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sábado, 30 de julho de 2016

OS LIMITES DO CÉREBRO

Como é limitado o cérebro, por mais cultivado ou requintado que seja! Nada dissipa sua mediocridade. Ainda que o cérebro vá à lua, explore o universo ou as profundezas da terra, projete e monte o mais complexo maquinismo, inclusive computadores capazes de inventar novos computadores, e mesmo que ele venha a causar sua própria destruição e ressurreição, nada disso o livrará da mediocridade.

O cérebro só é capaz de funcionar no tempo e no espaço, toda filosofia é limitada por seu próprio condicionamento e as teorias e especulações são urdidas por sua astúcia.

É inútil qualquer tentativa de fuga de si mesmo. Seus deuses e redentores, seus mestres e líderes têm a medida de sua própria mediocridade. Em seu esforço para superar a estupidez, a eficácia é determinada pelo grau de sua astúcia. Ora buscando, ora pressionado, o cérebro vive na sombra de seu próprio sofrimento, incapaz de transcender sua futilidade.

A incessante atividade do cérebro, na busca de suas projeções, é inação. As reformas postas em prática estão sempre precisando de novas reformas. Acorrentado ao círculo vicioso da ação e da inação, o pensamento é o desdobramento de seus sonhos.

Ativo ou inerte, nobre ou ignóbil, é infinita sua superficialidade. Incapaz de escapar de si mesmo, vive na sordidez de sua virtude e moralidade. Só lhe resta permanecer completamente imóvel, o que não deve ser confundido com inércia ou indolência. Esta imobilidade é a única maneira de se preservar a sensibilidade do cérebro.

Na renúncia de si mesmo e na rejeição de suas atividades, cessam suas habituais e defensivas reações, bem como o vício de julgar, condenar ou justificar. E é nessa renúncia que a mediocridade desaparece e cessa o movimento do vir-a-ser, do desejo do preenchimento.

Revela-se então o que é: trata-se de um instrumento mecânico, inventivo, calculista, funcional, cuja perfeição é assombrosa. Como toda máquina, o cérebro é passível de desgaste e morte; torna-se medíocre ao tentar penetrar no insondável mistério do desconhecido, do imensurável. O conhecido é seu elemento, e lhe é vedado atuar no incognoscível.

Suas criações pertencem ao campo do conhecido, mas nem a palavra nem as imagens podem captar o mistério da criação. Jamais ele conhecerá esta beleza, pois a imensidão do indescritível somente aflora na completa imobilidade do cérebro.

Krishnamurti




ALÉM DA MENTE PENSANTE


"A maioria das pessoas passa a vida toda aprisionada nos limites dos próprios pensamentos. 

Nunca vai além das estreitas ideias já feitas, do sentido do "eu" condicionado ao passado. 

Em você, como em cada ser humano, existe uma dimensão de consciência bem mais profunda do que o pensamento.Se você consegue reconhecer, mesmo esporadicamente, que os pensamentos que passam por sua cabeça são meros pensamentos; se você consegue se dar conta dos padrões que se repetem em suas reações mentais e emocionais, é sinal de que essa dimensão de consciência está emergindo.

Ela é o espaço interno em que o conteúdo de sua vida se desdobra.

A corrente do pensamento tem uma enorme força que pode muito facilmente levar você a precipitação. 

Cada pensamento tem a pretensão de ser extremamente importante. Cada pensamento quer sugar sua completa atenção.

Eis um novo exercício espiritual para você praticar: não leve seus pensamentos muito a sério.

Com que facilidade as pessoas ficam aprisionadas nas armadilhas de seus pensamentos! 
Como a mente humana tem um imenso desejo de saber, de compreender e de controlar, ela confunde opiniões e pontos de vista com a verdade.

A mente afirma : "As coisas são exatamente assim." Você precisa ir além dos seus pensamentos para perceber que, ao interpretar a "sua vida" ou a vida e o comportamento dos outros, ao julgar qualquer situação, você está expressando apenas um ponto de vista entre muitos possíveis.
 
Suas opiniões e pontos de vista não passam de um punhado de pensamentos.

Mas a realidade é outra coisa".



Eckhart Tolle


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