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domingo, 9 de dezembro de 2018

A CABALA E O NOSSO DESTINO FINAL: 
SER COMO DEUS - 10/13



O CORAÇÃO DAS PESSOAS 
DESENCAMINHADAS É "QUASE"
 
Quando estamos numa prisão de segurança máxima, um plano de fuga não é literatura escapista. Não é somente algo para passar o tempo deitados em nossos beliches. Se for um plano de fuga verdadeiro, ele inflamará nossos sonhos de liberdade e dominará cada instante em que estivermos acordados. É aí que uma prisão física difere da prisão que chamamos de vida. Porque na prisão da vida, acorrentado ao ego, um ser humano pode muito bem topar com um plano de fuga - talvez, na luz cinza da masmorra, ler a respeito de um caminho para a luz eterna. Qual será sua reação? É bem provável que siga o plano de fuga durante anos, se aventurando a cada dia para fora de sua cela para reunir mais informação, retornando a cada noite para regalar seus companheiros de prisão com o que aprendeu. Ele jamais deixará a prisão, mas se confortará durante anos com a noção de que ele está mesmo no caminho para a fuga.
 
O que acorrenta os seres humanos à mediocridade do quase? O que nos mantém escravizados é a falta de clareza quanto ao nosso objetivo no mundo e a falta de clareza sobre a verdadeira abrangência e poder da Fórmula de Deus. Depois que se aceita claramente como o único objetivo o de tornar-se como Deus, não é possível ficarmos satisfeitos com o simples compartilhar, meditar, orar ou fazer o bem. NOSSO OBJETIVO NÃO É SER BOM. E NOS TORNARMOS COMO DEUS Em vez de um hobby, a jornada para se tornar como Deus atinge a dimensão de uma luta de todo coração conduzida a cada segundo que respiramos.
 
NOSSA TRANSFORMAÇÃO EM DEUS É O ÚNICO OBJETIVO QUE VALE A PENA NA VIDA. NADA SERVE QUE SEJA MENOR QUE O COMPLETAR DESTA JORNADA. Mas nós habitamos uma mentalidade onde o completar não existe, onde tirar nota baixa é passar, onde 51% são uma maioria, onde o conforto é o objetivo.

A ILUSÃO DO MEIO
 
Compreender a Fórmula de Deus destrói o que chamo de ilusão de estar no meio. Essa ilusão nos diz que, em algum lugar entre um ataque total contra o Desejo de Receber Somente para Si Mesmo e uma vida de completa Escuridão, existe um aprazível jardim da mediocridade. Um lugar pacífico para assistirmos à TV, doarmos aos necessitados, pensarmos em espiritualidade e construirmos nossos fundos de aposentadoria.
 
Quebrar a ilusão conduz à compreensão de que o meio não existe. OU ESTAMOS NO CAMINHO PARA A LUZ OU ESTAMOS NO CAMINHO PARA A ESCURIDÃO. OU ESTAMOS NOS TORNANDO COMO DEUS OU ESTAMOS COMETENDO SUICÍDIO. NÃO EXISTE OUTRA POSIÇÃO. Podemos rejeitar isso dizendo ser melodrama e o Oponente espera que o façamos. Mas enquanto continuamos vivendo na natureza do ego, obcecados com nosso eu, enquanto ronronamos para os elogios e nos arrepiamos quando o devido respeito não nos é prestado, enquanto satisfazemos desejos egoístas sem considerar a dor dos outros estamos lentamente cometendo suicídio. Isso é optar pelo Desejo de Receber Somente para Si Mesmo. Numa encruzilhada, estamos fazendo a escolha do sinal que diz DOR, SOFRIMENTO E MORTE.
 
Por outro lado, QUANDO ANIQUILAMOS A FORÇA DO EGO, QUANDO EXPERIENCIAMOS HUMILHAÇÃO E AGRADECEMOS AO HUMILHADOR PELA OPORTUNIDADE, QUANDO COMPARTILHAMOS ATE DOER, ESPECIALMENTE SE ESSE COMPARTILHAR FOR A ÚLTIMA COISA QUE QUEREMOS FAZER, ESTAMOS ENTRANDO NA IMORTALIDADE. ESTAMOS NOS TORNANDO COMO DEUS.
 
