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sexta-feira, 17 de maio de 2019

O NÃO-SABER É O PONTO MAIS ALTO
NA EVOLUÇÃO HUMANA


Não saber significa que alguém não é nem ignorante nem instruído. Ele não é instruído porque ele não está interessado em mera informação e ele não é ignorante porque ele não está ignorando — ele não está ignorando a questão mais essencial. Ele não está ignorando seu próprio ser, sua própria consciência.

Não saber tem uma beleza própria, uma pureza. É justamente como um espelho puro, um lago completamente silencioso refletindo as estrelas e as árvores na margem. O estado de não-saber é o ponto mais alto na evolução humana.

O estado de não-saber é realmente o estado de saber, porque quando todo o conhecimento e toda ignorância desaparecem você pode refletir a existência como ela é. O conhecimento é adquirido depois do seu nascimento, mas o saber vem com você. E quanto mais conhecimento você adquire, mais e mais o saber começa a desaparecer porque ele vem coberto com conhecimento. Conhecimento é exatamente como poeira e sabedoria é como o um espelho.

O coração do saber é agora. Conhecimento é sempre do passado. Conhecimento significa memória. Conhecimento significa que você acumulou sua experiência. Sabedoria é do presente. E como você pode estar no presente se você está se apegando demais ao conhecimento? É impossível, você terá que parar de se apegar ao conhecimento. E conhecimento é adquirido, sabedoria é a sua natureza. Sabedoria é sempre agora — o centro do saber é agora. E o centro do agora?

A palavra "agora" é bonita. O centro dela é a letra "o", que é também o símbolo para zero. O centro do agora é o zero, nada. Quando a mente não é mais, quando você é somente um nada, simplesmente um zero — Buda chama isto exatamente assim, shunya, o zero — então, tudo o que o rodeia, tudo que está dentro e fora, é conhecido, mas conhecido não como conhecimento, conhecido de uma maneira totalmente diferente. Assim como uma flor sabe como abrir, e o peixe sabe como nadar e a criança sabe como crescer no útero da mãe, e você sabe como respirar — mesmo quando adormecido, mesmo em coma, você continua respirando — e o coração sabe como bater. Essa é uma maneira totalmente diferente de saber, tão intrínseca, tão interna. Não é adquirida, é natural.

O conhecimento é conseguido na troca pelo saber. E quando você tem conhecimento, o que acontece com a sabedoria? Você se esquece da sabedoria. Você tem conhecimento e você se esqueceu da sabedoria. E a sabedoria é a porta para o divino; o conhecimento é uma barreira para o divino. O conhecimento tem utilidade no mundo. Sim, ele o tornará mais eficiente, habilidoso, um bom mecânico, isto e aquilo; você pode conseguir uma profissão melhor. Tudo isto está aí e eu não estou negando. E você pode usar o conhecimento desse jeito; mas não deixe o conhecimento se tornar uma barreira entre você e o divino. Quando o conhecimento não for necessário, coloque-o de lado e mergulhe num estado de não-saber — que é um estado de saber, real saber. O conhecimento é conseguido na troca pela sabedoria e a sabedoria é esquecida. Ela só tem que ser re-lembrada — você a esqueceu.

A função do Mestre é ajudar você a re-lembrá-la. A mente tem que ser re-lembrada, pois a sabedoria não é nada a não ser re-conhecimento, re-cordação, re-lembrança. Quando você se depara com alguma verdade, quando você vê um Mestre, e você vê a verdade em seu ser, alguma coisa dentro de você imediatamente a reconhece. Nem mesmo um único momento é perdido. Você não pensa sobre isto, se é verdade ou não — para pensar precisa-se de tempo. Quando você ouve a verdade, quando você sente a presença da verdade, quando você chega a uma comunhão com a verdade, alguma coisa dentro de você imediatamente a reconhece, sem nenhum argumento. Não que você aceite, não que você acredite: você reconhece. E isso não poderia ser reconhecido se já não fosse de alguma maneira conhecido, em algum lugar, profundamente dentro de você.

(...) A sociedade lhe ensina conhecimento. Tantas escolas, colégios, universidades... todos com o objetivo de criar conhecimento, mais conhecimento, implantar conhecimento nas pessoas. E a função do Mestre é justamente o oposto: o que a sociedade fez a você o Mestre tem de desfazer. Sua função é basicamente anti-social, e nada pode ser feito a respeito disso. O Mestre está destinado a ser anti-social.

Jesus, Pitágoras, Buda, Lao Tzu, todos eles são anti-sociais, mas no momento em que eles reconhecem a beleza de não-saber, a vastidão de não saber, a ignorância de não saber, no momento em que o sabor do não saber acontece a eles, eles querem compartilhar isto com os outros, eles querem dividir isto com os outros. E esse próprio processo é anti-natural.

(...) A sociedade, de fato, torna você desenraizado da sua natureza. Ela leva você para fora de seu centro. Ela o torna neurótico.

 
Osho
http://pensarcompulsivo.blogspot.com
 

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