A CABALA E O NOSSO DESTINO FINAL:
SER COMO DEUS - 11/13
SER COMO DEUS - 11/13
ARMAS DE GUERRA
Estamos propondo a fuga da maior prisão de segurança máxima jamais construída. Sendo assim, não é uma simples questão de se esgueirar quando o guarda estiver dormindo. Nesta prisão, o guarda nunca dorme.
A fuga da prisão da vida se parece mais com um combate armado. O Zohar chama nossa vida de zona de guerra, uma incessante batalha contra uma força negativa que opera dentro da nossa pele, dentro do nosso cérebro, dentro das nossas células, nos consigna à existência robótica, e depois como recompensa nos mata. É um combate mortal pela causa da vida imortal.
Habitamos numa zona de guerra, nós que adentramos por esta porta que se
abriu neste momento na consciência humana. OU NÓS SOMOS REATIVOS,
MECÂNICOS, MARIONETES DO OPONENTE. OU SOMOS AGENTES PROATIVOS DE NOSSA
PRÓPRIA NATUREZA DIVINA. Somos ou um ou o outro. A cada momento da
existência temos uma escolha de sistema operacional, e cada momento é
uma oportunidade de promoção. Há alegria a cada revelação de Luz, mas
mesmo assim a realidade da guerra continua, A GUERRA BÁSICA NUNCA
TERMINA ATÉ NOS TORNARMOS COMO DEUS.
Este livro, portanto, pode ser visto de uma outra maneira: ele é um
arsenal de armas à disposição na luta por nossa alma, num campo de
batalhas chamado nossa vida.
O RECONHECIMENTO é a primeira arma. Devemos reconhecer que vivemos numa
prisão, e não num hotel de luxo, porque o reconhecimento provoca
urgência, e somente com urgência o fervor para a fuga pode começar.
A RECUSA é a segunda arma. Somente na recusa em aceitar a morte e o
sofrimento como realidades finais o poder da ação pode começar.
A FÓRMULA DE DEUS é a terceira arma. Somente com absoluta clareza e
concentração no objetivo final e nos meios para se chegar lá podemos
abrir caminho através dos muros e nos tornar como Deus.
DESMASCARAR O OPONENTE é a quarta arma, porque ele enganará, confundirá e iludirá a cada volta.
A CERTEZA é a quinta arma. Somente se houver certeza no potencial
extraordinário de cada ser humano de se tornar como Deus pode ser
atingida nossa meta.
A VIGILÂNCIA CONTRA O CONFORTO é a sexta arma, porque somente nos
afastando da armadilha mortal do conforto e mergulhando com alegria no
âmbito do desconforto podemos começar a destruição do ego e o
compartilhar transformador.
FINALIZAR é a sétima arma, porque somente com um foco incessante e com a
rememoração do objetivo final, e com a recusa em se contentar com
qualquer coisa que seja menos que a transformação total iremos nos
tornar como Deus.
DETESTAR O EGO
Certa vez, Rav Ashlag chocou seus alunos.
"Nenhum de vocês acredita realmente no que ensinei a respeito do ego", disse a eles. "Se tivessem acreditado em mim, vocês já teriam mudado."
Vocês já teriam mudado.
Mesmo após anos de trabalho com um grande cabalista, o infatigável ego resiste à conquista.
Por que ainda não mudamos? Qual o segredo da durabilidade do Desejo de
Receber Somente para Si Mesmo? Por que nossa devoção ao ego é tão
inabalável? A resposta simples é: nós não o detestamos o suficiente. Não
achamos os males desencadeados pelo ego suficientemente repugnantes
para fazer o que é necessário para nos transformarmos. O Oponente nos
hipnotizou, fazendo-nos crer que o cuidado e a alimentação do ego são o
melhor para nós - quando na verdade isso acaba com nossas vidas. NESTA
BATALHA, NOSSA VANTAGEM ESTÁ NA NATUREZA DE NOSSA ESSÊNCIA DE
AUTOMATICAMENTE REJEITAR TUDO QUE PERCEBE COMO NEGATIVO. ASSIM, É
VITALMENTE IMPORTANTE RECONHECER A NEGATIVIDADE. NOSSO TRABALHO NÃO É
TANTO NOS LIVRAR DA NEGATIVIDADE, MAS SIMPLESMENTE ENXERGÁ- LA. O
PROCESSO DE ENXERGÁ-LA É SINÔNIMO DE EXPULSÁ-LA.
