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terça-feira, 26 de novembro de 2019

ALGUMAS LEIS DA
 ATIVIDADE ESPIRITUAL


Para o Céu, o que conta não são os êxitos que se alcança, mas os esforços que se faz, pois só os esforços mantêm vocês no bom caminho, ao passo que os êxitos muitas vezes levam vocês a abrandar a vigilância. Se não tiver alcançado o seu objetivo, se não tiverem obtido qualquer resultado, não importa; pelo menos trabalharam.

Por conseguinte, não devem pedir êxitos, pois eles não dependem de vocês, mas do céu, que lhes dará quando julgar conveniente. Aquilo que depende de vocês são os esforços, pois o Céu não pode fazê-los em seu lugar. Assim como ninguém pode comer por vocês, o Céu também não pode comer por vocês, quer dizer, fazer esforços por vocês; vocês é que deverão fazê-los. Os sucessos são determinados por ele, surgem quando ele quer e como ele quer, segundo o que ele acha preferível para a sua evolução. Quantos santos, profetas e Iniciados deixaram a terra sem ter conseguido algo em que se tinham empenhado! Apesar da sua luz, da sua integridade e da sua pureza não conseguiram fazer triunfar o seu ideal, o que prova bem que o êxito não dependia deles.

Alguns de vocês manifestam freqüentemente a seguinte inquietação: “Eu oro e medito, porém nada acontece. Por quê?” Na realidade, produzem-se grandes transformações, mas elas são de uma tal sutileza que vocês não as vêem. Retomem, pois, a coragem. Está escrito nos livros sagrados que Deus é fiel e verídico. Todos os esforços que fazem para trabalhar sobre a sua matéria interior, para a dominar e a espiritualizar a fim de se tornarem uma presença cada vez mais benéfica para o mundo inteiro, são registrados, e um dia verão os seus resultados. Quando? É a única coisa que é difícil saber, mas não devem se preocupar com isso, só lhes cabe trabalhar, deixando que o Céu determine quando, onde e como os seus esforços serão recompensados.

Aliás, os esforços encerram em si mesmos a sua recompensa. Depois de cada esforço, depois de cada exercício do pensamento, a vida adquire outra cor e outro gosto. Os Iniciados sentem tanta alegria e tanta felicidade com as mínimas coisas devidas, precisamente, ao trabalho espiritual que antes fizeram. Se não tivessem feito esse trabalho seriam como todas as pessoas levianas que não têm gosto por nada. Possuem tudo, nada lhes falta, mas perderam o gosto pelas coisas, porque interiormente não têm nenhuma atividade, nenhuma vida intensa.

Há que saber que nada é mais eficaz do que este trabalho, apesar de os resultados não serem visíveis imediatamente. Se eles se fazem esperar é porque o mundo espiritual, divino, é de mais difícil acesso que o mundo material, mas é necessário não abandonar o trabalho. Se abandonarem o trabalho é porque não têm ciência nem discernimento. Quanto tempo é necessário para que uma alface cresça? E quanto tempo pode viver um carvalho? Na vida interior encontramos exatamente as mesmas leis: se quiserem uma alface – falando simbolicamente – poderão colhê-la rapidamente, porém ela também murchará rapidamente; se quiserem um carvalho terão de esperar muito tempo, mas ele viverá séculos.

Então, trabalhem! Trabalhem, sem nunca fixar um prazo para a realização das suas aspirações espirituais. Se fixarem uma data para obter este ou aquele resultado interior, a vitória sobre este ou aquele defeito, apenas conseguirão crispar-se e o seu desenvolvimento processar-se-á de um modo menos harmonioso. Devem trabalhar para se aperfeiçoar sem fixar datas, pensando que têm a sua frente a eternidade e que, mais dia menos dia, conseguirão atingir essa perfeição que desejam. Devem fixar-se simplesmente na beleza do trabalho empreendido e dizer: “Visto que é tão belo, não me preocupo em saber se me faltam séculos ou milênios para lá chegar.”

