Uma das funções da mente é a de elevar a vibração das células cerebrais, o que resulta da convergência dos pensamentos para temas elevados. Tendo cumprido essa função, a mente deve renunciar ao predomínio sobre a pessoa, a fim de não se tornar obstáculo ao conhecimento intuitivo, que vem de plano de consciência superior.
A mente, com seu poder de análise e dedução, vê tanto o positivo quanto o negativo, e então julga. Mas é quando se enfocam os lados mais positivos das pessoas ou dos fatos da vida que se é auxiliado na correta formação da mente. Aprende-se assim a transcendê-la rumo a uma nova percepção - a agudeza e a capacidade crítica se transformam no dom de captar a realidade.
O nascimento de uma nova consciência inclui reestruturar a mente. Isso não significa apenas reordená-la, mas sobretudo transmutá-la, o que se torna possível pela concentração no mundo interior e pelo serenar do raciocínio.
A mente racional é incapaz de transcender a si mesma, mas quando tocada por energias maiores, pode com elas cocriar. Quando a energia da alma flui, esvaecem-se as ilusões, iluminam-se os ângulos escuros do ser e lhe vem a certeza de estar no rumo certo. Se persistir, começam a emergir qualidades que estavam ocultas. Surge, também, a capacidade de transformar forças e energias que o circundam, levando-o a prestar serviço ao ambiente e àqueles com quem convive.
Para que essa energia da alma flua livremente, o indivíduo deve aspirar a servir e a se doar incondicionalmente. Esquecer de si mesmo, sem todavia deixar de dar ao corpo físico os cuidados necessários. Refletir sobre a ousadia, o destemor, a coragem, a prudência, o silêncio e a receptividade - qualidades que sempre precisa desenvolver.
Esse processo não é fácil nem difícil. Cabe ao homem apenas permitir que se realize. A ansiedade deve ceder lugar à rendição ao mundo interior, ao lado interno do próprio ser. Aprofundar o silêncio, amar o eu interno e observar se a atividade e a quietude têm valores equivalentes.
É essencial que as mudanças inevitáveis no decorrer da vida não influam no ânimo do buscador. A energia da alma emerge nesse clima de neutralidade que é criado pelo lado mais consciente do ser desde que o homem decida criá-lo por amor à paz e à harmonia. A certa altura, ele vai percebendo que é a alma, na realidade, que lhe traz essa decisão e a capacidade de levar adiante as transformações requeridas.
Em todo esse processo, jamais esquecer que a aspiração é fundamental e que a fé é imprescindível - é a mola de tudo. Limitar a fé produz proporcional interrupção no fluir da energia da alma.
Nós não estamos separados do nosso mundo, pelo que, quando a maioria dos seres humanos se libertar da ilusão egoica, essa mudança interior afetará toda a criação. Habitaremos literalmente, num mundo novo. Será uma alteração de consciência planetária. O estranho provérbio budista, que diz que cada árvore e cada folha se tornarão iluminadas, aponta para a mesma verdade.
Segundo São Paulo, toda a criação está à espera que os seres humanos se tornem iluminados. É assim que eu interpreto a frase "O Universo criado espera com grande expectativa que os filhos de Deus sejam revelados.” E São Paulo continua, dizendo que toda a criação será redimida através disso: “Até ao presente… todo o Universo criado em todas as suas partes geme como se estivesse com as dores de parto”. O que está a nascer é uma nova consciência e, como seu reflexo inevitável, um novo mundo. A mesma coisa está prevista no Apocalipse: “Então eu vi um novo Céu e uma nova Terra, pois o primeiro céu e a primeira Terra tinham desaparecido.
Eckhart Tolle, em "O Poder do Agora"
https://p4zeequilibrio
J. Krishnamurti This Light in Oneself
http://legacy.jkrishnamurti.org
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