A DOENÇA DO FAZER
Primeiramente a natureza da atividade e as
correntes ocultas nela precisam ser entendidas, do contrário nenhum
relaxamento é possível. Mesmo que você queira relaxar, será impossível
se você não tiver observado, assistido, percebido, realizado a natureza
da sua atividade porque a atividade não é um fenômeno simples.
Muitas
pessoas gostariam de relaxar, mas não podem. O Relaxamento é como um
florescimento: você não pode forçá-lo. Você precisa compreender todo o
fenômeno – porque você é tão ativo, porque tanta ocupação com atividade,
porque você está obcecado com isso.
Lembre-se de duas palavras:
uma é ação, a outra é atividade. Ação não é atividade; atividade não é
ação. Suas naturezas são diametralmente opostas. Ação é quando a
situação o exige, você age, você responde. Atividade é quando a situação
não é levada em conta, não é uma resposta; você está tão cansado por
dentro que a situação é apenas uma desculpa para estar ativo.
A
ação surge de uma mente silenciosa – é a coisa mais bela do mundo. A
atividade surge de uma mente sem descanso – é a coisa mais feia. Aja
mais e deixe que as atividades caiam por si mesmas. Uma transformação
acontecerá a você pouco a pouco. Leva tempo, precisa amadurecer, mas
também não há pressa.
Agora você pode compreender o que significa
relaxamento. Significa que não há nenhuma pressa para atividade em você.
Relaxamento não significa deitar-se como um homem morto; e você não
pode estirar-se como um homem morto; você só pode fingir. Como é que
você pode deitar-se como um homem morto? Você está vivo; você só pode
fingir. O relaxamento acontece a você quando não há nenhuma pressa para
atividade, a energia está em casa, não se movendo para lugar algum. Se
uma certa situação surge você agirá, isso é tudo, mas você não está
procurando alguma desculpa para agir. Você está à vontade consigo mesmo.
Relaxamento é estar em casa.
Relaxamento não é somente do corpo, não é somente da mente, é do seu ser total.
Você
está em excessiva atividade; é claro que cansado, dissipado,
desidratado, congelado. A energia da vida não se movimenta. Só existem
bloqueios, bloqueios e bloqueios. E quando você faz algo, você o faz na
loucura. É claro que surge a necessidade de relaxar. Eis porque tantos
livros sobre relaxamento são escritos a cada mês, e eu nunca vi uma
pessoa que tenha conseguido relaxar através da leitura de livros sobre
relaxamento! Ela ficou mais agitada porque agora toda sua vida de
atividade permanece intocada. Sua obsessão de estar ativa está presente,
a doença está presente e ela finge estar num estado relaxado, então ela
se deita. Toda a turbulência íntima, um vulcão pronto para explodir, e
ela está relaxando, seguindo as instruções de um livro: como relaxar.
Não
há nenhum livro que possa ajudá-lo a relaxar – a menos que você leia
seu próprio ser interior, e assim o relaxamento não é um imperativo.
Relaxamento é uma ausência, uma ausência de atividade, não de ação.
Não
faça nada! Nenhuma postura de yoga é necessária, nenhuma distorção e
contorção do corpo são necessárias. “Não faça nada!” somente a ausência
de atividade é necessária. E come isso virá? Isso virá pelo
entendimento.
Compreensão é a única disciplina. Compreenda suas
atividades e subitamente, no meio da atividade, se você estiver atento,
isso irá parar. Se você se tornar cônscio do porquê você está fazendo
isso, isso irá parar. E essa parada é o que Tilopa quer dizer.
Relaxamento
significa que esse momento é mais que suficiente, mais do que pode ser
pedido e esperado. Nada a pedir, é mais que suficiente, mais do que você
pode desejar. Assim a energia nunca se move para lugar algum. Ela se
torna um lago plácido. Em sua própria energia, você se dissolve. Esse
momento é relaxamento. Relaxamento não é nem do corpo nem da mente,
relaxamento é do todo. Eis porque os Budas continuam dizendo, ‘Torne-se
sem desejos’, porque eles sabem que se houver algum desejo, você não
pode relaxar.
Relaxamento não é uma postura; relaxamento é uma transformação total da sua energia.
Osho, Tantra: The Supreme Understanding
https://www.osho.com
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