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domingo, 8 de setembro de 2019

QUANDO NÃO HÁ EU 
AS COISAS SÃO O QUE SÃO


Você deixa a vida ser vivida 

Quando vagarosamente removemos a palavra “eu, meu, a mim” das nossas propriedades, prédios, roupas, sociedade, congregação, país, religião, do nosso corpo, da nossa personalidade, o resultado é libertação, liberdade.

Quando não há eu, as coisas são o que são. Você deixa a vida ser vida. Perceba que tudo é passageiro, insatisfatório e vazio de eu.

Paradoxalmente, esta é a fórmula secreta para um deleite contínuo. Jesus percebeu isto. “Quem é minha mãe, meu irmão, minha irmã? Não os tenho”. Existe ali uma mulher, porém minha mãe é um conceito em minha mente. Relacionamentos são uma função, projeção da mente.

Ninguém quer enxergar isto, logo todos são loucos, malucos. Estão vivendo em um mundo por eles criado, dando origem tanto ao sofrimento como às emoções, constantemente procurando um alívio para a confusão que causam. É como se, após um corte, tentassem se punir com a pena de outro corte. Uma confusão sem fim. Não apenas o “isto é meu”cria problemas, como também o “eu sou isto, e aquilo, e aquilo mais”. A identificação com o “eu”pode causar problemas, por exemplo: “Eu sou bom, eu sou mau, eu sou uma pessoa adorável, eu sou impaciente”. A minha combinação é diferente da sua combinação. As suas projeções da minha pessoa não são iguais a mim. As minhas projeções sobre mim também não o são. Quem você diz que eu sou não é quem eu sou. Nem mesmo eu posso exprimir em palavras quem sou.

Se não existe o ego, não há mal. Se os sikhs não tivessem um ego coletivo não teria havido problemas. Se os goans não tivessem um ego coletivo, não teria havido problemas. O mesmo vale para brasileiros, espanhóis, indianos, para quaisquer nacionalidades e religiões. Todas as convenções, rótulos, limites são inventados em nossa mente.

Cinquenta anos atrás, não havia um ego paquistanês; três séculos atrás, ninguém vivia ou morria por algo chamado ego americano. Dez séculos atrás, não havia um ego muçulmano; vinte séculos atrás, não havia um ego cristão. Tais coisas são convenções não inerentes à realidade ou à vida; não foram criadas na Natureza por Deus; são feitas, definidas, escritas advindo da ideia do homem. As coisas são o que são. O ego é uma criação da mente.

Nossas mentes criam rótulos, aplicam-nos a indivíduos, dizendo que a partir daquele instante este ou aquele grupo são grupos separados. Então pedimos às pessoas que ofereçam suas vidas pela defesa dos rótulos que criamos. Damos a esta defesa um título glorioso, algo como: morrer pela fé; na realidade elas morrem por convenções, por conceitos que não existem na realidade. São prometidas a essas pessoas recompensas invisíveis, como por exemplo: se você morrer pela fé, pelo país, por Deus, terá um reino eterno, apesar de não ser real. Os conceitos são sobrepostos e até a recompensa é conceitual.

É um caminho difícil reaprender a viver a realidade, percebê-la com precisão. Poucos são os escolhidos. A mentalidade massificada, o desejo de ser bem-sucedido e a aprovação das promessas do ego são mais sedutoras e frequentemente mais atraentes do que a vida real. Deus nos ajude!

Anthony de Mello em Quebre o Ídolo
 https://tudopositivo.wordpress.com


Eu não sei se algum de vocês teve um momento de criatividade, não ação – não estou falando de colocar uma coisa em ação – quero dizer aquele momento de criação quando não há reconhecimento. Nesse momento, surge aquele extraordinário estado onde o “eu”, como uma atividade pelo reconhecimento, cessou. Eu acho que alguns de nós tivemos isto, talvez a maioria de nós. Se estivermos conscientes, veremos nesse estado que não existe experimentador que lembra, traduz, reconhece e, então, identifica; não há processo de pensamento que é do tempo. Nesse estado de criação, criatividade, ou nesse estado do novo que é eterno, não existe, absolutamente, ação do “eu”. Nós não temos que buscar a verdade. A verdade não é uma coisa distante. É a verdade da mente, a verdade de suas atividades de momento a momento. Se estivermos atentos a esta verdade momento a momento, a todo este processo de tempo, esta atenção permite que a consciência ou essa energia surja. Enquanto a mente usa a consciência como atividade do ego, o tempo surge com todas as suas misérias, com todos os seus conflitos, com todos os seus enganos, suas vantajosas ilusões; e só quando a mente, compreendendo este processo total, cessa, o amor estará. Você pode chamá-lo de amor ou lhe dar algum outro nome; o nome que você der não tem importância.

J. Krishnamurti
http://legacy.jkrishnamurti.org



– Por que transformo montinhos de terra em montanhas? Osho – Porque o ego não se sente bem, confortável, com montinhos de terra – ele quer montanhas. Mesmo que esteja infeliz, o ego não quer ser vulgarmente infeliz – quer ser extraordinariamente infeliz! Lembre-se de que o ego só pode existir quando ele luta, quando briga... Quanto maior o problema, maior o desafio – e, com o desafio, seu ego aparece, ganha altura. As pessoas criam os problemas. Os problemas não existem.

A preocupação, o problema, a ansiedade, todos simplesmente mostram uma coisa: que você não está vivendo da maneira certa, que sua vida não é ainda uma celebração, uma dança, uma festividade. Por isso existem todos os problemas.

Se você viver, o ego desaparece. A vida não conhece ego, ela só conhece o viver, o viver, o viver. A vida não conhece o eu, não conhece o centro; a vida não conhece separação. Você inspira, a vida entra em você; você expira, você entra na vida; Não há separação; você come e as árvores entram dentro de você através dos seus frutos. Então, um dia você morre, é enterrado na terra e as árvores o sugam para cima e você se torna frutos.(…)

A vida é uma só, ela está em constante movimento. Ela entra em você, ela passa por você; Na verdade, dizer que ela entra em você não é certo, porque fica parecendo que a vida entra em você e depois sai de você. Você não existe – o que existe é esta vida indo e vindo. Você não existe, apenas a vida existe, em suas extraordinárias formas, em sua energia, em seus milhões de encantos; Uma vez que você compreenda isso, deixe que esse entendimento seja sua única lei. E a partir deste momento comece a viver como os budas.
 
Osho em A Jornada de Ser humano
https://tudopositivo.wordpress.com
 

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