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quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

POEMA CHINÊS


Identidade do Relativo e do Absoluto
(Sandôkai)

A mente do Grande Sábio da Índia
estava intimamente ligada de Leste a Oeste.
Entre seres humanos há sábios e tolos
mas no Caminho não há Fundador do Sul ou do Norte.
A fonte sutil é clara e brilhante.
As correntes tributárias fluem através da escuridão.
Apegar-se às coisas é ilusão,
encontrar o absoluto ainda não é Iluminação. 
Um e todos, as esferas subjetiva e objetiva
são relacionadas e ao mesmo tempo independentes.
Relacionadas e, ainda assim, funcionam diferentemente embora cada uma mantenha seu lugar.
Forma faz com que o caráter e aparência difiram.
Sons distinguem conforto e desconforto.
Escuro faz de todas as palavras, uma.
A claridade distingue frases boas e más.
Os quatro elementos voltam à sua natureza,
assim como uma criança à sua mãe.
Fogo é quente, vento é movimento,
água é úmida e terra é dura,
Olhos veem, ouvidos escutam, narinas cheiram,
língua sente o salgado e o azedo.
Cada um, independe do outro.
Causa e efeito devem retornar à grande realidade,
as palavras alto e baixo são usadas relativamente.
Dentro da luz há escuridão
mas não tente compreender esta escuridão.
Dentro da escuridão há luz
mas não procure por esta luz.
Luz e escuridão são um par,
como o pé na frente e o pé de trás, ao andar.
Cada coisa tem seu valor intrínseco e está relacionada a tudo o mais em função e posição.
Vida comum se encaixa no absoluto,
como uma caixa à sua tampa.
O absoluto trabalha com o relativo,
Como duas flexas se encontrando em pleno ar. Lendo estas palavras, apreenda a realidade.
Não julgue por nenhum valor.
Se você não vê o Caminho,
não o vê mesmo ao andar nele.
Quando você caminha, não é perto nem longe.
Se estiver deludido,
estará a rios e montanhas de distância.
• Respeitosamente digo
àqueles que querem ser iluminados:
• "Noite e dia, não percam tempo."


 Sekitô Kisen (Ch. Shitou Xiqian, 700-790)
 https://aguasdacompaixao.wordpress.com
 

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