos outros. O que significa não se mentir? Isso significa ver-se claramente enquanto personalidade portadora de certo número de verdades que não são a Verdade, mas que são as adesões procedentes de crenças, procedentes de feridas, procedentes de condicionamentos, procedentes, de maneira geral de seu passado. Dito ainda de outra forma, vocês não são seu futuro. Vocês são a ilusão desse passado, a ilusão desse futuro, dando-lhes a ilusão de suas próprias verdades. Desiludir-se é ver-se claramente. Os motores são: a Humildade e a Simplicidade.

Aceitar ver-se sem julgamento, sem culpabilidade, com alegria e leveza porque a leveza são as primícias da Alegria. A personalidade não pode conhecer qualquer alegria, ela apenas pode conhecer a satisfação de um desejo oriundo de uma projeção ou de uma crença. A origem da Alegria autêntica denominada Samadhi consiste já em sair de suas próprias ilusões com relação às suas próprias verdades. Esse é um mecanismo de transcendência da Verdade, de aceitação de que o conjunto do que vocês são não é o que vocês creem, procedente de um passado, procedente de uma pessoa, procedente de um papel, de uma função ou de um fazer.

É preciso, de algum modo, persuadir vocês mesmo de que vocês não são nada disso. É aliviarem-se do peso de todas as crenças relativas ao que vocês são, relativas ao mundo, relativas às aparências desse mundo, para penetrar A Verdade. Naquele momento, vocês aceitam lamentar suas próprias verdades e sua própria ilusão. Vocês começam a desprender-se de seu corpo de desejo, de seu corpo de projeção mental, para dar lugar à instalação da Vacuidade preenchendo-os de Luz, nesta Atração à Luz, nesta tensão para o Abandono que é uma forma de Repulsão de tudo o que não é a Luz, ou seja, de tudo o que é esse mundo, mantendo-se nesse mundo porque seu Corpo ali está e porque ele é o templo onde se constrói o Ilimitado.

Esta construção está presente, por toda eternidade, apesar da falsificação. Há apenas um falta de conhecimento do Ser. Os fatores os mais importantes desta ignorância do Ser são as próprias adesões do Ser, ele mesmo, às suas próprias ilusões e às suas próprias verdades, existindo apenas o tempo da crença, fazendo-os passar de um marido a outro marido, de uma religião a outra religião, de uma situação a outra situação, de uma emoção a outra emoção.

O não desejo é anterior à instalação da Paz depois da Alegria. Enquanto existe o menor desejo, vocês ficam submissos ao fogo Prometéico da Ilusão, Fogo Luciferiano. E vocês basculam da Atração à Repulsão, em amor, em sentimentos, em ações. Viver a Atração da Luz é sair da ilusão da luz, é aceitar que tudo o que lhes é dado a ver, tudo o que lhes é dado a perceber nesse mundo, não é a Luz. É também colocar como aceitação, e não como crença, com relação à Ilusão desse mundo, sem, contudo, rejeitar a Vida. Pelo contrário, é encontrar a Vida.

Sair de sua própria ilusão, sair de suas próprias verdades conduz ao fim da Ilusão e à instalação da Verdade da qual os pilares, eu lembro a vocês, são: a Humildade, a Simplicidade e Aqui e Agora. Naquele momento, e devido à chegada dos três constituintes da Luz, Verídica, Vibral, então, naquele momento, e unicamente naquele momento, qualquer que seja o apelo que vocês tenham vivenciado, da Luz (cuja testemunha é a Coroa Radiante da cabeça), vocês poderão instalar-se no não desejo, na Paz e na Alegria. Naquele momento, e somente naquele momento, vocês poderão sair totalmente de suas ilusões e de suas verdades, porque vocês irão se tornar a Verdade enquanto Filho Ardente do Sol Ki-Ris-Ti. Isso requer certo número de perdas ou, se vocês preferem, de desilusões de vocês mesmo, da conduta de sua vida, da conduta de suas relações, da conduta de seus apegos, de suas ligações e de seus confinamentos.

Estar lúcido, sem culpabilidade, porque viver o não desejo é Alegria e Leveza e não constrangimento e peso, porque não é a personalidade que decide, são vocês que decidem se colocar como observador de sua própria personalidade. Naquele momento, vocês estão conscientes de que quando há um desejo ou uma emoção, vocês constatam que não são este desejo, que vocês não são esta emoção. Há então um distanciamento indispensável e anterior ao que se manifesta sua personalidade, permitindo-lhes apreender de que vocês não são isso.

