O PENSAMENTO E A VONTADE DA ALMA
Pensar é uma atividade que, na maior parte da humanidade, fixa a mente em coisas concretas, externas e visíveis.
Quando
a pessoa ainda não aprendeu que pode controlar o pensamento, este se
torna desenfreado. E, quanto mais desenfreado, mais a mente se fixa em
coisas externas e concretas e mais difícil se torna concentrá-la em
coisas abstratas, elevadas. Assim, a mente se distrai, se dispersa e se
mantém voltada para o que os sentidos apresentam. E muitas vezes a
pessoa nem se dá conta da própria dispersão.
Quem está consciente do próprio estado de dispersão e está em uma busca
espiritual, quer concentrar-se, porque só assim consegue centralizar a
energia mental e direcioná-la para os níveis mais elevados da
existência.
No passado foram criados muitos exercícios de concentração adequados
para a mente daqueles tempos. Mas em geral os que faziam os exercícios
tinham uma vida organizada, harmoniosa, sadia e disciplinada.
Não é o caso da maioria das pessoas de hoje. Atualmente, nossa
civilização estimula o consumismo e uma forma de vida desordenada,
comandada pelos desejos. Se alguém fizer hoje os exercícios de
concentração criados no passado e viver como a maioria vive em nossos
dias, cedendo aos apelos dos desejos, não conseguirá concentrar-se
porque lhe faltará certo ascetismo na vida diária, imprescindível para a
concentração.
Além disso, com o passar dos tempos, a consciência e a mente humanas se
desenvolveram e os vários níveis de consciência na mente se
aproximaram. Portanto, os antigos exercícios de concentração não são
mais adequados à mente atual.
Quando se pratica o ascetismo, ou seja, quando se renuncia a tudo o que
dispersa, quando se repele tudo o que não leva aos níveis espirituais,
quando se controlam os próprios impulsos no dia a dia, a concentração
pode finalmente ocorrer.
Extraído do livro “Trabalho Espiritual com a Mente” – Trigueirinho
https://www.progresso.com.br
A vontade da alma - quando ela nos guia nos atos da nossa vida
As
escolhas mais decisivas para o curso da vida partem do centro do ser,
da nossa alma. Mas, embora seja ela que determine os rumos básicos que
temos de seguir, a personalidade, nosso eu externo, também possui certo
poder de decisão.
Como
personalidade, usamos o livre-arbítrio e, pelo exercício de inumeráveis
escolhas, vamos aprendendo a abandonar o que prejudica a evolução, até o
momento em que começamos a perceber a voz da alma.
A
capacidade de decisão da personalidade varia, portanto, segundo os
graus evolutivos que vamos atingindo. É bastante forte e dominante
enquanto nos deixamos conduzir pelos aspectos materiais do nosso ser: o
físico, o emocional e o mental. Redimensiona-se gradualmente à medida
que optamos pela evolução superior.
Quando
transferimos as decisões para a alma, dela começam a vir provas para
nos purificar e oportunidades para evoluirmos. A personalidade então
vai-se tornando mais flexível e obediente e, por fim, compreendemos qual
é nossa tarefa como alma encarnada.
Para
cumprir essa tarefa, necessitamos de indicações provindas da alma, que
conhece as leis evolutivas e nosso destino. Assim, quando nos entregamos
à vontade da alma, quando é ela que nos guia os atos, consuma-se o que
está previsto para nossa vida na Terra.
Um
período de purificações e ajustes antecede a vida regida pela vontade
da alma. Desse período pode fazer parte o que se costuma chamar de "fase
do arrependimento".
No
sentido espiritual, arrependimento é a predisposição para reconhecer
erros e imediatamente agir de modo a equilibrá-los. O arrependimento é
um impulso para sanar as desarmonias que causamos. Se nos arrependemos
dessa maneira, isto é, se passamos a agir equilibradamente,
preparamo-nos de fato para novas etapas do caminho.
Como
evoluímos por ciclos, há prazos estabelecidos internamente para darmos
certos passos. Cada ciclo oferece-nos uma série de oportunidades que,
pela lei do carma, ficam disponíveis. Se não as acolhermos, teremos
dificuldade de passar para o ciclo seguinte.
Contudo,
se não conseguirmos dar os passos previstos, teremos de algum modo
outras oportunidades de evolução, pois vivemos num universo regido pela
lei do amor. Assim, se temos de repetir um ciclo, podemos aplicar o que
já aprendemos. Se nos deixarmos levar pelo aspecto negativo de nosso
"fracasso", nada mais seremos que instrumento de provas para os que
estão cumprindo etapa semelhante. Mas, se adotarmos atitudes positivas,
podemos ser estímulo ao avanço para todos, que usufruirão nossa
experiência anterior de queda.
Quando
estamos sendo guiados pela alma, amplia-se mais nossa capacidade de
servir, de ajudar aos semelhantes. Vemos dentro de cada ser uma essência
espiritual. Todos vêm da mesma fonte criadora, e o amor é a primeira
lei do sistema solar. Assim, a todos tratamos naturalmente com amor.
Pela
lei do amor, todo ser tem seu lugar no universo, onde melhor pode
desenvolver sua aptidão, sua forma de doar-se. Mas ninguém é capaz de
reconhecer esse lugar usando só a mente ou o desejo de servir. Apenas no
profundo do nosso ser sabemos onde está.
O fundamental é ter a busca interna como prioridade em nossa vida.
José Trigueirinho Netto
https://www.otempo.com.br
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