SE AS PESSOAS REALMENTE SOUBESSEM QUE TODA VEZ QUE FICAM ZANGADAS ESTÃO
COMETENDO SUICÍDIO, NUNCA MAIS FICARIAM ZANGADAS. Isto torna a jornada
para se tornar como Deus mais uma questão de enxergar, e menos uma
questão de fazer. E continuamente ficar chocado com cada novo pedaço de
ego que enxergamos, mesmo quando o mundo inteiro nos louva por nossa
humildade.
O quanto devemos abominar o ego?
Alguém certa vez se dirigiu a um grande cabalista: "Preciso lhe
contar que, há alguns meses, um de seus alunos agiu de uma forma
incrivelmente repulsiva."
Ouvindo o nome do aluno, o cabalista respondeu: "Zushya é uma das
pessoas mais espirituais que possa existir. Não posso crer que ele tenha
agido mal. Conte- me a história."
"Bem, era para acontecer um casamento em nossa cidade", o homem
relatou, "e no dia da cerimônia a mãe da noiva perdeu o dote. A cidade
inteira estava emocionada com o casamento, mas agora que ele teria que
ser cancelado todos estavam tristes e algumas pessoas ficaram discutindo
e brigando - foi horrível. De repente, este homem entrou no salão do
casamento, se apresentou como Zushya e anunciou que tinha encontrado o
dote. Você pode imaginar o quanto todos ficaram aliviados,
principalmente a noiva e sua família. Estávamos todos contentes, mas
logo nosso contentamento virou indignação. Zushya disse: 'Se vocês
querem o dote de volta, devem me pagar uma gratificação de 20% pelo
achado.'
"Olhamos para ele pasmos. 'Você está louco? ', eu disse. 'Que tipo de
homem poderia pedir uma gratificação numa circunstância como essa?
Simplesmente devolva a ela o dinheiro. ' Mas ele insistiu que não
devolveria o dinheiro sem antes receber seus 20% de gratificação.
"As coisas foram de mal a pior. Começou uma briga. A família da noiva
bateu em Zushya e arrancou o dinheiro de seus bolsos. Depois, nós o
agarramos e o expulsamos da cidade. E, francamente, nem posso dizer que o que fizemos foi errado, afinal que vigarista agiria assim?"
"Deve haver alguma explicação. Deixe-me conversar com Zushya e descobrir o que aconteceu", disse o cabalista.
"Foi assim", Zushya explicou. "Minha filha estava para se casar e,
como sou pobre, não tinha fundos para seu dote. Viajei de cidade em
cidade para conseguir algum dinheiro. Depois de dois meses de trabalho
duro, finalmente consegui arrecadar a quantia de que precisava e estava
voltando para casa quando passei por esta cidade na qual todos estavam
tão tristes e desconsolados. Perguntei o que tinha acontecido e me
contaram a história do dote perdido. Decidi fazer uma grande ação de
compartilhar e dar para a família da noiva o dinheiro que eu tinha
arrecadado para minha filha. Descobri exatamente quanto dinheiro tinha
sido perdido e o valor das notas, e planejei entregar o dinheiro para a
família fingindo tê-lo encontrado. Todavia, quando eu estava indo para o
salão do casamento, de repente o Oponente começou a falar comigo.
