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segunda-feira, 20 de agosto de 2018

REFLEXÕES ATRAVÉS 
DOS POEMAS MÍSTICOS DE KABIR


Parte I
 
Quando Ele próprio revela o Seu Ser

Brahma traz à manifestação aquilo que jamais pode ser visto.


Assim como a semente está na planta,
como a sombra está na árvore,
como o vazio está no céu,
como infinitas formas estão no vazio.
De além do Infinito o infinito vem
e dele se estende o finito.

A criatura está em Brahma e Brahma está na criatura.
Eles são sempre distintos e ainda assim sempre unidos.
 
 
Ele próprio é a árvore, a semente e o germe.

É a flor, o fruto e a sombra.

Ele próprio é o sol, a luz e tudo o que é iluminado.
Ele é Brahma, a criatura e Maya.

Ele próprio é o limite e o ilimitável,
e é além de ambos também, o Ser Puro.
Ele é a Mente imanente em Brahma e na criatura.

A alma suprema é vista dentro da alma.
O Ponto é visto dentro da Alma Suprema
e dentro do ponto o reflexo é visto novamente.
Kabir é abençoado por ter essa visão.
 
 O rio e suas ondas são a mesma arrebentação,
onde está a diferença entre o rio e suas ondas?

Quando a onda se eleva ela é a água,
quando ela quebra é a mesma água outra vez.
Diga-me, onde está a diferença?
Porque ela foi chamada de onda não deve mais ser considerada água?

Dentro do Brahma Supremo
os mundos estão sendo contados como contas em um rosário.
Olhe para esse rosário com os olhas da sabedoria.
 
 
Todas as coisas são criadas pelo Om;
A forma do amor é o Seu corpo.
Ele não tem forma, não tem qualidades, não tem declínio.
Busque a união com Ele,
mas esse Deus sem forma
assume milhares de formas aos olhos de suas criaturas.
Ele é puro e indestrutível, Sua forma é infinita e inconcebível,

Ele dança em êxtase e ondas de formas surgem de Sua dança.
O corpo e a mente não podem se conter
quando são tocados por Sua grande alegria.
Ele está imerso em toda consciência,
todas as alegrias e todas as tristezas.
Ele não tem começo e nem fim.
Ele contém tudo dentro de sua beatitude.
 
 
A região do meio do céu onde o Espírito habita
é radiante com a música da luz.
Lá onde a pura música brota, meu Senhor tem Seu deleite.
No maravilhoso esplendor de cada pelo de seu corpo,
o brilho de milhões de sóis e luas se perde.
Naquela Costa há uma cidade onde a chuva de néctar cai sem parar.

Kabir diz: “venha, Dharmadas!
E veja a grande corte de meu Senhor.”
 
 
Onde a primavera, a senhora das estações, reina,
a música não tocada ressoa.
Lá as correntes de luz fluem em todas as direções,
poucos são os homens que podem atravessar para aquela margem!

Lá onde milhões de Krishnas se prostram em prece,
onde milhões de Vishnus curvam-se em devoção,
onde milhões de Brahmas estão lendo os Vedas,
onde milhões de Shivas estão perdidos em contemplação,
onde milhões de Indras habitam no céu,
onde os semi-deuses e os munis são inumeráveis,
onde milhões de Sarasvatis, a Deusa da música, tocam a Vina
- lá meu Senhor revela a Si mesmo
e a essência do sândalo e das flores habita naquelas profundezas.
 
 
Qual é a necessidade de palavras
quando o amor embriagou o coração?

Eu embrulhei o diamante em meu manto,
por que ficar desembrulhando repetidamente?

Quando o peso era leve o prato da balança subia,
agora está cheio, qual é a necessidade de ficar pesando?
 
O cisne alçou voo para o lago além das montanhas,
por que deveria ainda procurar por poços e córregos?

Seu Senhor habita em você,
por que seus olhos externos precisam ficar abertos?

Kabir diz:
“ouça, meu irmão, meu Senhor,
que arrebatou meus olhos, uniu-se à mim.
 
 
Não há nada além de água nos lugares onde se tomam banho sagrado,
e eu sei que são inúteis, pois banhei-me neles,

As imagens são todas sem vidas,
elas não podem falar.
Eu sei pois já supliquei alto para elas.
O Puruna e o Alcorão são meras palavras,
erguendo a cortina, eu vi isso.


Kabir profere palavras da experiência
e ele sabe muito bem que além disso tudo é mentira.
 
 
http://ricardo-yoga.blogspot.com
 
 

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