E das duas uma: ou completamos essa jornada ou não chegamos a lugar nenhum.

Existiu um mestre cuja hora de deixar este mundo havia chegado. Ele reuniu seus muitos alunos em seu leito de morte. Um por um, eles se curvavam sobre seu corpo frágil e ouviam com atenção enquanto ele lhes revelava suas tarefas específicas depois que tivesse partido. Finalmente, chegou a vez de um dos alunos mais próximos do mestre, a quem o mestre tinha conhecido e amado por muitos anos.
 
Seu trabalho, o sábio sussurrou, é viajar pelo mundo todo e contar histórias sobre minha vida que inspirarão as pessoas a buscarem a verdade. 
 
O aluno ficou desapontado. Naqueles dias era uma dificuldade viajar grandes distâncias e, além disso, ele sentiria saudades de seus amigos e de sua família durante as longas ausências. No entanto, ele compreendeu que o maior bem para todos, incluindo ele mesmo, viria ao cumprir seu propósito divino na vida, e estava determinado a obedecer à instrução. Beijou a mão do mestre e perguntou: Esta será minha obrigação para sempre ou somente por um certo período?
 
Você saberá quando tiver completado seu trabalho, o mestre respondeu.
 
Por muitos anos, o aluno viajou de cidade em cidade e de país em país contando histórias sobre a vida do seu mestre. Graças ao seu grande talento como contador de histórias, ele sempre levantava os corações do público e os deixava resolvidos a crescer espiritualmente. Embora sentisse a profunda satisfação que vem do cumprimento de um propósito, ele ansiava por receber um sinal de que sua missão estava completa.
 
Um dia, ouviu falar de um homem muito rico, que vivia numa cidade distante e tinha a reputação de pagar generosamente a quem lhe contasse histórias autênticas sobre o mestre. O aluno decidiu embarcar na longa jornada com a esperança de melhorar suas finanças, que estavam num estado lastimável. Chegou a cidade alguns dias depois e foi direto para a casa desse homem rico.
 
Eu estive ao lado do mestre continuamente durante muitos anos, disse ao homem, e conheço milhares de histórias.
 
Naquela noite, a casa toda se reuniu ao redor da mesa de jantar e todos os olhos estavam voltados para o aluno.
 
Conte-nos, disse o homem rico. Eu creio que talvez você possa saber uma história que esperei muito tempo para ouvir.
 
O aluno abriu a boca para falar, mas não conseguia pensar em nada para dizer. Sua mente tinha dado um branco. Ao longo dos anos, tinha contado inúmeras histórias, mas agora não estava conseguindo se lembrar de nenhuma delas.
 
O homem rico tentou esconder seu desapontamento e disse para o aluno não se preocupar. Talvez você precise dormir, ele sugeriu. Vamos conversar de novo de manhã. No dia seguinte, entretanto, a mesma coisa aconteceu. A mente do aluno estava totalmente vazia. Envergonhado, balbuciou um pedido de desculpas, certo de que a família estaria desconfiada de que ele os estava enganando para desfrutar da hospitalidade. Partiu logo, prometendo nunca retornar à cidade que havia sido o cenário de tal provação. Depois de viajar por quatro ou cinco horas, porém, alguma coisa o fez parar: de repente ele se lembrou de uma história. Debateu-se na dúvida por alguns momentos.
 
Devo voltar?, pensou. Não é uma grande história. Até eu voltar estará tarde e estarei cansado. Além disso, o homem vai mandar me prender se eu começar a bater na sua porta no meio da noite alegando ter lembrado de uma história.

Recordou-se então do entusiasmo do homem no momento em que acreditou que o discípulo poderia lhe contar histórias, e do amargo desapontamento em seu rosto quando percebeu que suas horas juntos seriam infrutíferas; e rememorou a instrução sagrada de seu mestre de trazer inspiração para as pessoas mundo afora. Finalmente, deu meia-volta com seu relutante cavalo e começou a jornada de volta para a cidade do homem rico. Chegou à casa do homem depois da meia-noite e bateu à porta, que foi aberta de imediato. O homem estava de pé na porta e o aluno percebeu que os olhos dele estavam vermelhos, como se tivesse chorado muito.
 
Eu me lembrei de uma história!, exclamou o aluno, mas é uma das piores histórias do meu repertório. E baseada em minha própria experiência e nem sei como ela termina. Só sei contar uma parte.
 