'Zushya', ele disse, 'você é um sujeito tão bom. Quem mais no mundo
seria capaz de fazer o que você está fazendo? Você não tem dinheiro
nenhum, trabalhou duro meses para arrecadar o dinheiro para o casamento
da sua filha, e agora você dá tudo para a família da filha de alguma
outra pessoa que você nem conhece. Você deve ser a pessoa mais generosa
do mundo.'
"O Oponente continuou falando assim, e eu pude sentir meu ego
crescendo cada vez mais, então disse para mim mesmo: 'Quero fazer esta
ação de compartilhar com esta família, mas não posso deixar meu ego
receber todo o crédito.' Assim, procurei um jeito de dar o dinheiro para
a família da noiva e ao mesmo tempo dar uma bela surra no meu ego. Foi
então que me veio a ideia de pedir 20% de gratificação por ter
encontrado o dinheiro. Eu sabia que eles nunca me dariam este valor e
que eu seria expulso em desgraça da cidade."
O ego comanda. Ele mandou o homem da história não dar seu dinheiro. Depois mandou-o receber crédito por sua generosidade. Mas Zushya estava na guerra, e a aversão ao ego foi uma arma que não falhou.
COMPARTILHAR RIDICULAMENTE
Quando vivemos na natureza do ego, compartilhar é um ato não natural.
Compartilhar viola a necessidade fundamental de sobrevivência do ego: eu
quero para mim mesmo. Trata-se de um poço fundo e escuro, uma coceira
que não dá para coçar, um anseio sem fundo fadado a jamais ser
preenchido.
Tornar-se como Deus começa com se comportar como Deus, e isso significa
se transformar num ser que compartilha. Parece lógico, portanto, que
sendo compartilhar o caminho para a transformação e sendo a
transformação a rota de fuga da morte e do sofrimento, deveríamos correr
para compartilhar com o ardor de um condenado fugindo de uma prisão.
Veríamos uma pessoa em necessidade da mesma maneira como um prisioneiro
vê uma lima de ferro. QUANTO MAIS COMPARTILHAMOS, MAIS NOS APROXIMAMOS
DA LUZ DO SOL POR TRÁS DOS MUROS DA PRISÃO. QUANTO MAIS DESCONFORTÁVEL O
COMPARTILHAR, MAIS RÁPIDO CHEGAREMOS LÁ. É o princípio do
crescimento. Os pesos que levantamos com facilidade não nos dão forças
como os pesos levantados com esforço. Ser bom, doar para a caridade e
dar dinheiro para mendigos são atos de compartilhar seguramente
incrustados em nossa zona de conforto, e, sendo assim, os bíceps de
nossa natureza divina só crescem um pouco. COMPARTILHAR
EXORBITANTEMENTE, INESPERADAMENTE, QUANDO É UM SACRIFÍCIO FAZÊ-LO,
QUANDO VAI CONTRA NOSSA NATUREZA FAZÊ-LO, QUANDO ALGUÉM ADMIRA A NOSSA
CANETA FAVORITA E DIZEMOS "FIQUE COM ELA" - É AÍ QUE COMEÇAMOS A NOS
TORNAR COMO DEUS.
Na Bíblia, Abraão queria encontrar uma esposa para seu filho, Isaac, e
para isso mandou seu empregado, Elazar, a uma determinada cidade para
procurar pela mulher certa. O empregado levou dez camelos e, chegando à
cidade, fez com que se ajoelhassem num poço ao anoitecer, a hora em que
as mulheres vinham tirar água. Ele rezou para Deus: "Faça com que a
donzela a quem eu disser 'por favor, vire seu jarro para que eu possa
beber', e que responder 'beba e darei água também para os camelos' seja a
nora designada para meu mestre."
Nem bem ele terminou de rezar e uma linda donzela, Rebeca, surgiu com
um jarro no ombro. Ela desceu para a fonte, e Elazar correu para ela e
disse: "Permita, por favor, que eu beba um pouco de água do seu jarro."
Ela respondeu: "Pode beber à vontade", e quando terminou de dar de
beber a ele, ela disse: "Tirarei água também para seus camelos até eles
se saciarem."