Tudo isso representa etapas indispensáveis ao estabelecimento do Fogo do Coração. Dito em termos mais simples, isso pode se denominar o Abandono à Luz, hoje desenvolvido pela revelação e pelo desvendamento das doze Estrelas, permitindo-lhes, de maneira muito mais ativa e passiva, penetrar o Fogo do Coração. Não há nada a desejar que não esteja já, com relação ao Estado de Ser. Não há nada a desejar para um futuro, porque tudo se vive no instante presente.

O tempo, como muitos de vocês disseram, é uma ilusão total, ao qual a crença deu corpo, tornando ainda esse corpo envelhecido e morto, mas de fato a Consciência não morre jamais, mesmo em seu confinamento. O problema é sua identificação ao seu confinamento e então ao peso, e então ao desejo, qualquer que seja este desejo. O estabelecimento da Atração à Luz e então da Repulsão de tudo o que não é a Luz, ainda uma vez, não é uma negação da Vida, mas, pelo contrário, uma aceitação total e integral da Vida, em todos seus constituintes, na condição de não ali se identificar, de recusar qualquer identificação ao que é ilusório, efêmero e não eterno. Naquele momento, vocês estarão prontos para viver o abrasamento do Coração. A Ilusão Luciferiana, Prometéica, o corpo de desejo, o corpo de projeção, o corpo causal serão queimados pelo Fogo do Espírito, mantendo-se esse corpo, no momento. O corpo terá sido, portanto, o receptáculo físico da manifestação do Espírito, da Eternidade.

Isso é especialmente facilitado, como eu disse, pela liberação do Sol, mas também pela fusão dos Éteres, em curso atualmente. O mês de maio será certamente o mês mais propício para viver e realizar isso.

Distanciando-se do ilusório e do efêmero, distanciando-se de sua personalidade e de seus próprios desejos, de suas próprias ilusões e de suas próprias verdades, então, vocês poderão sair da Ilusão e entrar na Verdade, e se beneficiar quanto aos seus efeitos. Quais são esses efeitos? Eu os desenvolvi: não desejo, Paz, Alegria, completude e plenitude.

Isso lhes permitirá desidentificar-se totalmente de sua própria personalidade, mantendo a Alegria e a vida desta personalidade, nos tempos que restam a transcorrer em meio a esse mundo.

Hoje há muito, nesse mundo, menção de “Eu sou”. “Eu sou” não é o Si. “Eu sou” é uma afirmação da personalidade. Viver o Si é justamente o inverso de “Eu sou”. Ou então: “eu sou aquele que eu sou”, distanciando-se do “eu sou”. O “eu sou” ou “I am” não tem nada a ver com a Presença da Eternidade.

É a presença do ego colocada em seu paroxismo. Viver a Verdade da Luz poderia ser eventualmente: “eu não sou” ou “eu não sou nada”, o que não é realmente a mesma coisa. O Si não pode se afirmar enquanto “eu sou”. O Si vive-se pela Paz, pelo não desejo e pela Alegria e não por qualquer decreto ou por qualquer proclamação de um estado ilusório.

Muitos ensinamentos, hoje, visam utilizar o Supramental em benefício do ego. Nesses tempos finais em que SRI AUROBINDO disse, ‘haverá muitos chamados e poucos escolhidos’, é importante estabelecer os fundamentos da Verdade, não para denunciar a Ilusão, mas sim para elevar-se além desta Ilusão, não para negá-la, mas para superá-la, o que não é a mesma coisa.

Atualmente a passagem do Fogo em suas Lareiras, o aparecimento do Fogo sobre a Terra e em seu Céu, representados pelas irradiações gama, vão induzir um despertar profundo do Fogo do Espírito, ao qual irá se opor o Fogo Prometéico ou Fogo ‘por atrito’, refletindo-se, sobre a Terra, por comportamentos diametralmente opostos. Aquele do ego é da ordem da reivindicação. Reivindicação da liberação, reivindicação do “eu sou”, reivindicação da própria liberação, mas não liberação, porque apego. E, de outro lado, o Fogo do Espírito, transcendência e imanência, não desejo, Alegria. Não há duas maneiras de sair da Ilusão, há apenas uma. É isso que eu vim dizer a vocês.

Eis o que eu tinha para desenvolver com relação à Atração e sua localização no triângulo Prometéico redimido, prefigurando sua própria redenção total, seu futuro após o Fogo do Espírito e o Fogo da Terra. Ninguém pode fugir dele mesmo, no que ele crê e no que ele é, em Verdade. É esse trabalho que, de fato, reingressa o não desejo, que se realiza ou não em vocês.


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