Translate

terça-feira, 30 de abril de 2019


ANTES QUE OS OLHOS POSSAM VER, 
DEVEM SER INCAPAZES 
DE LÁGRIMAS 



Antes que os olhos possam ver com a clara visão do Espírito, hão de se tornar incapazes de verter as lágrimas de orgulho ferido, críticas exageradas, desprezo, sarcasmo, insucessos e desenganos da existência, etc. Isto não quer dizer que deve fugir do mundo, pelo contrário, se alguém tenta fugir do mundo antes de ter aprendido as suas lições será forçado a voltar a ele repetidas vezes, até que cumpra a sua tarefa. Ser incapaz de chorar é ter enfrentado e vencido a natureza humana. Isto não implica dureza de coração nem indiferença. Não implica a destruição do sofrimento, não significa o frio da velhice. 

Nenhum homem pode ver a luz que ilumina a Alma, enquanto a dor, o pesar e o desespero não o tenham livrado da vida da humanidade comum. Primeiro vença o prazer, depois a dor, até que sejam incapazes de verter lágrimas. Nenhuma dessas condições é digna de um discípulo, e se alguma delas existe nele, deve ser dominada antes que possa entrar no caminho. O primeiro passo é muito difícil, para tentar dá-lo, é preciso ser um homem forte, cheio de vigor psíquico e físico. O homem espiritualmente aperfeiçoado vê que tudo isto não é senão um jogo infantil, embora jogue bem a sua parte, sabe que se trata somente de um jogo e não a realidade. Ele começa a sorrir através das suas lágrimas, quando é batido no tumulto do jogo, então cessa o choro e, aparece um sorriso, porque quem vê as coisas em suas verdadeiras relações não pode deixar de sorrir quando olha ao redor de si e observa os brinquedos à que os homens consagram a sua vida, julgando que são coisas reais. E quando desperta para a realidade, o seu próprio jogo evoca nele necessariamente um sorriso. Estes homens jogam bem a sua partida, com energia e aparente ambição, porque compreendem que tudo isso tem um fim, um significado e que eles são partes necessárias no mecanismo da evolução. 

Quem quer entrar no Caminho tem que ser valente e adquirir domínio sobre a natureza emocional. Devemos desejar realizar a consciência do EU SOU, que está acima dos sofrimentos da personalidade. Devemos aprender que todas essas coisas não podem prejudicar o Eu Real. A única possibilidade de escapar das consequências do jogo é se elevar acima do plano material e morar nas regiões superiores da mente e do Espírito. 

Durante longas idades do passado deixamos de usar nossos sentidos astrais, o homem lhe prestou tão pouca atenção, que perdeu praticamente o uso desses sentidos. Se o pesar, a decepção, o abatimento ou o prazer fizerem estremecer a alma de maneira a fazê-la perder a sua firmeza ou o fluxo do Espírito que a inspira, então tudo se apaga, a luz é inútil A alma é o elo entre o corpo exterior e o Espírito sideral. A Chispa divina mora no lugar silencioso, em que nenhuma convulsão da natureza a pode estremecer. Porém, a alma pode perder seu conhecimento dessa Chispa embora sejam partes de um todo. 

A sensibilidade aumenta, quando o discípulo principia a sua educação, ele tem que sofrer, gozar ou suportar mais sutilmente do que os outros homens, ele não pode permitir que o seu sofrimento o tire de seu propósito. O gozo mais sutil, a dor mais cruel, a angústia da perda e do desespero se acumulam sobre a alma temerosa que ainda não encontrou a luz na obscuridade.

Enquanto a alma não puder sofrer estes choques sem perder o equilíbrio, seus sentidos astrais permanecerão fechados. O médium que entra no mundo psíquico sem preparação é um violador da lei e transgressor das leis da natureza superior. Os que violam as leis da natureza perdem sua saúde física, os que violam as leis da vida interna perdem sua saúde psíquica. O discípulo é obrigado a ser seu próprio mestre antes de se aventurar nesta perigosa senda e colocar-se em frente desses seres que vivem e trabalham no mundo astral, a quem chamamos Mestres, por causa do seu grande conhecimento e de seus poderes. 

A primeira de todas as experiências do neófito em Ocultismo é uma tristeza intolerável. Um sentimento de solidão, que faz do mundo um deserto e da vida uma luta vã, se apodera dele. Logo que contemplar o mistério da sua própria natureza superior, surge a prova inicial. A oscilação entre o prazer e a dor cessa por um momento, porém, isto é bastante para fazê-lo desprender-se dos fortes laços que o atavam ao mundo das sensações. Experimentou, ainda que por um só instante, a vida maior, e continua sua vida oprimido por um sentimento de irrealidade, de negação. 

Os escravos do tempo vivem em meio das sensações e sofrem a mistura constante do prazer e da dor. Não se atrevem a agarrar a serpente do Ser (eu inferior) e vencê-la, tornando-se divinos, mas preferem continuar a sofrer as diversas experiências e a receber golpes das forças opostas. Quando um desses escravos do tempo decide-se a entrar na senda do ocultismo, esta é a sua primeira tarefa. Se a vida não o ensinou, se não é bastante forte para ensinar a si mesmo, e se não tem o poder para pedir o auxílio de um mestre, então se lhe impõe essa prova. Ele tem que sobreviver ao choque de afrontar o que lhe parece ser o abismo do nada. Enquanto não tiver aprendido a olhar nesse abismo e não tiver encontrado a paz que lá existe, é impossível que seus olhos cheguem a ser incapazes de verter lágrimas. 

Trecho do livro Luz no Caminho, de Mabel Collins
https://osmirclemente.files.wordpress.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário