A CABALA E O NOSSO DESTINO FINAL:
SER COMO DEUS - 7/13
E A MORTE NÃO TERÁ DOMÍNIO
Há uma história no Zohar que conta sobre o falecimento de um sábio chamado Rav Yosi.
Desde o momento da morte dele, o filhinho de Rav Yosi estava
inconsolável, chorando sobre o leito de seu pai, pressionando firmemente
sua boca na boca de seu pai, impedindo qualquer pessoa de se aproximar
do corpo do grande sábio.
"Onde está a justiça?", chorava o menino. "Eu devia ter sido levado em vez do meu pai."
Recusando consolo, ele agarrava seu pai com firmeza, como se
acreditasse que seus braços curtos e magros fossem suficientemente
fortes para resistir à partida do pai para o outro mundo. Ele implorava
aos céus para que levassem a ele em vez do pai, e seus lamentos se
provaram tão comovedores que por fim um visitante chamado Rav Elazar
começou a chorar junto com a criança. Ele recitou um versículo da
Bíblia. De repente, uma coluna de fogo se ergueu e separou os enlutados
do falecido, embora a criança permanecesse grudada aos lábios do pai.
Uma voz falou ao sábio morto: "Bendito é você, Rav Yosi, que as
palavras e as lágrimas da criança se elevaram ao trono do Rei Santo.
Vinte e dois anos foram acrescentados a sua vida, para que você tenha
tempo de educar seu filho, o perfeito e amado, perante o Sagrado,
bendito seja Ele."
A coluna de fogo desapareceu, e Rav Yosi abriu seus olhos. Ele viu
seu filho, cujos lábios continuavam grudados aos seus, e ouviu Rav
Elazar anunciar: "Abençoada é nossa porção, porque nós testemunhamos a
ressurreição dos mortos."
Aqui temos o tabu final. O impensável e inegável. O solvente universal. A morte.
A CABALA VEM A NÓS DE UM MUNDO VINDOURO, NOS CONVIDANDO A TER UMA
NOVA CORAGEM: NÃO A CORAGEM DE MORRER, A MEDIDA TRADICIONAL DE BRAVURA,
MAS AO CONTRÁRIO, A CORAGEM DE NÃO MORRER. A CORAGEM DE ENFRENTAR A
IMORTALIDADE FÍSICA.
Baseado em que podemos desafiar a verdade indisputável de que nascemos para morrer?
Ele engolirá a morte para sempre e Deus enxugará as lágrimas de todos
os rostos", diz a Bíblia. Não é possível ler esta afirmação e continuar
calmo. A BÍBLIA PROMETE A MORTE DA MORTE.
Quando Enoch faleceu, diz a Bíblia, ele não morreu. Na verdade, Enoch
"não estava mais ali porque Deus o levou", o que para a Cabala significa
que ele deixou a terra com seu corpo físico, que não morreu.
A Bíblia diz também que Elias não morreu, mas foi elevado aos mundos
superiores com seu corpo, subindo ao céu numa carruagem de fogo.
Desafiamos a hegemonia da morte baseados nessas afirmações da Bíblia e
em verdades reveladas no Zohar. O Zohar nos conta que EXISTEM DOIS
PÓLOS, LUZ E ESCURIDÃO. A LUZ É DEUS, A VIDA ETERNA E A PLENITUDE TOTAL,
E A ESCURIDÃO É O EGO, OU O DESEJO DE RECEBER SOMENTE PARA SI MESMO, E É
A FORÇA DA MORTE. QUANDO ESCOLHEMOS NOS CONECTAR COM A ESCURIDÃO, NOS
APROXIMAMOS DA MORTE. QUANDO ESCOLHEMOS NOS CONECTAR COM A LUZ, POR
OUTRO LADO, ATRAÍMOS MAIS FORÇA VITAL. NOSSA TAREFA É VIAJAR PARA A LUZ.
E QUANDO A ALCANÇARMOS POR COMPLETO, QUANDO NOS TORNARMOS COMO DEUS, A
MORTE DEIXARÁ DE TER DOMÍNIO.
Este é o fim da morte, não com base na crença ou na fé religiosa, ou
depois de um apocalipse. Nós mesmos precisamos fazer com que isso
aconteça. A sabedoria do Zohar está aqui não para fortalecer um
determinado sistema de crença, mas para nos inspirar a nos aventurarmos
além da crença, para o plano da ação, onde as mais profundas esperanças
humanas saem do plano do mito e entram no plano da vida diária.
A IMORTALIDADE FÍSICA É POSSÍVEL PORQUE NÓS TEMOS O PODER DE CRIÁ-LA.
E, sabendo disso, temos uma obrigação de fazer acontecer.
