- REVENDO ANTIGAS POSTAGENS -
A DIFICULDADE DE LEVAR ALGUÉM
ALÉM DAS PALAVRAS
Embora eu fale através de palavras continuo sustentando que nada pode
ser transmitido através delas. Para aqueles que querem falar, não há
nenhum outro jeito que não seja usar as palavras. Geralmente, posso
expressar-me apenas por palavras, mas também é verdade que o que precisa
ser dito não pode ser transmitido por palavras. As duas coisas estão
certas. Nossa situação é tal que só falamos com palavras. Não existe
outra maneira de dialogar.
Deveríamos tentar mudar de situação. Para aqueles que podem entrar em
profunda meditação, o diálogo é possível mesmo sem palavras. Mas para
levá-los à meditação profunda, primeiro terei de usar as palavras.
Chegará a hora, após um longo e contínuo esforço, em que a comunicação
será possível sem palavras. Mas até que essa hora chegue, terei de me
expressar através delas.
Para levá-lo ao mundo silencioso terei de usar as palavras: a situação é
esta. Mas é perigosa. Eu terei de usar as palavras, sabendo
perfeitamente que se você se prender a elas, se acreditar nelas COMO
ELAS SÃO, então todo o esforço será inútil. Estamos tentando chegar ao
silêncio, mas temos de falar com as palavras. A impossibilidade é
absoluta; não há outra alternativa. Se você se prender a elas, todo o
esforço se tornará inútil porque o propósito é levá-lo ao silêncio.
Enquanto estivermos falando apenas através de palavras, teremos de falar
contra elas, e para "falar contra" teremos de usar palavras também. Não
há outro jeito.
Uma pessoa pode tornar-se silenciosa; não é difícil. Existem aqueles que
se tornaram silenciosos devido a este difícil conjunto de
circunstâncias. Eles evitarão complicações, pois sabiam que o que tinham
para dizer não poderia ser comunicado.
Não tenho nenhuma dificuldade em tornar-me silencioso. Posso ficar em
silêncio e não seria surpreendente se você também ficasse, porque o que
estou tentando fazer parece ser um esforço quase impossível. Estou
tentando tornar possível o impossível. Mas por tornar-me silencioso nada
se alcançará, nada será comunicado a você. O perigo é o mesmo.
Se eu falo, você se prende às palavras. O perigo é que se você se
prender a elas, o que quero comunicar e conseguir não se realizará. Mas,
se eu não falar, a questão de comunicar seja o que for não existirá. Em
primeiro lugar, se eu falar, existe a possibilidade de que aquilo que
estou dizendo alcance as pessoas. Se falo a cem pessoas, haverá pelo
menos uma que talvez possa receber o que eu disse, sem se prender às
palavras. Para as outras noventa e nove, o esforço terá sido inútil. Que
assim seja! Pelo menos alguma coisa poderá ser comunicada a uma pessoa,
mas se eu ficar em silêncio, nem mesmo essa única possibilidade
existirá. Por isso, meu esforço continua.
É interessante notar que quem acredita que as coisas possam ser
comunicadas por palavras não fala muito. Fala pouco, e assim tudo está
dito. Mas quem acredita que as coisas não podem ser expressas por
palavras, fala muito, porque, por mais que fale, sabe que o que tem a
dizer ainda não foi comunicado. Então continua falando mais e mais.
(...) Para levar alguém além das palavras, as palavras terão de ser usadas; não há outro jeito.
(...) Não importa quantas palavras sejam ditas, elas movem-se sempre em
círculo. As palavras dão voltas; não podem andar em linha reta. Se você
andar em linha reta, sairá delas e entrará nas não-palavras. Mas por
vivermos nas palavras, se eu tenho de dizer alguma coisa contra elas,
tenho de usá-las para isso. É um tipo de loucura, mas eu não tenho
culpa. Falo sabendo que sem palavras você não poderá entender, e depois
falo contra as palavras na esperança de que você não se prenda a elas.
Se isso acontecer, só então conseguirei convencê-lo do que quero.
Se você entender apenas as minhas palavras, perderá o que eu digo. Terá
de entender as palavras mas, ao mesmo tempo, tudo o que é indicado
através delas sobre o mundo das palavras também precisará ser entendido.
Osho
http://pensarcompulsivo.blogspot.com
Krishnamurti nos diz que existe um movimento incomparável e imenso, imperceptível, que constitui a própria essência do sagrado e da vida total. Divaldo Franco nos conduz a uma compreensão clara quando afirma que ninguém poderá carregar o fardo de suas obras, então eduque-se com o sofrimento. Ninguém entenderá os problemas complexos de sua existência, então exercite o silêncio. Ninguém seguirá com você indefinidamente; acostume-se com a solidão. Ninguém, tampouco, acreditará que as suas aflições sejam maiores do que as do vizinho. Liberte-se delas com o trabalho da auto iluminação
Vivamos além das palavras... Elas são como chumbo, impedem
o nosso voo... O silêncio nos eleva além das fronteiras materiais...
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