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terça-feira, 3 de setembro de 2019

MOMENTOS DE REFLEXÃO


Nem o futuro nem o presente existem. Nem se pode dizer que os tempos são três: passado, presente e futuro.Talvez fosse melhor dizer que os tempos são: o presente do passado; o presente do presente; o presente do futuro. E estes estão na alma; não os vejo alhures. O presente do passado é a memória, o presente do presente é a percepção, o presente do futuro é a expectativa.

Diante de Deus, está sempre a descoberto o abismo da consciência humana: que poderia haver de oculto em mim para Deus, por mais que eu não quisesse dizer a verdade? Conseguiria apenas ocultar Deus aos meus olhos, mas não poderia ocultar-me dos seus.

Não somos nós que transformamos Jesus Cristo em nós, como fazemos com os outros alimentos que tomamos, mas é Jesus Cristo que nos transforma nele. Sendo Deus onipotente, não pôde dar mais; sendo sapientíssimo, não soube dar mais; e sendo riquíssimo, não teve mais o que dar.

A eternidade, assim, não é tempo infinitamente prolongado, mas uma existência sem nenhum limite, ao contrário de, por exemplo, a existência humana que é uma distensão, cujas fronteiras são o nascimento e a morte. 

É impróprio afirmar que os tempos são três: pretérito, presente e futuro. Mas talvez fosse próprio dizer que os tempos são três: presente das coisas passadas, presente das presentes, presente das futuras. Existem, pois, estes três tempos na minha mente que não vejo em outra parte: lembrança presente das coisas passadas, visão presente das coisas presentes e esperança presente das coisas futuras.

Porque a verdade gera o ódio? Por que é que os homens têm como inimigo aquele que prega a verdade, se amam a vida feliz, que não é mais que a alegria vinda da verdade (gaudium de veritate)? Talvez por amarem de tal modo a verdade que todos os que amam outra coisa querem que o que amam sejam verdade. Como não querem ser enganados, não se querem convencer de que estão no erro. Assim, odeiam a verdade, por causa daquilo que amam em vez da verdade. Amam-na quando os ilumina, e odeiam-na quando os repreende.

Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: 'Buscai sempre a sua face'.

Santo Agostinho, certa vez, escreveu sobre quando foi para o deserto fazer um retiro de silêncio e foi acometido por todo tipo de visão - tanto demônios quanto anjos. Disse que em sua solidão, algumas vezes encontrava demônios que pareciam anjos, e outras vezes encontrou anjos que pareciam demônios. Quando lhe perguntaram como ele sabia a diferença, o santo respondeu que só se pode dizer quem é quem com base na sensação que se tem depois que a criatura foi embora. Se você ficar arrasado, disse ele, então foi um demônio que veio visitá-lo. Se você se sentir mais leve, foi um anjo.

Nossa vida desceu para esta terra e levou embora a morte, matou a morte com a abundância da vida: e Ele reclamou chamando-nos para voltar para Ele, para aquele local secreto do qual Ele viera direto para nós - primeiro no útero da Virgem, no qual a humanidade uniu-se a Ele, nossa carne mortal, nem sempre destinada a ser mortal. Ele não tardou, mas apressou-se, chamando-nos por sua morte e sua vida, por sua vinda e sua ascensão, para voltarmos a Ele. E Ele retirou-se de nossa visão para que pudéssemos voltar ao nosso próprio coração e encontrá-lo. Como Ele se afastou, ainda está próximo. Ele não está conosco e nunca nos deixou.

Ama e faz o que quiseres! Se calares, cala por amor; se falares, fala por amor. Se corrigires, corrige por amor; se perdoares, perdoa por amor... Coloca no fundo do coração essa raiz de amor. Dessa raiz de amor só pode nascer o bem. Dentro do amor não há erro, não há injustiça, não há ódio. Não há ressentimentos guardados. Dentro do amor só há encontro, perdão e verdade.

Morte ao erro, amor ao que erra.

O supérfluo dos ricos é propriedade dos pobres.

O orgulho é a fonte de todas as fraquezas, porque é a fonte de todos os vícios.
 
Com o amor ao próximo, o pobre é rico; sem este amor, o rico é pobre.

Uma coisa é um grande discurso, outra coisa é um grande amor.

Quem não reza, não é humano.

Falar com Deus é mais importante do que falar de Deus.

Quem sabe rezar bem sabe viver.
 
Que morte pior há para a alma, do que a liberdade do erro?
 
A certeza dada pela luz divina é maior do que é dada pela luz da razão natural.

Se o compreendesses, Ele não seria Deus.

 A medida do amor é amar sem medida.

As lágrimas são o sangue da alma.

Santo Agostinho
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