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sábado, 20 de fevereiro de 2021

 O VÍRUS E A PACIÊNCIA



O vírus global está a ensinar a todos muitas coisas, a cada pessoa através do contexto da sua própria história e personalidade, coletivamente estamos a receber lições duras e necessárias.

Vamos aprender a viver dentro dos nossos limites?

Poderemos descobrir o que significa “suficiente”?

Vamos ensinar à geração seguinte que satisfazer-se com o suficiente é a condição para a “felicidade” que temos andado a procurar nos lugares errados e da pior maneira?

Em primeiro lugar, porém, o vírus está nos ensinando o realismo e, com esse realismo, ficamos prontos para aprender a Paciência.

A paciência é uma virtude preciosa porque é um elemento básico de aprendizagem de tudo e mais alguma coisa.

Não abordaremos a educação como algo a ser aquecido rapidamente no micro-ondas e entregue como uma qualificação.

Acharemos repulsivo que a educação, mesmo ao nível elementar para crianças pequenas, produza stress, ansiedade e doença mental por causa da competitividade e da obsessão com a avaliação quantitativa.

Recordaremos que criar os filhos exige tempo gasto com eles, pois eles têm de ser embebidos em atenção pessoal e não colocados em frente de uma ama digital.

Talvez aprendamos que aprender leva tempo: que a nossa impaciência (da geração millenial) de nos tornarmos especialistas em algo, num circuito rápido e pagos em excesso, não conduz a um bom trabalho.

A meditação tem a ver com abrirmos os nossos olhos à realidade, na sua diversidade colorida e simplicidade maravilhosa.

A meditação ensina-nos a paciência e precisamos da paciência para desfrutar.

Também precisamos dela para saber como sofrer.

Aqueles que ficaram doentes, em casa ou no hospital, porque contraíram o vírus, aprendem como a paciência ensina, como mostra a raiz da própria palavra que a paciência é a qualidade do sofrimento.

Pensar que a paciência é apenas esperar por alguma coisa que há de vir ou ir, apenas nos torna mais impacientes.

A paciência ensina-nos como aceitar e crescer através do sofrimento.

Como suportar, ser resiliente, pacífico, cuidar dos outros, ainda que em sofrimento.

Num mundo hedonista, em busca da felicidade nos sítios errados, criamos sofrimento sem aprender como sofrer.

O inescapável segredo da vida é saber como sofrer.

A mais profunda paciência é a ponte entre o sofrimento e a Alegria.
 
Vírus - diferenças entre quem está no Caminho 
e quem ainda está fora dele

Discípulo: Mestre, com a ameaça do vírus atual, em que divergem as posturas de quem Caminha e de quem ainda não o faz ?

Mestre: Olha, meu filho, para todos nós, hoje em dia, as nossas viagens individuais na vida estão ligadas pela ameaça e pelo medo do coronavírus (vírus que cresce rapidamente no nosso materialismo e alucinação). Para alguns de nós, já significou a morte de pessoas queridas. Em todos nós, despoleta a consciência da nossa mortalidade e da incerteza das mudanças que não podemos controlar. Nestes períodos negros, surge, porém, uma memória coletiva, suprimida antes pela hiper distração, que se torna de novo consciente. Para quem já Caminha e estava já antes Focado e Atento e Desapegado, a memória da vida é experienciada como uma viagem espiritual, que começa e termina em mistério, cheia de inexplicável dor e alegria, mas cheia de Maravilhas.
 
É a Maravilha que, no final, nos liberta do medo.

Para quem ainda estava apegado ao mundo, consumo, poder, ganancia, fica agora confrontado - exposto, pela primeira vez, à aflição real: a de não terem um caminho espiritual, numa época como esta, tendo falta duma fonte de significado, sem ver a centelha de Vida escondida na escuridão das nossas mortes.

http://acaminhodacasa.blogspot.com

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