O Zohar conta que um dia Rav Yitzchak se aproximou de seu amigo, Rav
Yehuda, com um pedido: que depois que ele, Rav Yitzchak, tivesse ido
para o túmulo, seu bom amigo deveria rezar por ele todos os sete dias de
luto.
Espantado, Rav Yehuda perguntou por que o mestre supunha que iria
morrer, ao que Rav Yitzchak deu dois motivos. Primeiro, quando sua alma o
deixava durante o sono ela já não o iluminava mais com sonhos. Segundo,
ele não via mais sua sombra. "Quando a sombra de um homem não é mais
vista", ele recordou seu amigo, "ele deixa este mundo."
Rav Yehuda respondeu: "Eu realizarei seus pedidos, mas também peço
que você reserve um lugar para mim do seu lado no outro mundo, assim
como estive ao seu lado neste mundo."
Perturbados pelo prospecto de sua separação iminente, os dois amigos
foram ver seu mestre, um dos maiores caba- listas da história e o autor
do Zohar, Rav Shimon bar Yochai. Rav Shimon estava num tal nível em sua
própria jornada para se tornar como Deus que simplesmente levantou seus
olhos e pôde ver o anjo da morte dançando na frente de Rav Yitzchak. Ele
convidou seus dois alunos a sua casa, mas recusou entrada ao anjo da
morte. "Quem for um visitante habitual na minha casa pode entrar", ele
disse, "e quem não for está barrado." Uma vez dentro de casa, Rav Shimon
levantou-se e disse: "Mestre do universo, temos um certo Rav Yitzchak
conosco. Veja, estou com ele. Dê-o para mim!" Uma voz ressonante respondeu: "Muito bem, Rav Yitzchak é seu."
Rav Yitzchak caiu no sono e em seu sono viu seu pai, que proclamou:
"Filho, feliz é sua porção neste mundo e no mundo vindouro, porque você
senta entre as folhas da árvore da vida no Jardim do Éden." Um som ecoou
por todos os mundos: ''Amigos que se encontram aqui, enfeitem-se para
Rav Shimon que fez um pedido ao Sagrado que Rav Yitzchak não morresse e
foi atendido."
Rav Yitzchak acordou e sorriu. Seu rosto brilhava.
Se o cabalista Rav Shimon bar Yochai tinha o poder de afastar o anjo da
morte com um simples ato de vontade, por que nós convidamos a morte para
nosso quarto de dormir com tanta facilidade? Por que a inevitabilidade
da morte não está na pauta e está marcada como NÃO SE DISCUTE?
Simplesmente porque sempre foi assim? Somente porque estamos pilotando
pela história com nossos olhos no espelho retrovisor em vez de olhar
para a estrada à nossa frente?
A vida deveria vir com o mesmo aviso legal que as propagandas
financeiras: PERFORMANCE PASSADA NÃO É GARANTIA DE RESULTADOS FUTUROS.
OS PONTOS DE VIRADA NA HISTÓRIA NADA MAIS SÃO DO QUE O REGISTRO DE
SUPOSIÇÕES DERRUBADAS: UM DIÁRIO DE IMPOSSIBILIDADES E DAQUELES QUE
CONSEGUIRAM REALIZÁ-LAS.
Houve tempo em que um terço da humanidade morria de vírus e bactérias.
Hoje, peste bubônica é apenas o nome de um grupo de rock. Quando ainda
havia lampiões a óleo, peritos declararam que tudo o que havia para ser
inventado já tinha sido inventado. Hoje, tiramos e enviamos fotografias
digitais com nossos telefones celulares.
A história não é gentil com a impossibilidade. Por mais impossível que a
imortalidade física possa parecer, a evolução abolirá esse ditame.
A imortalidade não acontecerá simplesmente por termos construído uma
máquina do tempo, desenvolvido antibióticos mais fortes ou baixado nosso
DNA para discos rígidos. A imortalidade acontecerá por causa do nosso
trabalho para nos tornarmos como Deus, e porque já somos imortais. Em
nossas almas, nós já somos como Deus, mas, por estarmos separados da
natureza de compartilhar divinamente, sofremos e morremos. Quando nos
tornamos como Deus, apagamos nossas próprias doenças, transformamos as
amolações cotidianas em oportunidades de nos tornarmos livres,
descartamos com um aceno os pensamentos que causam depressão, vivemos
com um objetivo mais grandioso do que sobreviver mais um dia na prisão, e
nos tornamos a causa de todas as nossas experiências. COMO RAV SHIMON
BAR YOCHAI, NÓS ATÉ COLOCAREMOS UM SINAL DE ENTRADA PROIBIDA PARA O ANJO
DA MORTE, DE FORMA QUE, DE AGORA ATÉ A ETERNIDADE, A MORTE NÃO TERÁ
DOMÍNIO.
Rav Michael Berg
http://busca-espiritual.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário