NOSSO DESCONHECIDO MUNDO INTERIOR
Para descobrir o que de fato somos, onde estamos ou o que fazemos em
outros planos da vida, sutis e espirituais, temos de contatar as
chamadas “leis interiores”, energias sobre as quais pouco ou nada
sabemos.
As leis interiores são as da vida da alma, do espírito. É do contato
com essas energias que surge o relacionamento consciente do ser humano
com o mundo interno.
Enquanto estamos identificados com forças da personalidade, tememos
transformações, escolhemos as mudanças que queremos e negamos outras que
não queremos. Como personalidade é impossível saber o que realmente
somos. Por isso, as leis que dizem respeito ao profundo do ser começam a
desvelar-se só quando de verdade nos entregamos ao mundo interno.
Nossa vida terrena passa, então, a integrar uma existência mais ampla. O
fato de começarmos a prestar atenção no mundo interno e irmos
considerando a atividade externa menos importante, isso já decorre da
atuação das leis interiores.
Tenhamos em conta que a maior parte de nossas atividades externas
normais nada tem a ver com o mundo interno. À proporção que nos voltamos
para a realidade dele, chegam-nos as primeiras percepções acerca disso.
A vida interior apresenta-se a nós de duas maneiras: bem suave, quase
imperceptível, ou abruptamente. No primeiro caso, nem sequer percebemos
que estamos ingressando nela. Notamos apenas que as coisas externas já
não exercem a mesma atração sobre nós, já não têm tanta relevância.
No segundo caso, somos despertados por acontecimentos inesperados.
Ocorre algo muito forte e consistente e, a partir daí, como em uma
conversão repentina, passamos a buscar o mundo interno e perdemos a
inclinação para a vida material.
A transformação profunda e real em nosso ser não se realiza por nós
humanamente. Provém do interior da vida e vai-se refletindo devagar no
mundo material e na ação externa. Nessa fase de adaptações, muitas
pessoas descobrem-se em ambiguidade: já sabem o que devem realizar, mas
continuam agindo de maneira oposta, como se não soubessem.
Do ponto de vista espiritual, um padrão de vida é determinado pelo
enfoque da consciência. Se nos transformamos e nos elevamos, é natural
que se operem mudanças de padrão. Por isso, em meio a nossas
transformações, podem surgir em nós conflitos com o padrão de vida que
vínhamos adotando.
Todavia, é bom termos em conta que pode ocorrer também de estarmos no
mesmo padrão de vida externo, mas com a consciência já em novo ponto. É
aos poucos que começará a surgir o padrão que lhe corresponde.
Enquanto nos restringimos a leis da matéria, o modo de vida que
adotamos parece-nos por demais importante. Temos de nos dedicar muito a
ele para que mantenha um certo nível e não decaia. Mas, quando chegamos a
contatar as leis interiores, já não temos de nos preocupar com isso. A
vida externa vai surgindo por si, e os fatos se sucedem por inspiração
espiritual superior – tudo o que ocorre, então, está correto e tem um
propósito divino.
Desaparece de nós, por completo, a preocupação com o futuro e o
interesse pelos resultados das ações. Sabemos que a partir daí as coisas
vão se desenvolver não como fatos, mas em relação com o nível da
consciência. Baseados nas leis interiores, ficamos cientes de que tudo
vai bem.
José Trigueirinho Netto
https://www.otempo.com.br
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