O EGO E O SOFRIMENTO
Entregue a sua existência para a Existência
e mantenha-se em silêncio. Tudo é a Graça.
Se você realmente
tivesse o livre-arbítrio e o poder de moldar o seu destino, de criar a
sua vida ideal, você iria, muito provavelmente, tirar todos os
desconfortos, tudo que desafia o seu ego, tudo que expõe sentimentos de
culpa ou vergonha ou qualquer coisa que desafiasse os seus apegos.
Você excluiria tudo isso e os substituiria por momentos sabor chocolate.
Porém por mais que você
tenha se esforçado em construir uma vida segura que satisfizesse sua
projeção, ainda sim sua criação não se igualaria, em qualidade e
bênçãos, à vida que está se desdobrando sem intenção humana.
Certa vez um homem disse
a Sri Nisargadatta: “Maharaj, as suas palavras ressoam profundas em meu
coração. Eu sinto seu poder e sei que são verdadeiras. Mas se eu for
bem sincero em descrever a minha experiência, teria que admitir que ao
longo da minha vida eu estou continuamente experimentando o
sofrimento!”.
Maharaj respondeu: “Não, isto não é verdade. Você não está experimentando o sofrimento, você está sofrendo a sua experiência.”
Mooji, você pode dizer mais acerca das palavras de Nisargadatta?
Mooji - Eu vou
lhe contar uma história. Estando com uma dor muito forte, um homem foi
ver o médico. “Como posso ajudá-lo?” perguntou o médico. “Eu estou todo
dolorido, doutor”, disse o homem. “Toda vez que eu toco aqui,” ele
explicou, tocando próximo a seu coração com seu dedo, “dói! E seu eu
toco aqui,” ele acrescentou, tocando seu nariz, “ai! – também dói!” O
médico observava, perplexo, conforme o homem continuava. “Quando eu toco
aqui,” ele disse, tocando seu estômago, “dói como inferno!” Daí ele
debruçou-se na direção do médico e tocou seus cílios com o dedo. “Ai!”
ele gritou novamente. Então o médico conduziu um exame físico completo
no homem. Finalmente o médico disse, “Senhor eu não consigo achar nada
de errado com as áreas que você me mostrou. O problema é que você tem um
dedo quebrado!”
O “eu” é este dedo.
Onde quer que o “eu” vá, sempre existe um problema. Este “eu” é ego: “Eu
gosto, eu não gosto.” O que quer que ele toque, em ignorância, causa
dor a si mesmo e aos outros. Entretanto, ele imagina que a dor é causada
pelo “outro”. Quando, pela graça, é compreendido que o “eu-ego” é a
causa do sofrimento, e que este “eu-ego” foi sonhado no Ser, o
sofrimento termina.
A identificação com este “eu” está na raiz do sofrimento.
A identificação com este “eu” está na raiz do sofrimento.
Quando você escolhe o
que você deveria experienciar – você sofre. Quando você escolhe de quem
você deveria aprender – você sofre.
Quando você está
constantemente interpretando como as coisas são ou como deveriam ser, o
que você merece e o que não merece – você sofre.
Onde quer que haja orgulho, apegos, julgamentos ou desejos – há sofrimento.
Quando despertamos da ignorância para a nossa verdadeira natureza – o sofrimento é inexistente.
Mas Mooji, como você pode não sentir, se existe uma forte dor física?
Mooji - Tanto a dor como o prazer pertencem ao corpo. Faz parte do pacote. Uma vez que você toma um corpo você experimentará todos os opostos inter-relacionados e todos os contrastes da dança que chamamos vida. Mas isso não quer dizer que você sofre automaticamente porque o corpo está lá.
Mas Mooji, como você pode não sentir, se existe uma forte dor física?
Mooji - Tanto a dor como o prazer pertencem ao corpo. Faz parte do pacote. Uma vez que você toma um corpo você experimentará todos os opostos inter-relacionados e todos os contrastes da dança que chamamos vida. Mas isso não quer dizer que você sofre automaticamente porque o corpo está lá.
A identidade amplifica o sofrimento.
Na observação imparcial e
impessoal do funcionamento do corpo-mente, a dor é percebida como um
fenômeno natural. A experiência não-pessoal é em si liberdade.
Entretanto, para algumas pessoas o sofrimento parece ser um aspecto
inescapável da experiência humana. Na esfera da experiência senciente o
sofrimento é inevitável.
Onde há uma forte identidade física ou psicológica, existirá um sofrimento proporcional – é o imposto por ter uma vida!
Então você diz: “Eu tenho sofrido.” Eu não vou discutir com você a respeito disso. Mas existem também aqueles que estão sofrendo com uma profunda sensação de gratidão ou até mesmo de alegria por detrás de seu aparente sofrimento. Na verdade não posso chamar isso de sofrimento, porque não há resistência ali. Eles compreenderam e aceitaram que a Graça, algumas vezes, se manifesta como um intenso queimar interior que purifica o ser de toxinas conceituais e emocionais, e neste sentido eles permanecem em paz.
Inquiridor: Eu não sei como eu poderia ficar agradecido quando a dor física ou emocional está latejando!
Mooji: Não é preciso forçar-se para estar agradecido. Como uma espécie de reflexo condicionado, o sangue corre todo para o centro da atividade, assim como os glóbulos brancos fluem para o local do machucado físico. Neste exemplo, o centro da atividade é onde quer que a sensação do “eu” pessoal palpite, e a atenção que é então colocada na atividade é como o fluir do sangue.
Você não é isso: você está consciente disso.
Então você diz: “Eu tenho sofrido.” Eu não vou discutir com você a respeito disso. Mas existem também aqueles que estão sofrendo com uma profunda sensação de gratidão ou até mesmo de alegria por detrás de seu aparente sofrimento. Na verdade não posso chamar isso de sofrimento, porque não há resistência ali. Eles compreenderam e aceitaram que a Graça, algumas vezes, se manifesta como um intenso queimar interior que purifica o ser de toxinas conceituais e emocionais, e neste sentido eles permanecem em paz.
Inquiridor: Eu não sei como eu poderia ficar agradecido quando a dor física ou emocional está latejando!
Mooji: Não é preciso forçar-se para estar agradecido. Como uma espécie de reflexo condicionado, o sangue corre todo para o centro da atividade, assim como os glóbulos brancos fluem para o local do machucado físico. Neste exemplo, o centro da atividade é onde quer que a sensação do “eu” pessoal palpite, e a atenção que é então colocada na atividade é como o fluir do sangue.
Você não é isso: você está consciente disso.
Apenas tenha clareza
sobre isso, sem pânico. Se você agarrar-se à intuição, à sensação “eu
sou”, e não permitir que isto se conecte com nenhum outro conceito, se
você apenas deixar que o “eu sou” incube em si mesmo – imediatamente,
alegria e espaço prevalecerão.
Espontaneamente existe a silenciosa e intuitiva convicção: “Eu sou o Ser atemporal, sem limites.”
Isto não é um ensinamento, mas uma poderosa experiência interna – inexplicável.
Felizmente você não tem que escrever uma tese sobe isso.
Algo é visto – é o
bastante. Você não pode prová-lo e nem precisa prová-lo. Você não
precisa falar a respeito, nem mesmo compartilhá-lo.
Mantenha-se em silêncio. Permaneça naquela natural solitude interna.
Mooji, em Antes do Eu Sou
http://ventosdepaz.blogspot.com
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