SOBRE A PRÁTICA
DO ALTRUÍSMO
A Relação Entre Gratidão e Ajuda Mútua
"Faça o bem que puder,
usando todos os meios que puder,
de todas as maneiras que puder,
para todas as pessoas que puder,
durante o maior tempo que puder..."
(John Wesley)
Há uma prática do altruísmo que é espontânea. Ela brota natural e até inevitavelmente na consciência de alguém que possui uma concepção mais ampla da vida.
Um pai, por exemplo, cuida da criança e dá elementos para que ela cresça mesmo quando ela não entende o processo nem sabe o que está acontecendo. O papel do pai é cuidar, e ele tem prazer nisso. O papel da criança é ser cuidada, e não é entender nem valorizar a ação do ser mais velho e mais experiente. É precisamente nisso que consiste o fato de ser criança, no plano psicológico ou espiritual.
A compreensão do mistério do altruísmo surge quando se amplia a noção de tempo.
A verdade é que alguém deve haver “cuidado” do pai quando ele era mais novo e não sabia das coisas. Assim, o jeito dos mais jovens retribuírem à vida, quando eles finalmente têm experiência suficiente para entender o que receberam, está em ajudar outras tantas e novas crianças ao longo do caminho da aprendizagem, que é trilhado por todos, “mestres” e “discípulos” igualmente.
Cada geração planta o que a próxima geração irá colher, e assim se completa o círculo virtuoso da sustentação da vida. Este é um círculo que se renova constantemente, que não teve início e não terá fim.
Três fatores reforçam o fato de que a vida é um treinamento constante em desapego e em impessoalidade:
1) O fato de não entendermos bem o que recebemos na primeira etapa da vida ou da caminhada;
2) Mais tarde, o fato de não podermos retribuir diretamente a quem nos ajudou;
3) Do ponto de vista da alma mais experiente, o ato de cuidar do crescimento do outro sem exigir “compreensão” ou “gratidão”.
Na verdade, essa “ajuda” aparentemente unilateral só parece algo “sem retorno” enquanto não se percebe que, mais do que quaisquer “relações pessoais”, o nosso único e grande relacionamento é com a Vida mesma, toda ela em seu conjunto; e que este relacionamento com a Vida se dá ATRAVÉS das pessoas que conhecemos. A qualidade dos relacionamentos “pessoais” na verdade depende da qualidade do relacionamento com a Vida Em Geral.
Ao “ajudar” alguém, pois, não devemos ter a intenção de retribuir algo que essa pessoa específica já fez por nós, nem devemos esperar que essa mesma pessoa retribua, agora ou mais adiante. É com a Vida como um todo que a contabilidade é feita. E podemos confiar, com toda tranquilidade, no fato de que as nossas futuras colheitas corresponderão, com justiça, ao que nós realmente plantamos.
O primeiro desafio é, pois, saber plantar, antes de querer colher. O segundo desafio é saber esperar até que as boas ações frutifiquem. O terceiro desafio consiste em saber que, enquanto esperamos, devemos continuar plantando.
Carlos Cardoso Aveline
https://www.filosofiaesoterica.com
A menos que você seja amoroso consigo mesmo...
Ame-se, respeite-se, seja gentil consigo mesmo. A menos que você seja amoroso para consigo mesmo, você não pode ser amoroso com ninguém, absolutamente. A menos que você seja atencioso consigo mesmo, você não pode ser atencioso com ninguém; é impossível.
Eu lhe ensino a ser realmente egoísta, de modo que você possa ser altruísta. Não há contradição entre ser egoísta e ser altruísta: ser egoísta é a própria fonte de ser altruísta. Mas até agora você tem aprendido exatamente o oposto, lhe ensinaram o contrário.
E qual tem sido o resultado desse ensinamento? Ninguém ama ninguém. A pessoa que se condena não pode amar ninguém. Se você não pode amar nem sequer a si mesmo - porque você é a pessoa mais próxima a você -, se seu amor não pode nem mesmo alcançar o ponto mais próximo, é impossível seu amor chegar até as estrelas. Você não pode amar nada - você pode fingir. E é isso que a humanidade se tornou: uma comunidade de fingidores, hipócritas.
Por favor tente entender o que quero dizer por ser egoísta. Primeiro você tem que se amar, se conhecer, ser você mesmo. A partir disso, você irradiará amor, ternura, atenção com os outros. A partir da meditação, surge a verdadeira compaixão, mas a meditação é um fenômeno egoísta. Meditação significa deleitar-se consigo mesmo e com sua solitude, esquecer o mundo todo e simplesmente deleitar-se consigo mesmo. É um fenômeno egoísta, mas desse egoísmo surge grande altruísmo. E, então, não há nenhum vangloriar-se a respeito, você não se torna egoístico. Você não serve as pessoas; você não as faz sentir-se devedoras a você. Você simplesmente se deleita em compartilhar seu amor, sua alegria.
Osho
http://www.espacoholistico.com.br
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