A SEDE DO AMOR HUMANO
A
sede de afeição e amor é uma necessidade humana, mas pode ser satisfeita apenas
se a pessoa se volta para o Divino. Enquanto ela busca satisfação em seres
humanos, sempre ficará desapontada ou ferida. Existe uma sede de amor que
nenhuma relação humana pode satisfazer. Apenas o amor do Divino pode satisfazer
essa sede.
Você
se sente solitário porque sente a necessidade de ser amado. Aprenda a amar sem
exigências, amar apenas pela alegria de amar (que é a mais maravilhosa alegria
do mundo!) e nunca mais se sentirá solitário.
Não é
o amor que alguém sente por você o que pode fazê-lo feliz, é o amor que você
sente pelos outros que o faz feliz: pois o amor que você dá, você recebe do
Divino (da Presença Divina interior), que ama eternamente e sem interrupção.
O
amor divino, o amor verdadeiro, encontra sua felicidade e satisfação em si
mesmo; ele não precisa de ser recebido e apreciado; nem precisa de ser
partilhado – ele ama pelo próprio amor, assim como uma flor desabrocha.
O
amor não é relação sexual. O amor não é atração vital e intercâmbio de desejos.
O amor não é a fome que o coração tem de afeições. O amor é uma poderosa
vibração que vem direto do Ser Supremo, e apenas as pessoas muito puras e muito
fortes são capazes de recebê-lo e manifestá-lo. Ser puro é estar aberto apenas
à influência do Supremo e a nenhuma outra.
A Mãe (Mira Alfassa)
Estranha
coisa o amor,
que se tornou tão respeitável:
o amor a deus, o amor ao
semelhante, o amor à família. Primorosamente demarcado como sacro e profano,
como dever e responsabilidade, como disciplina e sacrifício, tanto os
sacerdotes como os generais, ao planejarem as guerras, invocam o amor.
O
ciúme e a inveja alimentam o amor, que serve de prisão a toda forma de
relacionamento. Ele está nas telas do cinema, nas páginas das revistas, e cada
estação de rádio e televisão o apregoa. Ao findar o objeto do amor, surge a
foto emoldurada na parede, ou a imagem cultivada pela memória ou pela crença.
Esses valores passam de geração a geração, sem que o sofrimento tenha fim.
A
continuidade do amor resulta no prazer, sempre acompanhado da aflição; apegados
ao prazer, lutamos para nos desvencilhar da dor. Através da continuidade se
busca a permanência e a certeza nas relações.
Ao
evitar-se qualquer mudança nas relações, fica-se enredado na sensação opressiva
da segurança e na agonia do hábito. E, chamando de amor esse fluxo incessante
de prazer e dor, tornamo-nos prisioneiros daquela obsessão.
Para
escapar ao tédio, buscamos refúgio na religião e no romantismo, variável de
acordo com as pessoas, que em verdade é uma fuga eficaz perante o fato do
prazer e da dor. Sem esquecer, é claro, deus, o maior apelo e a derradeira
esperança da humanidade, e o qual se tornou tão respeitável e lucrativo.
Nada
disto é amor. Não há continuidade no amor; ao contrário da memória, ele ignora
o amanhã e o futuro. As recordações nascem das cinzas do passado, mas o amor é
livre do jugo do tempo e desconhece a promessa, a esperança e o desespero.
O
cérebro não pode conceber o amor pois este não pertence a nenhuma crença,
símbolo ou sentimento. De sua eterna morte e ressurreição advém a destruição
definitiva, o aniquilamento do conhecido, os quais são o próprio amor.
Jidu Krishnamurti
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