Não faz mal, disse o homem, conduzindo o viajante para a sala de estar e fazendo sinal para que se sentasse. Um empregado trouxe chá, e o homem rico mal podia se conter enquanto o aluno se refrescava com alguns goles da bebida. Finalmente, o aluno começou a história.
 
Havia uma cidade governada por um homem cruel. Meu mestre ficou sabendo que este homem planejara um massacre para o dia seguinte, e por isso saiu pela floresta com sua companhia para visitar o governante e tratar de impedi-lo. Quando chegamos à cidade, meu mestre me chamou e me mandou ir falar com o governante para marcar uma reunião com ele. Olhei para meu mestre horrorizado.
 
Ele vai me matar, balbuciei.
 
Simplesmente vá e faça o que eu disse, meu mestre respondeu serenamente.
 
Eu pedi uma audiência com o governador e expliquei a ele que meu mestre queria vê-lo na estalagem onde tinha se hospedado. O governador estava sentado numa imensa cadeira de couro, quase como um trono, e ponderou por um momento. Uma dúzia de guardas o protegia, todos armados com cimitarras reluzentes. Parecia certo que ele acenaria a eles e que eu seria instantaneamente picado em pedaços. Mas, para minha surpresa, o governador olhou para mim e me informou que iria visitar meu mestre de imediato.
 
O governador e meu mestre se reuniram durante muitas horas, mas eu nunca fiquei sabendo sobre o que eles conversaram. Tudo o que sei é que, como resultado da reunião, o governador cancelou o massacre iminente. Pouco depois, ele deixou a cidade e nunca mais se ouviu falar dele. Isto é tudo que tenho para lhe contar. 
 
O homem rico se levantou e abraçou o aluno, o tempo todo chorando como um bebê.
 
Era eu, disse o homem. Eu era o governador. Eu tinha levado uma vida terrível e matado muitas pessoas inocentes. Eu achava que não havia mais esperança para mim, até conhecer seu mestre. De alguma forma, ele conseguiu tocar minha alma. Ele me disse muitas coisas que mexeram profundamente comigo, e imediatamente resolvi mudar meu caminho. Perguntei a ele se havia alguma esperança para mim, e ele me disse que sim. O mestre me deu instruções exatas para me purificar de minhas más ações. Então perguntei a ele: Como saberei quando tiver completado minha correção?
 
Ele respondeu: Se alguma vez um homem vier a você e lhe contar sua história, você saberá que foi absolvido. 
 
O homem rico abraçou novamente o aluno e disse: Foi por causa disto que todos estes anos eu paguei uma fortuna para ouvir histórias sobre o mestre, na esperança de ouvir minha própria história. Depois que você partiu ontem, entendi o que estava acontecendo: você era o portador da história do mestre e tinha surgido uma oportunidade de terminar minha correção, mas eu a tinha desperdiçado. Comecei a rezar, chorar e implorar por ajuda para me purificar de qualquer resíduo do meu passado. Minhas rezas devem ter sido atendidas, porque você se lembrou da história e voltou.
 
Esta história fala de um momento no tempo em que dois homens resolveram ir mais além, e, ao fazê-lo, atingiram seu objetivo final. O homem rico podia ter aceitado seu desapontamento e ter ido para a cama. O aluno podia ter seguido em seu caminho. Ele estava exausto, estava envergonhado e já era tarde. Teria sido fácil continuar até o alojamento da noite. Qualquer um faria isso.
 
O segredo do completar é erradicar o quase. Livrar-se do bom, o suficiente, e perto o bastante. Para o Rav Ashlag, o que mais lhe doía era ver pessoas que tinham começado sua jornada, mas não tinham conseguido completá-la. O resto do mundo não o incomodava, todos aqueles milhões que nunca embarcaram na jornada a Deus, que nunca se preocuparam em dar uma olhada para fora das janelas da prisão. Mas sofria profundamente quando alguém se esforçava na jornada, mas não conseguia completá-la.
 
