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sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

O CONVÍVIO COM VIVEKANANDA


Certo dia perguntei a Swami Vivekananda, "Por que os Sannyasins desperdiçam seu tempo desse jeito? Por que dependem da caridade de outros? Por que não realizam algum trabalho útil para a sociedade?"
 
Swamiji disse, "Agora, olhe aqui. Você está ganhando seu dinheiro com tanta luta, do qual apenas uma pequena porção gasta consigo mesmo, e outra porção gasta com outros que você pensa que lhe pertencem. Mas eles não são gratos pelo que você faz por eles, nem ficam satisfeitos com o que conseguem. O que você guarda, nunca vai desfrutar. Quando morrer, outra pessoa vai gastá-lo, e talvez falará mal de você por não ter acumulado mais. Essa é sua condição. Por outro lado, eu nada faço. Quando sinto fome, faço gestos para que outros saibam que quero comida; e como qualquer coisa que conseguir. Nem luto para ganhar, nem guardo. Agora, diga-me quem de nós dois é mais sábio: você ou eu?"
 
Fiquei perplexo, pois até aquele momento ninguém ousara falar comigo de modo tão corajoso e franco.
 
A conversa continuou. Ele me contou de suas muitas aventuras durante suas viagens pela Índia, sem tocar em dinheiro. Percebi o quanto deve ter sido difícil sua jornada, e mesmo assim, ele relatava suas aventuras com um sorriso, como se fosse uma grande diversão!
 
Às vezes, ficava sem comer. Em alguns lugares, o mandavam embora dizendo "Sannyasins não têm lugar aqui." Algumas vezes era observado por espiões do governo. Muitos outros incidentes ele relatou alegremente, mas que fizeram meu sangue coagular.
 
Por alguma razão, eu não estava me dando bem com meus superiores no escritório em que trabalhava. Qualquer pequena observação vinda deles era o suficiente para me desequilibrar. Embora eu tivesse um bom emprego, não podia ser feliz nem mesmo por um dia.
 
Quando contei a Swamiji sobre minha dificuldade, ele observou, "Por que você trabalha? Não é pelo salário? Você o tem regularmente todo mês, então por que ficar aborrecido? Você é livre para pedir demissão a qualquer momento que quiser e ninguém o impedirá disso. Então por que criar dificuldades pensando que é um escravo? Outra coisa: além de fazer seu trabalho, já fez algo para agradar seus superiores? Nunca fez, e ainda assim fica irado com eles porque não estão satisfeitos com você. Isso é sábio de sua parte? As idéias que você tem dos outros se expressam em sua conduta. E mesmo que não as expressemos em palavras, as pessoas reagem de acordo. Vemos no mundo exterior a mesma imagem que carregamos no coração: ninguém percebe como é verdadeiro o ditado que diz 'O mundo é bom quando eu sou bom'. A partir de hoje, tente se libertar do hábito de achar faltas nos outros, e verá que as atitudes e reações dos outros mudará também."
 
É desnecessário dizer que, a partir daquele dia, libertei-me do hábito de encontrar faltas nos outros, e um novo capítulo em minha vida se abriu.
 
Certa vez lhe perguntei, "Swamiji, a crença no mantra é verdadeira?" Ele replicou, "Não vejo razão para que não seja. Você fica satisfeito quando alguém se dirige a você com palavras doces e suaves, e fica irado quando alguém lhe diz palavras duras. Então por que as deidades que presidem diferentes partes da natureza não deveriam ficar satisfeitas com uma doce invocação?"

H. Mitra 
http://yoga-ensinamentos.blogspot.com.br
 

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