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quarta-feira, 29 de abril de 2015

O AUTOCONHECIMENTO 
É A MAIOR DAS REBELDIAS


Algumas coisas antes de introduzirmos 
estes sutras de Heráclito.

Primeiro: conhecer a si mesmo é a coisa mais difícil. 
Não deveria ser assim. Deveria ser exatamente o oposto,
a coisa mais simples. Mas não é — por muitas razões. 
Tornou-se tão complicado, pois você investiu tanto na auto-ignorância que parece quase impossível retornar, 
voltar à fonte, encontrar a si mesmo.

Toda a sua vida, tal como ela é, como é aprovada 
pela sociedade, pelo Estado, pela Igreja, está baseada 
na auto-ignorância. Você vive sem se conhecer, 
porque a sociedade não quer que você se conheça. 
É perigoso para a sociedade. Um homem que conhece 
a si mesmo está destinado a ser rebelde.

O conhecimento é a maior das rebeldias — quer dizer,
 o autoconhecimento, não o conhecimento acumulado 
através de escrituras, não o conhecimento encontrado 
nas universidades, mas o conhecimento que acontece 
quando você encontra o seu próprio ser, quando chega 
a si mesmo na sua nudez total; quando você se vê 
como Deus o vê, não como a sociedade gostaria de vê-lo;
quando você vê o seu ser natural, no seu florescimento 
total e selvagem — não o fenômeno civilizado, 
condicionado, educado, polido.

A sociedade está interessada em fazer de você um robô, 
não um revolucionário, porque o robô é mais útil. 
É fácil dominar um robô; é quase impossível dominar 
um homem de autoconhecimento. Como se pode 
 dominar um Jesus? Como se pode dominar 
um Buda ou um Heráclito?

Ele não cederá, não obedecerá ordens. Ele se moverá
 através de seu próprio ser. Será como o vento, 
como as nuvens; ele se moverá como os rios. 
Será selvagem — naturalmente belo, natural, 
mas perigoso para a falsa sociedade. Ele não se ajustará. 
A menos que criemos no mundo uma sociedade natural, 
um Buda continuará sendo sempre um desajustado, 
um Jesus certamente será crucificado.

A sociedade quer dominar; as classes privilegiadas 
querem dominar, oprimir, explorar. Gostaria que você permanecesse completamente inconsciente de si mesmo. 
Esta é a primeira dificuldade. E a pessoa tem de nascer 
numa sociedade. Os pais fazem parte da sociedade, 
os professores fazem parte da sociedade, os padres 
fazem parte da sociedade. A sociedade está em toda parte, 
à sua volta. Parece realmente impossível — como escapar?
Como encontrar a porta que leva de volta à natureza? 
Você está cercado por todos os lados.

A segunda dificuldade vem do seu próprio ser — porque 
você também gostaria de oprimir, de dominar; 
você também gostaria de possuir, de ser poderoso. 
Um homem de autoconhecimento não pode ser escravizado,
 e também não pode escravizar ninguém. Não se pode 
oprimir um homem de conhecimento e um homem 
de conhecimento não pode oprimir ninguém. 
Ele não pode ser dominado e não domina. 
A dominação simplesmente desaparece nessa dimensão. 
Você não pode possuí-lo e ele não possui ninguém.

Ele é livre e ajuda os outros a serem livres.

Esta é uma dificuldade ainda maior do que a primeira. 
Você pode evitar a sociedade, mas como evitar 
o seu próprio ego? Você sente medo — porque um homem 
de conhecimento simplesmente não pensa em termos 
de posse, de domínio, de poder. É inocente como uma criança. 
Ele gostaria de viver totalmente livre, e gostaria
 que os outros também vivessem livres.

Esse homem será uma liberdade aqui neste seu mundo 
de escravidão. Você gostaria de não ser explorado? 
Sim, você responderá, você gostaria de não ser explorado. Gostaria de não ser um prisioneiro? Sim, você gostaria de não ser um prisioneiro. Mas gostaria também da outra coisa? — de não prender ninguém? Não dominar, 
não oprimir e explorar? Não matar o espírito, 
não transformar o outro num objeto? Isso é difícil.

E lembre-se: se você quiser dominar, você será dominado. 
Se você quiser explorar, você será explorado. 
Se você quiser que alguém seja seu escravo, 
você será escravizado. Os dois lados pertencem 
à mesma moeda. Esta é a dificuldade do autoconhecimento. Senão, o autoconhecimento seria a coisa mais simples, 
a mais fácil. Não haveria nenhuma necessidade 
de se fazer qualquer esforço.

Os esforços são necessários para essas duas coisas, 
elas são as barreiras. Observe e veja essas duas barreiras, 
e comece abandonando a sua. Primeiro, pare de dominar, 
de possuir e explorar, e de repente será capaz 
de escapar da armadilha da sociedade.

 
 
Osho, em "A Harmonia Oculta - 
Discursos Sobre os Fragmentos de Heráclito"
 
 
 
 
Para deixar de possuir, primeiro temos que possuir. Para deixar de dominar, primeiro temos que dominar. Para deixar de explorar, primeiro temos que explorar. Sentir as amarguras das consequências dessas atitudes é fundamental para a compreensão e a repulsão de comportamentos incoerentes com a 'Vida", que é amor, partilha, irmandade e unicidade. É necessário passar pelo 'inferno' para chegar ao 'céu'. No paraíso apenas relaxamos (para a próxima jornada), no inferno (mundo das ilusões) aprendemos com o sofrimento, que ainda é um instrumento útil para o crescimento do homem mundano. KyraKally

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