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sexta-feira, 9 de agosto de 2019

O FOGO É O AMOR

As coisas que a sociedade nos ensinou a acumular nada valem. O que a história nos legou como honra, pátria, dever etc. nada vale, porque temos de viver livremente o agora, separado das lembranças que estão mortas; só tem vida o presente e o que nele vamos descobrindo como realidade. O que chamamos de “eu” não é nós, assim como não somos nossos parentes, nosso pai, nossa mãe, porque somos filhos da vida.

Onde quer que haja sofri­mento existe identificação com o “eu”, com uma coisa, e onde existe conflito manifesta-se uma identificação do “eu” com um problema, com um obstáculo criado pela mente. Isso é matemático. Da vida nós tomamos o que não é real. Temos muito medo da verdade e preferimos criar ídolos com a mentira.

Era uma vez um homem que, na antiguidade, desco­briu a arte de fazer fogo. Cheio de alegria, quis transmitir a nova arte a outras tribos. Foi a um povo do norte, que passava muito frio, e contou sobre a descoberta. As pes­soas aprenderam logo a acender o fogo e ficaram tão contentes que resolveram agradecer ao mestre. Mas este já tinha partido, porque era um grande homem que só se preocupava com o bem do próximo. Ele foi a outra tribo para ensinar a arte de fazer fogo. Mas, nesta sua segunda visita, foi recebido pelos sacerdotes, que ficaram perplexos diante da nova descoberta. De onde viria a mágica com a qual aquele homem fazia fogo? Ao ver o sucesso que a nova técnica fazia entre o povo os sacerdotes sentiram inveja e assassinaram o mestre. Mas, para que o povo não lançasse a culpa sobre eles, fizeram uma grande escultura do descobridor, junto a uma imagem do seu invento, e elevaram a obra a um grande pedestal, para que toda a tribo o venerasse. E, no seio daquele povo, nunca mais houve fogo, mas apenas veneração e louvor.

Devemos todos compreender que a verdadeira oração é o fogo, e não a adoração de uma imagem qualquer. Onde está o fogo? “Eu vim para trazer fogo à terra”, disse Jesus. Existem muitos sacerdotes, mas são poucos os que sabem fazer fogo. O fogo é o amor. Não podemos ter o amor, mas é o amor que nos tem, que nos muda e nos purifica. A felicidade e o amor caminham juntos, mas não produ­zem emoções nem excitação, porque estas são inimigas da felicidade. Tampouco produzem aborrecimento, porque a fe­licidade nunca nos satura quando somos de fato felizes. A felicidade é um estado de contínua consciência. Se estamos conscientes de uma coisa, podemos sempre controlá-la e vê-la como ela realmente é. Se não estamos conscientes, essa coisa nos domina. Só amando é que encontramos a felicidade, e só pode­mos ser felizes através do amor. Quem ama de verdade não escolhe a pessoa amada, mas ama por não haver alternativa: simplesmente porque existe amor para dar.


Anthony de Melo, trceho do Livro Autolibertação 
https://casadocontentamento.wordpress.com 


"Você não pode ter o êxtase sem passar pela agonia. Se o ouro quer se purificar precisa passar pelo fogo. O amor é fogo. O amor é o único mandamento. Se não houver amor, nem mesmo os 10 mandamentos ajudarão em alguma coisa. Os 10 mandamentos não são necessários. Eles só são necessários porque você não está pronto para cumprir o primeiro e único mandamento. Eles são apenas substitutos fracos para o único mandamento: o amor". (Osho)

"A compaixão não é difícil de chegar quando o coração não está cheio com as coisas astuciosas da mente. É a mente com suas exigências e medos, seus apegos e negações, suas determinações e impulsos, que destrói o amor. E como é difícil ser simples em relação a tudo isto! Você não precisa de filosofias e doutrinas para ser gentil e amável. O eficiente e poderoso da terra vai dispor para alimentar e vestir as pessoas, prove-las com abrigo e assistência médica. Isto é inevitável com o rápido aumento da produção; é função dos governos bem organizados e da sociedade equilibrada. Mas organização não confere generosidade ao coração e à mão. A generosidade vem de uma fonte totalmente diferente, uma fonte além de toda medida. A ambição e a inveja a destroem tão certo quanto o fogo queima. Esta fonte deve ser tocada, mas deve-se chegar nela com as mãos vazias, sem orações, sem sacrifícios. Os livros não podem ensinar, nem nenhum guru pode levar a ela, esta fonte. Ela não pode ser alcançada através do cultivo da virtude, embora a virtude seja necessária, nem através de capacidade e obediência. Quando a mente está serena, sem nenhum movimento, ela está ali. A serenidade é sem motivo, sem a urgência por mais".
J. Krishnamurti, The Book of Life

 Só se chega ao amor de mãos vazias...


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