Imediatamente, Elazar entendeu que sua oração tinha sido respondida e que ele tinha encontrado a alma gêmea de Isaac.
A história de Rebeca é uma representação do compartilhar transformador. É fácil oferecer água para um estranho, é absurdo oferecer água para toda sua manada de camelos. A menos que a ação tenha por trás uma intenção consciente, que é despertar a divindade dentro de si próprio. Neste caso, o compartilhar é feito para si mesmo e não para o recebedor. Rebeca estava operando no nível de intenção consciente de se tornar como Deus, e por isso foi considerada uma parceira digna para Isaac.
O que distingue o compartilhar normal do compartilhar transformador não
tem nada a ver com o que está sendo compartilhado. A consciência e a
dificuldade por trás do ato determinam sua carga de Luz. Um dólar dado
com um desejo consciente de crescer, de se tornar como Deus, é um ato de
compartilhar transformador. Um legado de 10 milhões de dólares, dado
para obter autoglorificação, fama e mais poder, não é. A ÚNICA REGRA QUE
PODEMOS SEGUIR É QUE NOSSAS AÇÕES DEVEM NOS MOVER NA DIREÇÃO DE NOS
TORNARMOS COMO DEUS.
AGORA. E AGORA. E AGORA.
A maior arma que temos na guerra da transformação é o momento presente,
porque cada segundo que vivemos é uma oportunidade. CADA INCIDENTE
IRRITANTE É UMA OPORTUNIDADE DE ABRAÇAR O DESCONFORTO E LASCAR MAIS UM
ÁTOMO DE EGO. CADA ENCONTRO É MAIS UMA OPORTUNIDADE DE CONFRONTAR O
EGOÍSMO E COMPARTILHAR COM ALGUÉM. Esta é a vitória da trivialidade,
porque cada momento é trivial, e é no trivial e no modesto que a
transformação é conquistada. Gestos grandiosos e momentos dramáticos não
duram. O que dura é o agora e o agora e o agora. É no agora que aqueles
que completarão a jornada são separados dos que não completarão. É
agora que nos lembramos de nossa natureza e objetivo. Estamos aqui para
nos tornar como Deus e agora não esqueceremos, como não nos esqueceremos
que o que se apresenta para nós é exatamente o que precisamos para
avançar em nossa jornada. NÃO EXISTE "VOU ESPERAR QUE ISTO PASSE PARA
PODER VOLTAR À MINHA TAREFA DE ME TORNAR COMO DEUS". NÃO HÁ DESVIO. CADA
CURVA E BIFURCAÇÃO NA ESTRADA É A ESTRADA EM SI.
Alguém nos pede café, e nos apressamos em ir pegar. Mas não nos
esquecemos do motivo por que o fazemos. Não porque a pessoa gostará de
nós, não para parecermos espirituais, mas porque essa ação de
compartilhar despertará nossa natureza divina. O quanto mais nos
lembrarmos, quanto mais permanecermos conscientes, mais intensa a
transformação. Alguém fura a fila na nossa frente. Queremos reagir com
raiva. Não reagimos, porque sabemos que fazendo a restrição quebraremos
mais uma barreira entre nós e Deus. Desta maneira passamos a entender a
verdade sobre o sacrifício. Damos a isso o nome de sacrifício porque
acreditamos estar abrindo mão de algo de valor. Porém, através do
sacrifício, estamos na verdade abrindo mão apenas dos pensamentos e
ações tóxicos do nosso Desejo de Receber Somente para Si Mesmo.
Faça-o neste instante, e no próximo instante, e no seguinte. Faça-o com a
topada no pé e com o café frio e com alguém furando a fila.
Sua vida depende disto.
DETESTE O EGO.
COMPARTILHE RIDICULAMENTE.
AGORA. E AGORA. E AGORA.
Rav Michael Berg
http://busca-espiritual.blogspot.com
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