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segunda-feira, 25 de julho de 2016

O DINHEIRO

 
"Dinheiro é um negócio curioso. Quem não tem está louco para ter; quem tem está cheio de problemas por causa dele".
 (Ayrton Senna)
 
 
É estranha a importância que se atribui ao dinheiro. Todos o valorizam, tanto quem o dá como quem o recebe, seja rico e poderoso, seja pobre e miserável. Ou falamos sem cessar do dinheiro, ou por educação evitamos mencioná-lo, sem no entanto perdê-lo de vista.

Dinheiro para as obras sociais, dinheiro para uma festa, dinheiro para a igreja, ou dinheiro simplesmente para comprar arroz. Mas tenha você dinheiro ou não, o sofrimento e a aflição existem.

O valor de uma pessoa é proporcional ao cargo que exerce, aos certificados que acumula, à sua capacidade profissional, à sua eficiência e ao salário que percebe.

E há a inveja do rico e a inveja do pobre, e o espírito de competição motivado pelo desejo de aparecer, de exibir roupas, sabedoria e brilho intelectual. Todo mundo deseja impressionar alguém e, quanto maior a platéia, tanto melhor.

Porém, mais importante que o dinheiro, só o poder. Os dois juntos formam uma dupla perfeita. Ainda que não tenha dinheiro, o sacerdote influi tanto sobre os ricos quanto sobre os pobres. 

Os políticos se aproveitam do povo de um país, do sacerdote, dos deuses, de tudo quanto necessário, para vencer e para transmitir aos demais o absurdo da ambição e a brutalidade do poder.

Não há limite para o dinheiro nem para o poder. Quanto mais possuímos, mais queremos possuir e isto não tem fim. Todavia, nem mesmo todo o dinheiro e poder do mundo eliminam o sofrimento. Por mais que você tente escapar dele ou esquecê-lo, ele estará sempre lá, como uma ferida profunda e incurável.

A fuga torna-se então de extrema importância. Mas ela é a essência da superficialidade, mesmo se tiver um aspecto de seriedade. Cabe-nos penetrar até o fundo de nós mesmos, desvendando os mais íntimos recessos de nossa consciência. É necessário perceber, sem criticar ou julgar, o mais leve vestígio ou inclinação do astuto pensamento, todo e qualquer sentimento ou determinada reação.

É o mesmo que seguir a trilha de um rio até sua origem. O próprio rio se encarrega de fazê-lo. Cumpre-nos acompanhar todas as pistas conducentes ao âmago do sofrimento. Para isto, basta observar, ver e ouvir. Precisamos empreender uma longa viagem para dentro de nós mesmos.

Enquanto existir a fuga, seremos incapazes de sentir paixão (*), e sem ela é impossível acabar com o sofrimento.
 
Krishnamurti 

 
(*) Ele se refere à paixão pelo autoconhecimento.
 
 

"Para compreendermos melhor o uso correto do dinheiro, tomemos o exemplo simbólico do sangue humano. O sangue flui por todas as partes do corpo, sem exceção. Ele desce, é usado pelo metabolismo, sobe ao cérebro, depois volta ao coração; circula em ritmo adequado, mais ou menos acelerado, conforme o caso; dá, assim, vida às células de todas as regiões do corpo. Enquanto perfaz o circuito, renova-se; à medida que caminha, não é mais o mesmo: transforma-se continuamente. O processo de circulação da energia monetária na sociedade pode ser comparado ao sangue humano. Se o sangue se estancasse em um local, se não atingisse as células, o que sucederia? Assim como nenhum ponto do corpo pode viver sem ele, nenhum indivíduo, na superfície do planeta, deveria ficar sem a energia material de que necessita.

Quando a energia monetária não flui corretamente é como se todo o sangue do planeta ficasse envenenado. Uma inteligência maior prepara-se para retirá-lo. Desde que o dinheiro foi criado pelo homem, congestionou-se em certos pontos do planeta; reteve-se nas mãos de alguns indivíduos que não permitem sua circulação, a não ser sob certas condições, deixando, assim, gangrenar o resto. Nesta civilização caduca e decadente, trabalha-se e pensa-se em função do que é indicado numa cédula, cheque, letra de câmbio ou papel semelhante, esquecendo-se de que essa indicação é dada pelo próprio homem e não supre nenhuma necessidade real que ele possa ter. Pode o dinheiro comprar a paz? Pode comprar a saúde? Pode comprar o desenvolvimento da consciência? Pode comprar a alegria verdadeira, que vai além do sorriso externo?" Extraído do livro “O Novo Começo do Mundo” - Trigueirinho

 

 

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