O CONVÍVIO COM VIVEKANANDA
Certo
dia perguntei a Swami Vivekananda, "Por que os Sannyasins desperdiçam
seu tempo desse jeito? Por que dependem da caridade de outros? Por que
não realizam algum trabalho útil para a sociedade?"
Swamiji
disse, "Agora, olhe aqui. Você está ganhando seu dinheiro com tanta
luta, do qual apenas uma pequena porção gasta consigo mesmo, e outra
porção gasta com outros que você pensa que lhe pertencem. Mas eles não
são gratos pelo que você faz por eles, nem ficam satisfeitos com o que
conseguem. O que você guarda, nunca vai desfrutar. Quando morrer, outra
pessoa vai gastá-lo, e talvez falará mal de você por não ter acumulado
mais. Essa é sua condição. Por outro lado, eu nada faço. Quando sinto
fome, faço gestos para que outros saibam que quero comida; e como
qualquer coisa que conseguir. Nem luto para ganhar, nem guardo. Agora,
diga-me quem de nós dois é mais sábio: você ou eu?"
Fiquei perplexo, pois até aquele momento ninguém ousara falar comigo de modo tão corajoso e franco.
A
conversa continuou. Ele me contou de suas muitas aventuras durante suas
viagens pela Índia, sem tocar em dinheiro. Percebi o quanto deve ter
sido difícil sua jornada, e mesmo assim, ele relatava suas aventuras com
um sorriso, como se fosse uma grande diversão!
Às
vezes, ficava sem comer. Em alguns lugares, o mandavam embora dizendo
"Sannyasins não têm lugar aqui." Algumas vezes era observado por espiões
do governo. Muitos outros incidentes ele relatou alegremente, mas que
fizeram meu sangue coagular.
Por
alguma razão, eu não estava me dando bem com meus superiores no
escritório em que trabalhava. Qualquer pequena observação vinda deles
era o suficiente para me desequilibrar. Embora eu tivesse um bom
emprego, não podia ser feliz nem mesmo por um dia.
Quando
contei a Swamiji sobre minha dificuldade, ele observou, "Por que você
trabalha? Não é pelo salário? Você o tem regularmente todo mês, então
por que ficar aborrecido? Você é livre para pedir demissão a qualquer
momento que quiser e ninguém o impedirá disso. Então por que criar
dificuldades pensando que é um escravo? Outra coisa: além de fazer seu
trabalho, já fez algo para agradar seus superiores? Nunca fez, e ainda
assim fica irado com eles porque não estão satisfeitos com você. Isso é
sábio de sua parte? As idéias que você tem dos outros se expressam em
sua conduta. E mesmo que não as expressemos em palavras, as pessoas
reagem de acordo. Vemos no mundo exterior a mesma imagem que carregamos
no coração: ninguém percebe como é verdadeiro o ditado que diz 'O mundo é
bom quando eu sou bom'. A partir de hoje, tente se libertar do hábito
de achar faltas nos outros, e verá que as atitudes e reações dos outros
mudará também."
É
desnecessário dizer que, a partir daquele dia, libertei-me do hábito de
encontrar faltas nos outros, e um novo capítulo em minha vida se abriu.
Certa
vez lhe perguntei, "Swamiji, a crença no mantra é verdadeira?" Ele
replicou, "Não vejo razão para que não seja. Você fica satisfeito quando
alguém se dirige a você com palavras doces e suaves, e fica irado
quando alguém lhe diz palavras duras. Então por que as deidades que
presidem diferentes partes da natureza não deveriam ficar satisfeitas
com uma doce invocação?"
H. Mitra
http://yoga-ensinamentos.blogspot.com.br
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