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terça-feira, 28 de abril de 2015

LUZ NO CAMINHO - Parte 2


      Deseja unicamente o que está em ti.

          Deseja unicamente o que está fora de teu alcance.

                      Deseja unicamente o que é inatingível.


Porque em ti está a luz do mundo, a única luz que pode ser projetada sobre o caminho. Se és incapaz de percebe-la dentro de ti, é inútil que a procures em outra parte. Está fora do teu alcance, porque, quando chegares a ela, já não te encontrarás a ti mesmo. É inatingível, porque retrocede sempre. Estarás no seio da luz, mas nunca tocarás a chama.

    
Deseja ardentemente o poder.

                 Deseja ardentemente a paz.

                               Deseja as possessões acima de tudo.


Mas estas possessões devem pertencer à alma pura e, consequentemente, devem ser possuídas igualmente por todas as almas puras, sendo, assim, a propriedade especial do todo que, unidas, constituem. Anela as possessões próprias da alma pura, a fim de que possas acumular riquezas para aquele espírito comum de vida, que é o teu único ser verdadeiro. A paz que deves desejar é aquela paz sagrada que nada pode perturbar, e no seio da qual cresce como a flor santa no seio das lagoas imóveis. É esse o poder que deve aspirar o discípulo, o poder que o fará aparecer como nada os olhos dos homens.

       
            Procura o caminho.
 

Estas três palavras parecerão, talvez, muito insignificantes para constituir por si só uma indicação E não te apresses a passar adiante. Detém-te e medita um pouco. É realmente o caminho que desejas, ou é que a tua fantasia te oferece uma vaga perspectiva de elevadas alturas para escalar, ou um grande futuro para para abarcar? Tem presente a advertência. O caminho há de ser buscado por ser o caminho, e sem ter em conta os teus pés que o devem percorrer. É preciso estar seguro de que se escolheu o caminho pelo caminho mesmo. O caminho e a verdade vêm primeiro; logo após segue a vida.

              

                Busca o caminho, retirando-te para o interior.

                                   Busca o caminho, 

                avançando resolutamente para o exterior.

 

Busca-o, mas não em uma direção única. Para cada temperamento existe uma via Busca-o, mas não em uma direção única. Para cada temperamento existe uma via que parece a mais desejável. Porém, só pela devoção não se encontra o caminho, nem pela mera contemplação religiosa, nem pelo ardor de progresso, nem pelo laborioso sacrifício de si mesmo, nem pela estudiosa observação da vida.
 
Nenhuma destas coisas por si só faz adiantar ao buscador mais que um passo. Todos os degraus são necessários para subir a escada, um a um, à proporção que vão sendo dominados. As virtudes do homem são, em verdade, degraus necessários, dos quais não se pode prescindir de modo algum. Entretanto,  ainda que criem uma bela atmosfera e futuro feliz, são inúteis, se estão isoladas. A natureza toda do homem deve ser sabiamente empregada por aquele que deseja entrar no caminho. 

Cada homem é absolutamente para si mesmo o caminho, a verdade e a vida. Só o é, porém, quando domina firmemente toda a sua individualidade, e quando, pela energia de sua acordada espiritualidade, reconhece que esta individualidade não é ele mesmo, mas uma coisa que ele criou trabalhosamente para seu uso e por cujo meio se propõe, à proporção que o seu crescimento desenvolve lentamente a sua inteligência, alcançar a vida além da individualidade. Quando sabe que para isto existe a sua assombrosa vida complexa e separada, então em verdade, e só então, se acha no caminho. 

Busca-o submergindo-te nas misteriosas e esplêndidas profundidades do mais íntimo de teu ser. Busca-o provando toda a experiência, utilizando os sentidos a fim de compreender o desenvolvimento e a obscuridade desses outros fragmentos divinos que contigo e a teu lado combatem e que formam a raça a qual pertences. 

Busca-o estudando as leis do ser, as leis da natureza, as leis do sobrenatural: e busca-o prosternando a tua alma ante a pequena estrela que arde no interior. Enquanto vigias e adoras com perseverança, a sua luz irá sendo cada vez mais brilhante. Então poderás reconhecer que encontraste o começo do caminho. E quando chegares ao fim, a sua luz se converterá subitamente em luz infinita.

Busca-o provando toda a experiência, e não te esqueças de que, ao dizer isto, não digo: cede Às seduções dos sentidos a fim de conhece-las. Antes de converter-te em ocultista, podes faze-lo, porém não depois. Uma vez que tenhas escolhido o caminho e nele penetrado, já não podes, sem receio, ceder a tais seduções. Podes experimentá-las sem horror, podes observa-las, medi-las, analisa-las e esperar, com paciência e confiança, a hora em que nenhuma impressão causem em ti.

Mas não condenes o homem que cede; estende-lhe a mão como a um teu irmão peregrino, cujos pés se tornaram pesados de lama. Tem presente – ó discípulo! – que, por grande que seja o abismo que existe entre o homem virtuoso e o pecador, é ainda maior entre o homem virtuoso e aquele que obteve o conhecimento; e que é incomensurável entre o homem virtuoso e aquele que se acha nos umbrais da divindade. Portanto, guarda-te de imaginar, antes do tempo, que és alguma coisa distinta da massa.

Quando houveres encontrado o começo do caminho, a estrela da tua alma deixará ver sua luz e, com sua claridade, perceberás quão grande é a escuridão no meio da qual brilha. A mente, o coração, o cérebro, tudo está escuro e em trevas, até que se tenha ganho a primeira batalha. Mas não deixes, por isso, que o espanto e o temor te dominem; mantém teus olhos fixos na pequena luz e esta irá crescendo. Porém, faze com que a escuridão interior te ajude a compreender a desolação daqueles que não viram luz alguma e cujas almas estão sumidas em profundas trevas.
 

Não os censures nem te apartes deles; antes, pelo contrário, procura aliviar algum tanto o pesado Karma que ao mundo oprime; presta a tua ajuda aos poucos braços vigorosos que impedem as potências das trevas de obter uma completa vitória. Agindo desta forma, começarás a participar da felicidade, que, em verdade, acarreta um terrível trabalho e uma tristeza profunda, porém que é também um manancial de delícias sem fim.




Texto extraído do livro de Mabel Collins,
 Luz no Caminho



" Aqueles a quem este livro está destinado, reconhecerão seu significado interno e, depois de o haver compreendido, já não voltarão a ser os mesmos de outrora. Disse o poeta: “Por onde eu passo, todos os meus filhos me reconhecem”, e assim, todos os Filhos da Luz reconhecerão este livro como para eles. Quanto aos outros, só podemos dizer-lhes que, a seu tempo, estarão prontos para esta grande mensagem".


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