Rav Ashlag falava frequentemente sobre persistência. Ele dizia: "HÁ UM TESOURO EM SEU SÓTÃO, E UMA ESCADA COM DEZ DEGRAUS QUE SOBE ATÉ LA. SE VOCÊ PARAR NO NONO DEGRAU PODERÁ ACHAR QUE CHEGOU LONGE, O MUNDO PODERÁ PENSAR QUE VOCÊ CHEGOU LONGE, MAS VOCÊ ESTÁ SOMENTE NO NONO DEGRAU, NÃO GANHOU NADA."
 

PARA TODA A HUMANIDADE QUE TIVER PARADO NO NONO DEGRAU, A MENSAGEM É SIMPLES: VOCÊ FEZ A PERGUNTA ERRADA. VOCÊ PERGUNTOU: QUANTO EU SOU ESPIRITUAL? QUANDO A VERDADEIRA PERGUNTA É: EU JÁ SOU COMO DEUS?
 
Tornar-se como Deus não se encaixa em nossos cronogramas. É muito inconveniente, na verdade. Passamos a ter que subordinar todos os outros interesses perante isto. Não tem dias de folga. Mas chegamos à compreensão de que, com nossas almas penduradas na balança, as distrações da vida não passam de insanidade. Persegui-las é como ficar assistindo à TV enquanto a casa pega fogo.

O ESFORÇO RESOLUTO É O REQUISITO PARA A TRANSFORMAÇÃO.

Podemos tentar bater de leve numa tábua durante cem anos e ela não se quebrará. Mas se concentrarmos toda a nossa força num único golpe de todo o coração, a tábua se romperá. Rezar, meditar, ser voluntário em obras de caridade e perseguir a excelência são ótimas metas. Mas se elas não resultarem em verdadeira transformação, em tornar-se como Deus, são praticamente inúteis.
 
A Bíblia conta uma história a respeito de Rebeca. Durante sua gravidez, ela percebeu algo muito estranho: Toda vez que passava por determinadas partes da cidade - um lugar de estudo ou oração - ela sentia que seu filho queria ir para lá. Ao mesmo tempo, toda vez que passava por outras partes da cidade - uma casa de idolatria ou um antro de malfeitores - sentia que seu filho queria ir para lá também. O fenômeno a preocupava, porque pensava que seu filho podia estar hesitante em seguir o caminho do mal ou o caminho da retidão.
 
Ela decidiu ir pedir conselho a um sábio, que disse: "Você está carregando duas crianças. Um gêmeo se tornará um gigante espiritual e o outro será atraído para a escuridão." Ele se referia aos dois filhos dela, Jacob e Esaú.
 
Ao ouvir essa notícia, Rebeca teve uma reação surpreendente: não ficou nem um pouco consternada. Ela ficou encantada.

A LIÇÃO EXTRAORDINÁRIA DESSA HISTÓRIA É QUE, PARA A MAIORIA DE NÓS, SER BOM É UMA BARREIRA PARA NOS TORNARMOS COMO DEUS. O mediano nunca se elevará acima do mediano, mas a escuridão extrema carrega dentro de si o potencial de perceber sua escuridão e mudar. Assim, Rebeca ficou encantada em saber que nenhum de seus filhos estava destinado à mediocridade, fadados a nunca se tornarem como Deus. Uma criança era perfeita, a outra era totalmente negativa. Em seus extremos, ambos escapavam dos perigos da mediocridade. Ambos possuíam um forte potencial para se tornarem como Deus.

Estas são as verdades que podem nos libertar. O problema com tais verdades, como com todas as verdades, é que não basta simplesmente lê-las. Não basta simplesmente compreendê-las. Precisamos possuí-las. O QUE PRECISAMOS FAZER É TORNAR A FÓRMULA DE DEUS UMA PARTE DE NOSSAS CÉLULAS, PERMITIR QUE ENTRE EM NOSSO DNA E MODIFIQUE NOSSA CODIFICAÇÃO BÁSICA.

COMO DISSE O REI SALOMÃO, "O CORAÇÃO DAS PESSOAS DESENCAMINHADAS É "QUASE". O caminho pode parecer impossível, contudo é nosso destino transformarmos nossa natureza. Por fim, todos nós o atingiremos. A única pergunta é, quanto tempo adiaremos isso, a jornada de volta para Deus, que está mais próximo do que o ar que respiramos, constantemente presente até a jornada se completar.


Rav Michael Berg
http://busca-espiritual.blogspot.com 
 

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