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sexta-feira, 9 de novembro de 2018

O AMOR USUAL 
E O AMOR REAL


O amor não significa o que normalmente se entende pela palavra. O amor usual é apenas um disfarce; algo mais está oculto por trás dele.

O amor real é um fenômeno totalmente diferente. O amor usual é uma exigência, o real é um compartilhar. Ele conhece a alegria do dar e nada conhece do exigir.

O amor usual finge demais. O amor real é, nunca finge; ele simplesmente é. O amor usual se torna enjoativo, açucarado, chato, o que se chama de amor piegas. Ele é enjoativo, nauseante. O amor real alimenta; ele fortalece a sua alma.

O amor usual alimenta somente o seu ego — não o você real, mas o irreal. Lembre-se: o irreal sempre alimenta o irreal, e o real alimenta o real.

Torne-se um servo do amor real, e isso significa tornar-se um servo do amor em sua pureza suprema. Dê, compartilhe tudo o que você tiver, compartilhe e tenha prazer com esse compartilhar.

Não ame como se fosse uma obrigação, pois assim toda a alegria vai embora. E nunca sinta que você está obrigando o outro a dar algo em troca, nem mesmo por um único instante. O amor nunca pede nada em troca. Pelo contrário, quando alguém recebe seu amor, você se sente grato. O amor fica agradecido por ter sido recebido.

O amor nunca espera recompensa nem agradecimento. Se o agradecimento é feito, o amor sempre é pego de surpresa. Essa é uma agradável surpresa, pois não havia expectativa.


Osho - "Amor, Liberdade e Solitude: Uma Nova Visão sobre os Relacionamentos"
http://pensarcompulsivo.blogspot.com 



Sobre o Amor
 
Descobriremos o que é o amor se compreendermos o que o amor não é, porque sendo o amor o desconhecido, só podemos nos aproximarmos dele depois de rejeitar o conhecido. O desconhecido não pode ser descoberto pela mente que está repleta do conhecido. O que vamos fazer é procurar compreender os valores do conhecido, considerar o conhecido e depois de o considerarmos, pura e simplesmente, sem condenação, a mente se tornará livre dele e saberemos, então, o que é o amor. Assim, devemos chegar-nos ao amor de maneira negativa e não, positiva.

O que é o amor para a maioria de nós? Quando dizemos que amamos uma pessoa, o que queremos dizer? Queremos dizer que possuímos a pessoa. Da posse nasce o ciúme, porque se eu o perder, ou a perder, o que acontecerá? me sentirei vazio, perdido. Por conseguinte, legalizo a posse, retenho-o, ou retenho-a em meu poder. Do possuir a pessoa, resulta o ciúme, resulta o temor e os inumeráveis conflitos inerente a posse. Ora, posse não é amor, é?

O amor, por certo, não é um sentimento. Ser sentimental, ser emotivo, não é indício de amor, porque a sentimentalidade e a emoção, não passam de meras sensações. A pessoa religiosa, que chora por Jesus, por Krishna, por seu guru ou por outro qualquer, é apenas sentimental, emotiva. Está se deixando dominar pela sensação, que é um processo do pensamento e o pensamento não é amor. O pensamento é resultado da sensação; assim, a pessoa sentimental, emotiva, não pode, de modo algum, conhecer o amor. Não somos emotivos e sentimentais? A sentimentalidade, a emotividade, são apenas uma forma de auto-expansão. Estar cheio de emoção não é amor, por certo, porque uma pessoa sentimental pode ser cruel, quando seus sentimentos não são correspondidos, quando não pode dar expansão aos sentimentos. Uma pessoa emotiva pode ser incitada ao ódio, à guerra, ao morticínio. O homem sentimental, lacrimosamente religioso, esse homem por certo não tem amor.

Perdão é amor? O que subentende o perdão? Você me insulta, eu me ressinto; guardo na memória o insulto. Depois, forçado pelas conveniências ou pelo arrependimento, digo, "lhe perdoo". primeiro guardo, depois rejeito. O que significa isso? Que eu continuo a ser a figura central. Continuo a ser importante; sou eu quem está perdoando. Com essa atitude eu é que sou importante, não o homem que supostamente me insultou. Por conseguinte, quando acumulo ressentimentos, e depois rejeito esses ressentimentos, e a isso chamo e perdoar, não há amor. O homem que ama não guarda inimizade, todas essas coisas lhe são indiferentes. Arrependimento, perdão, um estado de relação em que há posse, ciúme, medo — nada disso é amor. São só coisas da mente, não é verdade? Enquanto a mente for o árbitro, não há amor, porque a mente só arbitra segundo seu interesse de posse, e seu veredicto é sempre em favor da posse, sob diferentes formas. A mente pode apenas corromper o amor; não pode fazer nascer o amor, não pode oferecer beleza. Você pode descrever um poema sobre o amor, mas isso não é amor.

Por certo, não há amor, quando não há verdadeiro respeito, quando não respeitamos os nossos semelhantes, seja nosso criado, ou nosso amigo. Você já notou que não sabe respeitar, que não sabe ser benevolente, generoso para com seus criados, para com as pessoas ditas subalternas? Vocês têm respeito pelos que estão em cima, pelo patrão, pelo milionário, pelo homem que tem uma suntuosa residência e um título, pelo homem que pode lhes dar uma posição melhor, um emprego melhor, de quem vocês podem ganhar alguma coisa.Mas vocês tratam a pontapés os que estão abaixo de vocês; para esses, você têm uma linguagem especial. Por conseguinte, onde não há respeito, não há amor. Onde não há compaixão, caridade, benevolência, não há amor. E como a maioria de nós se acha nesse estado, não temos amor. Não somos nem respeitosos, nem compassivos, nem generosos. Somos dominados pelo desejo de posse, cheios de sentimentos e emoções, que podem ser dirigidos para qualquer lado, para o assassino, para a matança, ou para a unificação em torno de algum plano extravagante e ignorante. Em tais condições, como pode haver amor?

Vocês só conhecerão o amor quando todas essas coisas tiverem cessado, acabado, quando você não possuírem, quando não forem emocionalmente devotos à um objeto. Tal devoção é súplica, é busca de alguma coisa, de maneira diferente. O homem que reza não conhece o amor. Visto que vocês têm inclinação para a posse, visto que buscam um fim, um resultado pela devoção, pela oração, que torna vocês sentimentais, emotivos, não existem, naturalmente, amor; não há amor, é evidente, quando não há respeito. Vocês podem dizer que tem respeito, mas o respeito de vocês é pelo superior, simples respeito inspirado pelo desejo de alguma coisa, ou respeito do medo. Se vocês sentissem respeito, realmente seriam tão respeitosos para com os mais humildes como para os chamados superiores. Como não temos esse respeito, não temos amor. Quão poucos de nós são generosos, indulgentes e caridosos! Vocês são generosos quando quando isso lhes compensa; você são caridosos quando esperam alguma retribuição. Quando essas coisas desaparecerem e deixarem de ocupar as suas mentes, e quando as coisas da mente não mais encherem os seus corações, então haverá amor. E só o amor pode transformar a loucura, a insanidade que vai pelo mundo hoje em dia — e não os sistemas, nem as teorias, quer da esquerda, quer da direita. Só amam realmente, quando não possuem, quando não são invejosos, ávidos, quando são respeitosos, quando vocês têm compaixão e caridade, quando vocês têm consideração para com sua esposa, seus filhos, seu vizinho, seus pobres criados.

O amor não pode ser pensado, o amor não pode ser cultivado, o amor não pode ser exercitado. A prática do amor, o exercitar da fraternidade, está ainda dentro da esfera da mente e, por conseguinte, não é amor. Quando tudo isso tiver cessado, então, nascerá o amor, e você saberão então o que é amar. O amor não é então quantitativo, mas qualitativo. Vocês não dizem "amo o mundo inteiro"; quando sabem amar a um só, sabem amar o todo. Porque não sabemos amar a um só, nosso amor à Humanidade é fictício. Quando vocês amam, não há nem um, nem muitos: só há amor.

Só quando houver amor, poderão todos os problemas ser resolvidos, e conheceremos então a sua bem-aventurança, sua felicidade.

 
Krishnamurti - A primeira e última liberdade 
http://nossaluzinterior.blogspot.com

 

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