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terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

 O PENSAMENTO E A VONTADE DA ALMA

Pensar é uma atividade que, na maior parte da humanidade, fixa a mente em coisas concretas, externas e visíveis.

Quando a pessoa ainda não aprendeu que pode controlar o pensamento, este se torna desenfreado. E, quanto mais desenfreado, mais a mente se fixa em coisas externas e concretas e mais difícil se torna concentrá-la em coisas abstratas, elevadas. Assim, a mente se distrai, se dispersa e se mantém voltada para o que os sentidos apresentam. E muitas vezes a pessoa nem se dá conta da própria dispersão.

Quem está consciente do próprio estado de dispersão e está em uma busca espiritual, quer concentrar-se, porque só assim consegue centralizar a energia mental e direcioná-la para os níveis mais elevados da existência.

Entretanto, para conseguir concentrar-se, não basta simplesmente querer, nem mesmo fazer exercícios sistemáticos. A concentração só ocorre de fato quando a pessoa renuncia àquilo que a atrai, agrada ou contenta e se volta prioritariamente para a busca espiritual.

No passado foram criados muitos exercícios de concentração adequados para a mente daqueles tempos. Mas em geral os que faziam os exercícios tinham uma vida organizada, harmoniosa, sadia e disciplinada.

Não é o caso da maioria das pessoas de hoje. Atualmente, nossa civilização estimula o consumismo e uma forma de vida desordenada, comandada pelos desejos. Se alguém fizer hoje os exercícios de concentração criados no passado e viver como a maioria vive em nossos dias, cedendo aos apelos dos desejos, não conseguirá concentrar-se porque lhe faltará certo ascetismo na vida diária, imprescindível para a concentração.

Além disso, com o passar dos tempos, a consciência e a mente humanas se desenvolveram e os vários níveis de consciência na mente se aproximaram. Portanto, os antigos exercícios de concentração não são mais adequados à mente atual.

Quando se pratica o ascetismo, ou seja, quando se renuncia a tudo o que dispersa, quando se repele tudo o que não leva aos níveis espirituais, quando se controlam os próprios impulsos no dia a dia, a concentração pode finalmente ocorrer.

Extraído do livro “Trabalho Espiritual com a Mente” – Trigueirinho
https://www.progresso.com.br



A vontade da alma - quando ela nos guia nos atos da nossa vida 

As escolhas mais decisivas para o curso da vida partem do centro do ser, da nossa alma. Mas, embora seja ela que determine os rumos básicos que temos de seguir, a personalidade, nosso eu externo, também possui certo poder de decisão.

Como personalidade, usamos o livre-arbítrio e, pelo exercício de inumeráveis escolhas, vamos aprendendo a abandonar o que prejudica a evolução, até o momento em que começamos a perceber a voz da alma.

A capacidade de decisão da personalidade varia, portanto, segundo os graus evolutivos que vamos atingindo. É bastante forte e dominante enquanto nos deixamos conduzir pelos aspectos materiais do nosso ser: o físico, o emocional e o mental. Redimensiona-se gradualmente à medida que optamos pela evolução superior.

Quando transferimos as decisões para a alma, dela começam a vir provas para nos purificar e oportunidades para evoluirmos. A personalidade então vai-se tornando mais flexível e obediente e, por fim, compreendemos qual é nossa tarefa como alma encarnada.

Para cumprir essa tarefa, necessitamos de indicações provindas da alma, que conhece as leis evolutivas e nosso destino. Assim, quando nos entregamos à vontade da alma, quando é ela que nos guia os atos, consuma-se o que está previsto para nossa vida na Terra.
Um período de purificações e ajustes antecede a vida regida pela vontade da alma. Desse período pode fazer parte o que se costuma chamar de "fase do arrependimento".

No sentido espiritual, arrependimento é a predisposição para reconhecer erros e imediatamente agir de modo a equilibrá-los. O arrependimento é um impulso para sanar as desarmonias que causamos. Se nos arrependemos dessa maneira, isto é, se passamos a agir equilibradamente, preparamo-nos de fato para novas etapas do caminho.

Como evoluímos por ciclos, há prazos estabelecidos internamente para darmos certos passos. Cada ciclo oferece-nos uma série de oportunidades que, pela lei do carma, ficam disponíveis. Se não as acolhermos, teremos dificuldade de passar para o ciclo seguinte.

Contudo, se não conseguirmos dar os passos previstos, teremos de algum modo outras oportunidades de evolução, pois vivemos num universo regido pela lei do amor. Assim, se temos de repetir um ciclo, podemos aplicar o que já aprendemos. Se nos deixarmos levar pelo aspecto negativo de nosso "fracasso", nada mais seremos que instrumento de provas para os que estão cumprindo etapa semelhante. Mas, se adotarmos atitudes positivas, podemos ser estímulo ao avanço para todos, que usufruirão nossa experiência anterior de queda.

Quando estamos sendo guiados pela alma, amplia-se mais nossa capacidade de servir, de ajudar aos semelhantes. Vemos dentro de cada ser uma essência espiritual. Todos vêm da mesma fonte criadora, e o amor é a primeira lei do sistema solar. Assim, a todos tratamos naturalmente com amor.

Pela lei do amor, todo ser tem seu lugar no universo, onde melhor pode desenvolver sua aptidão, sua forma de doar-se. Mas ninguém é capaz de reconhecer esse lugar usando só a mente ou o desejo de servir. Apenas no profundo do nosso ser sabemos onde está.

Para chegarmos a esse conhecimento e nos tornarmos mais úteis, devemos focalizar os níveis internos da consciência com fidelidade, constância e desapego. É desses níveis que emana a sabedoria necessária para ajudarmos o próximo sem interferir em seu destino.

O fundamental é ter a busca interna como prioridade em nossa vida.
 

José Trigueirinho Netto
https://www.otempo.com.br

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