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domingo, 7 de abril de 2019

O MISTÉRIO DA CRUCIFICAÇÃO


“ISTO ÉS TU” 
  (Capítulo Cruz e Crucificação [trecho] Joseph Campbell)

“O que sempre é básico na Páscoa, ou ressurreição, é a crucificação. Se você quer ressurreição, você deve ter crucificação. Muitas interpretações da Crucificação falharam em enfatizar esse relacionamento e ao invés disso enfatizam a calamidade do evento. Se você enfatiza a calamidade, você busca alguém para culpar, e por isso as pessoas culparam os Judeus. Mas a crucificação não é uma calamidade se leva a uma nova vida. Através da crucificação de Cristo nós fomos libertados da concha, o que nos capacitou a nascer através da ressurreição. Isso não é uma calamidade. Por isso temos que ter um olhar renovado para este evento para que seu simbolismo seja percebido.

Se pensarmos na Crucificação apenas em termos históricos, perdemos a referência imediata do símbolo para nós. Jesus deixou seu corpo mortal na cruz, o signo da terra, para ir a seu Pai, com quem ele era um. De maneira parecida, nós vamos nos identificar com a vida eterna dentro de nós. O símbolo também nos fala da aceitação voluntária de Deus da cruz, quer dizer, de sua participação nas provações e tristezas da vida humana no mundo, de maneira que ele está aqui dentro de nos, não por causa de uma queda ou engano, mas por alegria e êxtase. Assim a cruz tem um sentido dual: um, nossa ida para o divino, a outra, da vinda do divino até nós. É uma verdadeira travessia. (nota da tradução: aqui há uma citação do verbo “atravessar”, ou “cruzar”, que usa a mesma raiz de “cruz”: cross, como cruz, e crossing, como cruzamento, no sentido de travessia).

Na tradição Cristã, a crucificação de Cristo é um grande problema: porque o salvador não poderia apenas ter vindo? Porque ele teve que ser crucificado?

Bem, várias explicações teológicas tem vindo até nós, mas eu acho que uma explicação adequada e apropriada pode ser encontrada na Epístola de Paulo aos Filipenses, onde ele escreve no capítulo 2 que Cristo não achava que a Divindade era algo para ser mantido – o que quer dizer que nem você deve manter – mas, ao invés disso, entregue, ele tomou a forma de um servo até mesmo na morte na cruz. Isso é uma afirmação feliz dos sofrimentos do mundo. A imitação de Cristo, então, é participar dos sofrimentos e alegrias do mundo, ainda que todo o tempo vendo através delas a radiância da presença divina. Isso é funcionar a partir do chakra do coração, onde os dois triângulos estão unidos.

É isso que vejo na Crucificação. De todas as explicações que tenho lido, é a única que faz aquilo que eu chamaria de um sentido respeitável. Os outros são todos preocupados com um deus vingativo que tem que ser apaziguado pelo sacrifício do seu filho. O que você faz com uma coisa dessas? É uma tradução do sacrifício numa imagem muito bruta. A ideia de Deus sendo uma entidade que tem que ser acalmada é sórdida demais para ser concebida.”
 
 
Joseph Campbell em “A Joseph Campbell Companion: Reflections on the Art of Living”
https://dharmalog.com


O ressurgimento do Cristo em meio 
a atual transição planetária

Em um remoto passado, quando no ser humano foram despertadas as potencialidades mentais, uma dádiva rara lhe estava sendo concedida: por intermédio delas, ele poderia conectar-se com realidades internas e espirituais e relacionar-se com a vida material segundo a compreensão de leis superiores, que então atuariam em auxílio ao desenvolvimento da humanidade em geral. Porém, essa dádiva encerrava uma prova: ela somente revelaria seu valor se o homem a utilizasse em favor da harmonia universal.

A suprema Consciência regente deste planeta sempre enviou seus Mensageiros à humanidade, a fim de transmitir-lhe as verdades eternas e os preceitos que a conduziram pelos caminhos da retidão, luz e paz. O auge de uma importante fase desse processo, que ocorreu por ocasião da vinda do próprio Cristo aos níveis materiais, consuma-se na atual transição planetária e no que é chamado o reaparecimento do Cristo.

O reaparecimento do Cristo refere-se ao retorno da energia crística entre os homens, profetizado nos ensinamentos espirituais. Diz respeito ao despertar da chama crística, que está acontecendo na parcela resgatável da humanidade. Esse despertar do Cristo interno já é uma realidade para muitos seres.

Vários são os caminhos evolutivos que a Consciência regente de um planeta, o seu Logos, pode seguir. O Logos planetário é o Núcleo regente da existência de um planeta. Toda a vida planetária e as diversas consciências que a constituem recebem desse Logos o alento que as nutre e vivifica. O Logos que regeu a Terra na etapa que ora se finda assumiu o Caminho do Sacrifício, opção que se estendeu por toda a Hierarquia, canal de transmissão e de realização do propósito logóico. Assim, a cruz, símbolo do perfeito inter-relacionamento da existência material (haste horizontal da cruz) com a vida interior, espiritual e cósmica (haste vertical da cruz), oculta seu mistério na mais profunda essência da vida planetária, a qual acolheu a tarefa de estabelecer a harmonia e o equilíbrio de expressões aparentemente opostas da energia.

Esse Caminho do Sacrifício é conscientemente escolhido pelos seres que se doam plenamente ao trabalho em prol da manifestação, em todos os níveis da vida, do propósito sagrado que ela encerra. Assim, a conotação negativa que o termo sacrifício tem agora é substituída pelo sentido da realidade interna que lhe é própria e que corresponde à realização de um "sagrado ofício".

O Cristo, como canal de manifestação do Amor-Sabedoria, ao assumir realizar na Terra uma parcela da tarefa de unir a matéria com o espírito, testifica a inefável doação do Logos planetário. Esse processo é muito dinâmico e, ao trazer abaixo o que está acima, eleva toda a densa vibração dos planos materiais terrestres. Assim, Cristo afirmou, diante de Pilatos: "O meu Reino não é deste mundo."

Há dois mil anos, em Jesus, a energia crística de Amor-Sabedoria manifestou-se em meio à humanidade, expressando-se da forma mais plena possível por intermédio de um ser encarnado no nível físico da superfície da Terra; a maioria dos homens, porém, não quis acolhê-la.

Hoje, processo semelhante ocorre e poucos respondem "sim" ao chamado crístico, poucos reconhecem a Luz do Amor e da Sabedoria. A coligação com essa Luz independe de crenças, está embasada na unificação do ser à essência crística, que é universal. 

Trigueirinho 
https://www.otempo.com.br 


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