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segunda-feira, 25 de julho de 2016

A SEDE DO AMOR HUMANO


A sede de afeição e amor é uma necessidade humana, mas pode ser satisfeita apenas se a pessoa se volta para o Divino. Enquanto ela busca satisfação em seres humanos, sempre ficará desapontada ou ferida. Existe uma sede de amor que nenhuma relação humana pode satisfazer. Apenas o amor do Divino pode satisfazer essa sede.

Você se sente solitário porque sente a necessidade de ser amado. Aprenda a amar sem exigências, amar apenas pela alegria de amar (que é a mais maravilhosa alegria do mundo!) e nunca mais se sentirá solitário.

Não é o amor que alguém sente por você o que pode fazê-lo feliz, é o amor que você sente pelos outros que o faz feliz: pois o amor que você dá, você recebe do Divino (da Presença Divina interior), que ama eternamente e sem interrupção.

O amor divino, o amor verdadeiro, encontra sua felicidade e satisfação em si mesmo; ele não precisa de ser recebido e apreciado; nem precisa de ser partilhado – ele ama pelo próprio amor, assim como uma flor desabrocha.

O amor não é relação sexual. O amor não é atração vital e intercâmbio de desejos. O amor não é a fome que o coração tem de afeições. O amor é uma poderosa vibração que vem direto do Ser Supremo, e apenas as pessoas muito puras e muito fortes são capazes de recebê-lo e manifestá-lo. Ser puro é estar aberto apenas à influência do Supremo e a nenhuma outra.
 
A Mãe (Mira Alfassa)
 
 
 
Estranha coisa o amor, 
que se tornou tão respeitável: 
 
 
o amor a deus, o amor ao semelhante, o amor à família. Primorosamente demarcado como sacro e profano, como dever e responsabilidade, como disciplina e sacrifício, tanto os sacerdotes como os generais, ao planejarem as guerras, invocam o amor.

O ciúme e a inveja alimentam o amor, que serve de prisão a toda forma de relacionamento. Ele está nas telas do cinema, nas páginas das revistas, e cada estação de rádio e televisão o apregoa. Ao findar o objeto do amor, surge a foto emoldurada na parede, ou a imagem cultivada pela memória ou pela crença. Esses valores passam de geração a geração, sem que o sofrimento tenha fim.

A continuidade do amor resulta no prazer, sempre acompanhado da aflição; apegados ao prazer, lutamos para nos desvencilhar da dor. Através da continuidade se busca a permanência e a certeza nas relações.

Ao evitar-se qualquer mudança nas relações, fica-se enredado na sensação opressiva da segurança e na agonia do hábito. E, chamando de amor esse fluxo incessante de prazer e dor, tornamo-nos prisioneiros daquela obsessão. 

Para escapar ao tédio, buscamos refúgio na religião e no romantismo, variável de acordo com as pessoas, que em verdade é uma fuga eficaz perante o fato do prazer e da dor. Sem esquecer, é claro, deus, o maior apelo e a derradeira esperança da humanidade, e o qual se tornou tão respeitável e lucrativo.

Nada disto é amor. Não há continuidade no amor; ao contrário da memória, ele ignora o amanhã e o futuro. As recordações nascem das cinzas do passado, mas o amor é livre do jugo do tempo e desconhece a promessa, a esperança e o desespero.

O cérebro não pode conceber o amor pois este não pertence a nenhuma crença, símbolo ou sentimento. De sua eterna morte e ressurreição advém a destruição definitiva, o aniquilamento do conhecido, os quais são o próprio amor.
 
 
Jidu Krishnamurti
 
 

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