Muitos espiritualistas pensam que assim que tomam esta ou aquela resolução as coisas vão decorrer exatamente como eles desejam, que todos os instintos vão submeter-se e que a sabedoria e a razão vão triunfar. Não têm idéia de que outras forças podem despertar e opor-se à realização dos seus projetos. E quando constatam que não tiveram o êxito que esperavam e no prazo em que esperavam, ficam irritados, furiosos, e vão importunar os outros com as suas ambições frustradas. Ninguém deve lançar-se na vida espiritual sem conhecer as suas leis, senão os resultados poderão ser piores do que se eles tivessem continuado entregues às preocupações vulgares.

Aliás, de uma maneira geral, as pessoas nunca devem iniciar uma atividade espiritual estando demasiadamente seguras de si próprias, pois essa segurança desencadeia outras forças que se opõem à realização. Já deveis ter notado isso. Comprometam-se a fazer determinado trabalho num certo dia e, passado algum tempo, já não têm qualquer desejo de o fazer. Contudo, se na altura em que se comprometerem estiverem sendo sinceros, estarão decididos a manter a sua resolução. Portanto, daqui para o futuro, não prometam muito intensamente, não anunciem os seus projetos a toda a gente, guardem os seus votos e os seus desejos só para vocês; assim, surgirão menos obstáculos a sua realização. Eis uma questão que é muito importante conhecer.

O discípulo não deve abraçar a vida espiritual sem possuir, previamente, certas noções, senão arriscará a ter surpresas muito desagradáveis. Podemos comparar o ser humano a uma árvore. Sim, tal como a árvore, ele tem raízes, um tronco e ramos onde crescem folhas, flores e frutos. Quanto mais a árvore cresce, mais as raízes se enterram, quer dizer, quanto mais o ser humano se eleva, mais riscos existem de que despertem nele as forças instintivas: a sensualidade, a cólera, o orgulho...

É necessário conhecer a natureza humana e compreender que um mecanismo desencadeado numa parte do nosso ser faz com que se desencadeie outro mecanismo noutra parte de nós mesmos. Falarão vocês: “Mas, então, se isso reforça os nossos instintos, não devemos consagrar-nos à vida espiritual.” Na realidade, existem meios para dominar essas forças e, graças a elas, alcançar as maiores realizações interiores. É aquilo a que se chama a alquimia espiritual. Sim, quantas coisas são necessárias conhecer para não nos perdermos.

E, mesmo quando obtiverem uma vitória, não se deixem adormecer, fiquem ainda mais vigilantes, porque o outro lado poderá atacá-los e, se deixarem surpreendê-los, poderão perder todas as vantagens que já adquiriram. São leis; como tudo está ligado, um movimento produzido numa região desencadeia outro movimento na região oposta. É por isso que, quando um Iniciado está a fazer um trabalho muito luminoso para toda a humanidade, mesmo sem querer ele desperta, suscita o outro lado, as trevas. Mas, como sabe isso, toma precauções. Não é por se despertar a hostilidade das forças tenebrosas que se deve renunciar a trabalhar para a luz. Também neste caso é necessário saber como não sucumbir, mas há que continuar o trabalho até à vitória e, ao mesmo tempo, aprender a utilizar as dificuldades como estimulantes.

Mas, sobretudo, nunca esqueçam de que na vida espiritual não cabe ao discípulo fixar os prazos para a realização. Senão, quando ele vê que as suas melhores aspirações não se realizam, fica destroçado ou, então, enfurece-se e renuncia. É pena renunciar pela simples razão de que os sucessos não chegaram na data fixada! É necessário continuar a trabalhar na plenitude, no esplendor e em paz, pois só dessa forma é que um dia atingirão a perfeição.


Omraam Mikhaël Aïvanhov - Textos extraídos do  livro “Poderes do Pensamento” 
https://www.ippb.org.br
 

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