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segunda-feira, 27 de abril de 2015

LUZ NO CAMINHO - parte 1


Antes que os olhos possam ver, 
devem ser incapazes de lágrimas. 
Antes que o ouvido possa ouvir, 
deve ter perdido a sensibilidade. 
Antes que a voz possa falar em presença dos Mestres, 
deve ter perdido a possibilidade de ferir. 
Antes que a alma possa erguer-se em presença 
dos Mestres, é necessário que seus pés
tenham sido lavados no sangue do coração.


Mata a ambição. A ambição é o primeiro defeito, 
a grande tentadora do homem, que se eleva acima 
de seus semelhantes. É a forma mais simples 
de procurar a recompensa. É ela que, continuamente,
 desvia o homem de suas possibilidades superiores. 


Entretanto, é um instrutor necessário. 
Os seus resultados convertem-se em pó e cinza na boca; 
como a morte e o retraimento, demonstra, finalmente, 
ao homem, que trabalhar para si  é trabalhar 
para uma decepção inevitável.


Mesmo quando lhe pareça tão fácil 
e singela, não a considereis levianamente, 
porque estes vícios do homem ordinário
 sofrem uma transformação
sutil e reaparecem sob outro aspecto 

no coração do discípulo.


O artista puro, que trabalha por amor à sua obra, 
está algumas vezes mais firmemente colocado 
no verdadeiro caminho do que imagina haver apartado 
de si o interesse próprio, porém que,
em realidade, apenas alargou os limites da experiência 
e do desejo e transferiu os seus interesses a coisas relacionadas com a sua maior expansão de vida.


Mata o desejo de viver. Mata o desejo de conforto.
O mesmo princípio se aplica a estas duas citações,
 de aparência tão simples. Fixa a tua atenção nelas e não te deixes enganar facilmente pelo teu próprio coração; 
pois agora, no limiar, um erro pode remediar-se. 
Mas, se o levas contigo, crescerá e dará frutos, 
e então terás que sofrer amargamente ao destruí-lo.


Trabalha como trabalham os que são ambiciosos. 
Respeita a vida como fazem os que a desejam.
 Sê tão feliz como os que vivem para a felicidade.
Procura em teu coração o raiz do mal e arranca-a,
esta raiz vive no coração do homem fervoroso, 
tanto quanto no homem de desejos. 


Somente o forte pode destruí-la. O fraco tem que esperar 
seu crescimento, sua frutificação e sua morte.
É esta planta que vive e se desenvolve através das idades. Floresce quando o homem acumulou 
em si existências inumeráveis.


Mas lembra-te que tens que passar por esta prova 
e reforçar as energias de tua alma para tal empresa. 
Não vivas nem no presente nem no futuro, 
mas sim no eterno. Ali não pode florescer esta erva gigantesca; a própria atmosfera do pensamento eterno 
apaga esta mancha da existência.


Mata todo sentimento de separatividade.
 Não imagines que pode separar-te do homem malvado 
ou do insensato. Eles são tu mesmo, se bem que 
em menor grau do que o teu amigo ou teu mestre.
 Mas, se deixas arraigar-se em ti a ideia de separação 
de qualquer coisa ou pessoa má, ao agires assim, 
crias Karma que te ligará àquela coisa ou pessoa,
 até que tua alma reconheça que não pode estar isolada. 


Relembra que o pecado e o opróbrio do mundo 
são teu pecado e teu opróbrio, porque fazes parte 
desse mundo; o teu Karma está entretecido de um modo intrincado com o grande Karma. E antes que tenhas 
obtido o conhecimento, é preciso que hajas passado
por todos os lugares, tanto imundos como puros.


Portanto, tem presente que o vestuário manchado, 
cujo contato te repugne hoje, pode ter sido o teu de ontem, 
ou talvez o seja amanhã. E se, horrorizado,
dele apartas o olhar, uma vez lançado sobre teus ombros, 
mais aderirá a ti. O homem que se crê justo prepara para si mesmo um leito de lodo. Abstém-te, não para permaneceres limpo, mas porque abster-te é um dever.


Mata o desejo de sensação. Mata a sede de crescimento. Entretanto, mantém-te só e isolado, 
porque nada de quanto tem consciência da separação, 
nada de quanto não seja eterno, pode vir em teu auxílio. 
Estuda a sensação e observa-a, 
porque unicamente assim podes começar 
a ciência do conhecimento próprio e colocar 
o pé no primeiro degrau da escada.
 


Cresce como a flor, inconscientemente, mas ardendo 
em ânsias de entreabrir sua alma à brisa. 
Assim é como deves avançar: abrindo tua alma ao eterno. 
Mas há de ser o eterno o que deve desenvolver a tua força 
e a tua beleza, e não o desejo de crescimento. 
Porque, no primeiro caso, florescerás com a
louçania da pureza, e no outro te endurecerás com 

a avassaladora paixão da importância pessoal.




Texto extraído do livro de Mabel Collins,
Luz no Caminho





"Para alguns, este pequeno livro será a primeira revelação daquilo que estiveram procurando às cegas durante toda a sua vida. Para outros, será o primeiro pedaço do pão espiritual dado para satisfazer a fome da alma. Para muitos será o primeiro copo d’água da fonte da vida, dado para apagar a sede que os consumia".




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