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sábado, 3 de agosto de 2019

SOBRE AS VÁRIAS VOZES 
QUE FALAM DENTRO DE VÓS

Pergunta: Tantas vozes falam dentro de mim; como posso eu reconhecer a voz da Vida? Por tanto tempo tem estado sufocada. Existe algum toque mediante o qual se possa colocar à prova aquilo que desejo?

Krishnamurti: Jamais existiu toque algum. Se tal existisse, não seria real, pois que seria o vosso próprio desejo, o vosso próprio anseio, o qual criou a ideia de um padrão. Dizeis haver muitas vozes falando dentro de vós. Porque? Por terdes muitos desejos, muitas ânsias, muitas atrações, muitas repulsões, de modo que todas essas pretensas vozes não são mais que vossos desejos. A Vida não tem voz, ela simplesmente é; e podeis conhecer esta concentração de energia, que é a própria essência da Vida, somente ao vos desembaraçardes de todas essas vozes. Tendes pois, que viver no presente; dessas vozes não vos podeis desembaraçar por meio do contraste, mas somente vos libertando da causa que vos prende, que é o desejo. No processo de vos libertardes, de vos livrardes de todos os empecilhos, chegais à realização da Vida Eterna que não tem começo, nem fim.

Krishnamurt
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Por que exercitar a arte da escuta atenta?


Vá a um templo JAINA e você verá vinte e quatro estátuas dos TIRTÂNKARAS JAINAS — as pessoas que são como Jesus, Buda, Zarathustra — e você se surpreenderá: eles parecem ser exatamente o mesmo. Não é possível: você não pode encontrar vinte e quatro pessoas exatamente iguais. Nem JAINAS podem fazer a distinção de quem é quem. Eles não podem dizer quem é Mahavira e quem é Neminath e quem é Parshwanath e quem é o primeiro e quem é o último, porque eles parecem absolutamente iguais — os mesmos rostos, os mesmos narizes, os mesmos olhos, os mesmos corpos, a mesma posição. Para distinguir que eles são pessoas diferentes, os JAINAS descobriram os símbolos: o símbolo mostra um leão ou algo assim, que mostra de quem é a estátua.

Por que eles a fizeram iguais? Certamente elas não são históricas. Elas são iguais porque os escultores jainas não estavam interessados na História, eles estavam interessados no FENÔMENO INTERIOR. Aqueles homens tinham atingido à MESMA EXPERIÊNCIA... — como representar isso? E como representá-lo em mármore? Eles atingiram à mesma IMOBILIDADE, ao mesmo CENTRAMENTO, ao mesmo FUNDAMENTO, à mesma CRISTALIZAÇÃO. Daí, as estátuas iguais — a mesma posição, o mesmo corpo representando algo do MUNDO INTERIOR — o mesmo estado espiritual, o mesmo SAMADHI.

Você se surpreenderá sobre muitas coisas, ao olhar aquelas vinte e quatro tirtânkaras e suas estátuas. Você verá que suas orelhas são muito grandes, seus lóbulos encostam-se nos ombros. Você não encontrará orelhas assim. Isso representa algo: diz que aquelas pessoas atingiram seu supremo estado de consciência PELO OUVIR ABSOLUTO — ouvir as canções dos pássaros, ouvir o vento passando entre os pinheiros, ouvir o som das águas, ouvir silenciosamente TUDO QUE VAI ACONTECENDO AO SEU REDOR.

Ouvir era o método deles. Assim como o método budista é o de observar a respiração, o método JAINA é o de ouvir os sons. Ouvir corretamente é o suficiente. Se a pessoa puder ouvir SEM O TAGARELAR INTERIOR DA MENTE, se a mente tornar-se completamente calma... este cão latindo lá longe, ou o pássaro piando. Se você puder apenas ouvir SEM PENSAR, sem pensar nem que "o cão está latindo", "os passarinhos estão piando", APENAS OUVIR SEM NENHUM PENSAMENTO, SEM QUALQUER INTERPRETAÇÃO, você atingirá cada vez mais e mais profundos reinos de silêncio: atingirá à suprema consciência.

Qualquer espécie de consciência alerta conduz ao Supremo. Ora, a consciência alerta pode vir dos sentidos, de qualquer um dos cinco. Você poderá ouvir música e funcionará... pode ouvir qualquer coisa e funcionará. Pode olhar as nuvens e o pôr-do-sol e os pássaros voando no espaço e, ao ver, funcionará. O único ponto a ser lembrado é este: SUA MENTE NÃO PODE FUNCIONAR — seus sentidos não podem ficar anuviados pela mente.

Para representar isso, as longas orelhas. Ora, como representar em mármore o método de ouvir? Esta é uma bela representação. Mas há tolos eruditos jainas, tão tolos quanto os cristãos, que pensam que todo tirtânkara tem aquelas longas orelhas — sem as tais longas orelhas, não pode ser um tirtânkara. Tirtânkara quer dizer exatamente o mesmo que Buda, ou Cristo — essa é a terminologia jaina. Isso é estupidez, falta de compreensão, abordagem nada compreensiva. E depois, isso pode ser cristalizado muito facilmente.


Osho
http://pensarcompulsivo.blogspot.com


 Além das vozes da mente
 
 
Você tem uma voz em sua cabeça, mas não percebe, porque acredita que é essa voz. Você acredita que está pensando em seus pensamentos agora mesmo. "Eu não tenho uma voz na minha cabeça", diz a voz em sua cabeça.

A voz comenta, especula, julga, compara, reclama, gosta, não gosta e assim por diante. A voz não é necessariamente relevante para a situação em que você se encontra no momento; pode estar revivendo o passado recente ou distante ou ensaiando ou imaginando possíveis situações futuras.

Aqui, muitas vezes imagina as coisas dando errado e resultados negativos; isso é chamado de preocupação. Às vezes, essa trilha sonora é acompanhada por imagens visuais ou "filmes mentais".

Mesmo que a voz seja relevante para a situação em questão, ela será interpretada em termos do passado. Isso ocorre porque a voz pertence à sua mente condicionada, que é o resultado de toda a sua história passada, bem como da mentalidade cultural coletiva que você herdou.

Então você vê e julga o presente através dos olhos do passado e obtém uma visão totalmente distorcida dele. Não é incomum que a voz seja o pior inimigo de uma pessoa.

A boa notícia é que você pode se libertar da sua mente. Esta é a única verdadeira libertação. Você pode dar o primeiro passo agora. Comece a ouvir a voz na sua cabeça sempre que puder.

Preste especial atenção a qualquer padrão de pensamento repetitivo, os antigos discos de gramofone que estão tocando em sua cabeça, talvez por muitos anos. Isso é o que quero dizer com "observar o pensador", que é outra maneira de dizer: ouça a voz em sua mente, esteja lá como a presença de testemunho.

Quando você ouvir essa voz, ouça-a imparcialmente. Isto é, não julgue. Não julgue ou condene o que você ouve, pois isso significaria que a mesma voz entrounovamente pela porta dos fundos. Você logo perceberá: há a voz, e aqui estou ouvindo, assistindo. Essa percepção do "eu sou", esse sentido da sua própria presença, não é um pensamento. Surge de além da mente. 
 
Eckhart Tolle
http://ventosdepaz.blogspot.com
 

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