A CRISE ESPIRITUAL DO HOMEM
"Para caminhar com segurança através do labirinto
da vida humana, é preciso a luz da sabedoria
e a orientação da virtude".
Soou a hora de nos associarmos conscientemente às duas leis da
compensação e da evolução. Podemos basear a nossa maneira geral de viver
no interesse egoísta, nos surtos da emoção, na astúcia calculista ou no
ocioso vogar ao sabor das circunstâncias. Em consequência disso,
poderemos encontrar benefícios momentâneos, mas não os encontraremos
permanentes. Ou podemos baseá-la na Filosofia. Se o fizermos, deixaremos
de parte o velho jogo do ensaio, do erro e do sofrimento e começaremos a
viver pelo entendimento.
Nesse caso não será o inesperado, senão o
esperado que nos acontecerá. Se um homem puder olhar impessoalmente
para a própria existência presente e analiticamente para a própria
história passada, principiará a nascer-lhe a compreensão e mais tarde,
da compreensão o domínio. Aquele para o qual a busca da excelência
moral e da sabedoria prática é algo mais que uma frase, encontrará tanto
nas boas quanto nas más fortunas da existência auxílios para a
consecução dos seus propósitos.
Verá os erros que cometeu, as causas
psicológicas que o levaram a cometê-los e as consequências externas que
eles acarretaram; e, vendo-o, sofrerá. Se esse sofrimento insculpir em
sua mente uma atitude nova e mais alevantada, não será considerado como
algo que deve ser evitado, senão como algo que deve ser aceito. Se, ao
percebê-lo, o homem cooperar consciente e deliberadamente com o processo
de gestação, triunfará sobre ele. Do sofrimento assim encarado com
propriedade, sacará o homem um poder intensificado para controlar o seu
eu inferior e uma realçada capacidade para compreendê-lo. E toda experiência nova passará a ser como que o azeite para a chama
do seu crescente entendimento.
Mas ele só chega a esse resultado porque
modificou a sua atitude, adotando a de um sôfrego aprendiz e trocando a
egoísta interpretação da vida por uma interpretação impessoal. Para
outros, o sofrimento poderá trazer uma consciência entorpecida, mas para
um homem assim, trará um ciclo de novo crescimento. Sempre que uma
grande angústia lhe envolver a vida pela primeira ou pela quarta vez,
seja ela provocada pela não anunciada reviravolta da fortuna ou pela
ansiedade não prevista de acontecimentos surpreendentes, seja produzida
pela malfeitoria de um ser humano ou pela trágica notícia de uma carta
escrita, seja uma dolorosa moléstia ou um fracasso tremendo, ele,
instintivamente, fará a si mesmo perguntas como estas: “Por que foi que
isso me aconteceu?” ou “Por que entrou em minha vida essa pessoa?” e, a
seguir, refletirá imparcialmente, com frieza e com vagar, até poder
descobrir-lhe a significação física ou interior. Pois a vida não teria
acrescentado essa angústia à sua experiência se ela não lhe fosse
devida, o que quer dizer, se ele não a tivesse merecido ou não tivesse necessidade dela.
Uma análise filosófica desse jaez lhe mostrará amiúde que
algumas causas existentes dentro dele são responsáveis por muitos
acontecimentos externos. Despertado pelo sofrimento para a necessidade
de eliminar defeitos ou cultivar qualidades imprescindíveis e, portanto,
de aprimorar-se, o homem transmuda o sofrimento em benefício.
Compreende , então, que todo defeito de caráter ou falha de julgamento
acabam redundando num deficit de felicidade.
O problema de fazer
escolhas certas ou tomar decisões sábias não é fácil. O homem pode ajudar
a mudar o curso do próprio destino alterando a forma do seu caráter, da
sua inteligência e do seu talento, ou modificando a forma, a energia, a
saúde e o estado de seu corpo. Se se aceitar, inerte, tal e qual é,
terá de aceitar também que se cumpra o seu destino. Quando a lei da
recompensa lhe planeja o fadário com duras condições de vida ou
infortúnios não desejados, o homem se desagrada dessa dureza. Se,
todavia, enquanto tenta melhorar as condições ou afastar os infortúnios,
o homem aceita de bom grado a lei como justa, revela sabedoria e
encurta o período de sofrimento.
Paul Brunton
Entendo que não adianta mudar as situações externas que nos desagradam e, sim, a nossa relação para com elas a partir de um trabalho interno. De acordo com Paul Brunton "O homem pode ajudar
a mudar o curso do próprio destino alterando a forma do seu caráter, da
sua inteligência e do seu talento, ou modificando a forma, a energia, a
saúde e o estado de seu corpo". Ele está certo, pois quando compreendemos a nós mesmos e as circunstâncias que nos envolvem, alteramos os resultados sem ter de provocar mudanças externas, que virão, sem dúvida, espontaneamente. KyraKally
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