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domingo, 26 de maio de 2019

SALTANDO COM PEMA CHÖDRÖN


Como a maioria das pessoas acredita equivocadamente que os problemas exteriores são os seus próprios problemas, elas buscam refúgio em objetos errôneos. Como resultado, o seu sofrimento e os seus problemas nunca acabam.

Fazer pausas bem curtas durante o dia é uma maneira que quase não requer esforço para atingir esse caminho. Por alguns segundos, podemos estar presentes. A meditação é outro modo de treinar o aprendizado da permanência, ou, como um aluno disse com mais perspicácia, aprender a voltar ao momento presente. 

Essa fuga de tudo que é desagradável, esse ciclo contínuo de evitar o presente é uma reação egoísta, um apego exagerado a si mesmo, ou ao ego.

Existem muitas abordagens para discutir o ego, mas, na essência, é o que mencionamos. É a experiência de nunca estar presente. Existe uma tendência arraigada, quase uma compulsão, para desviar a atenção, mesmo quando não estamos conscientemente nos sentindo desconfortáveis. Todas as pessoas sentem-se um pouco ansiosas. Há um pano de fundo de nervosismo, tédio e inquietude. Como relatei, durante o período do meu retiro, quando não havia quase distrações, mesmo assim vivenciei esse profundo desconforto. Segundo a explicação budista, sentimos essa sensação desagradável, porque estamos sempre tentando ter uma estrutura firme e quase nunca conseguimos.

Achamos que encarar nossos demônios trará à lembrança algum acontecimento traumático ou a descoberta de que não temos nenhum valor. Mas, ao contrário, é justamente enfrentando essa sensação desconfortável e inquietante de não ter um lugar para fugir que descobriremos — imagine o quê? — que sobrevivemos e não iremos desmoronar, sentimos um profundo alívio e uma sensação de liberdade.    

Uma maneira de praticar a permanência é fazer uma pausa, ficar alerta e respirar fundo três vezes. Outra maneira é sentar-se imóvel por algum tempo e escutar. Ouça os sons da sala. Por um minuto, escute os sons próximos a você. Por um instante, ouça os sons distantes. 

Desde criança, fortalecemos o hábito de fugir, escolhendo a fantasia em vez da realidade. Infelizmente, encontramos muito conforto em devanear, em nos voltarmos para nossos pensamentos, preocupações e planos. Isso nos dá uma sensação agradável de falsa segurança.
 
Então, aprendi o seguinte: interesse-se por seu sofrimento e medo. Aproxime-se, entregue-se, fique curioso; mesmo que seja por um instante, vivencie os sentimentos além dos rótulos, além de serem bons ou ruins. Dê boas-vindas a eles. Estimule-os. Faça qualquer coisa para dissolver a resistência. 

Quanto mais estiver presente com você mesmo, mais você perceberá contra o que todos nós lutamos. Assim como eu, outras pessoas sofrem e querem eliminar o sofrimento. E como eu, elas agem de um modo que só agrava a situação.

...uma evidência científica: a duração de qualquer emoção especial é só de um minuto e meio. Depois desse espaço de tempo, temos de reviver a emoção e deixar que ela flua de novo. Nosso processo habitual é de automaticamente revivê-la, alimentando-a com uma conversa interna...
  
Alguns destaques do livro O Salto de Pema Chödrön
https://tudopositivo.wordpress.com

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