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quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

A PRESENÇA DIVINA 
NA ALMA HUMANA


 

Todo mortal tem no céu sua contrapartida imortal, isto é, o seu Arquétipo. Quer isso dizer que durante todo o ciclo de renascimentos, em cada uma de suas encarnações, o homem está indissoluvelmente unido a seu Arquétipo, mas esta união se dá por meio do princípio espiritual, inteiramente distinto da personalidade terrena.

Esta personalidade pode, em alguns casos, até chegar a romper a união, pela ausência de vínculos espirituais no indivíduo moral.

O Ocultismo ensina o meio de realizar a união com o Arquétipo (ou Deus Pessoal); mas são as ações do homem e seus merecimentos pessoais que podem unicamente ensejá-la na terra e determinar-lhe a duração. Esta duração varia desde alguns segundos – um relâmpago – a muitas horas, quando o homem se transfigura nesse “Deus” protetor, ficando assim momentaneamente dotado de relativa onisciência e onipotência.

Em Adeptos tão perfeitos e divinos como Buddha e outros, esse estado de união pode durar toda a vida, enquanto que no caso de Iniciados completos, mas que ainda não alcançaram o estado perfeito de Jivanmuktas (totalmente libertos), tal estado lhes proporciona a inteira recordação de tudo o que viu, ouviu e sentiu (durante a união).

Os que são menos perfeitos conseguem apenas uma lembrança parcial e indistinta; e o principiante, na primeira fase de suas experiências psíquicas, se vê simplesmente envolvido por uma sensação confusa, seguida de um rápido e total esquecimento dos mistérios que presenciou durante esse estado superior.

Ao voltar à condição normal de vigília, o grau de recordação depende de sua purificação psíquica e espiritual, pois o maior inimigo da memória espiritual é o cérebro físico.

Quando Simão, o Mago, pretendia ser “o Deus Pai”, queria dizer precisamente isso: que era uma divina encarnação de seu próprio Pai – quer se veja neste um Deus, um Anjo ou um Espírito. E por isso ele dizia: “Este poder de Deus que se chama Grande”, ou o poder pelo qual o Eu Divino se engasta em seu eu inferior, isto é, no homem.

Quanto ao êxtase e outras espécies de auto-iluminação podem ser alcançados sem necessidade de mestre ou iniciação. Ao êxtase se chega mediante o comando interno e domínio do Eu sobre o ego físico, ao passo que o domínio das forças da Natureza só se adquire depois de longo esforço, ou quando se é “mago de nascença”.

Aos que não possuem nenhuma das qualificações requeridas, aconselha-se, portanto, que se limitem ao desenvolvimento espiritual. E este mesmo não é fácil de conseguir, porque o primeiro dos requisitos indispensáveis é a fé inquebrantável nos próprios poderes e no poder do Deus interno; de outro modo, o homem se converteria em um simples médium irresponsável.

Essa Divindade pessoal não é uma vã aspiração ou uma fantasia, senão uma Entidade imortal. É impossível alcançar o nível de Adepto, o Nirvana e a Bem-Aventurança sem a união indissolúvel com o Deus imortal, que está em nós.

Devemos, antes de tudo, reconhecer nosso próprio Princípio Imortal, e só então tomar de assalto o Reino dos Céus, ou conquistá-lo. Mas essa empresa só o homem superior pode levá-la a cabo, sendo preciso nos identificarmos com nosso Pai Divino.

Tal é, igualmente, o sentido místico do que São Paulo disse aos Coríntios: “Não sabeis que sois o templo de (vosso) Deus, e que o Espírito de (vosso) Deus habita em vós?”

Estas palavras encerram exatamente o mesmo significado da sentença dos vedantinos: “Eu sou verdadeiramente Brahman” (Aham Brahmasmi). 

Todas as nações antigas compreendiam perfeitamente o mandamento délfico: “Conhece-te a ti mesmo”. Ainda hoje o compreendem as religiões orientais, de cujos ensinamentos esse mandamento faz parte.



Helena Blavatsky 
http://yoga-ensinamentos.blogspot.com.br 
 

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