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quinta-feira, 24 de agosto de 2017

A  M  O  R
TÃO SIMPLES E TÃO MISTERIOSO


 
Existem dois tipos de amor: um é o amor de um escravo, o outro é o que precisa ser adquirido através do trabalho. O primeiro não tem valor de maneira alguma, apenas o segundo tem valor, isto é, o amor adquirido através do trabalho. Esse é amor do qual a religião fala a respeito. Se você ama quando ama, isso não depende de você e não tem mérito algum. É o que chamamos de amor escravo. Você ama mesmo onde você não deveria amar. As circunstâncias fazem-no amar mecanicamente.
 
O amor real é Cristão, o amor religioso – ninguém nasce com esse amor, a pessoa deve ser treinada especialmente nele. Alguns são treinados desde a infância, outros mais velhos. Se alguém possui esse amor significa que ele o adquiriu durante sua vida. Mas é muito difícil aprender esse amor. E é impossível começar a aprendê-lo de maneira direta nas pessoas. Cada homem toca o outro no ponto fraco, o atrapalha, dá-lhe pouca chance  de exercitar.
 
O amor pode ser de tipos diferentes. Para entender que tipo de amor estamos falando é necessário defini-lo. Agora falamos do amor da “vida”. Em toda parte há vida, começando com as plantas (pois elas também têm vida) e os animais – em suma, onde quer que exista vida há amor. Toda a vida é uma representação de Deus. Aquele que vê a representação verá Aquele que é representado. Toda vida tem amor e é sensível ao amor. Até mesmo as coisas inanimadas tais como as flores, que não tem consciência, entendem se você as ama ou não. Até mesmo a vida inconsciente reage de uma maneira correspondente a cada homem e reage a ele de acordo com suas reações.
 
De acordo como você planta, você irá colher, e, não apenas, por exemplo, no sentido mecânico de que se você planta trigo, você colherá trigo. A questão é COMO você planta. Mesmo de maneira literal isso é um fato, por exemplo, com a relva. Suponha que pessoas diferentes plantem as mesmas sementes no mesmo solo – os resultados serão diferentes.  Os animais também são muito sensíveis, embora menos do que o homem. Por exemplo, a pessoa X é designada para cuidar de alguns animais. Muitos ficam doentes e morrem, as galinhas botam menos ovos, etc. Até mesmo uma vaca irá dar mais leite se você amá-la. A diferença é realmente surpreendente.
 
O homem é mais sensível do que uma vaca, porém inconscientemente. E é assim se você sente simpatia ou antipatia, ou se você odeia outra pessoa, é apenas porque essa outra pessoa igualmente planta algo ruim contra você. Aquele que deseja aprender a amar o próximo deve começar praticando o amor em relação às plantas e aos animais. Começar primeiramente tentando amar um homem é impossível, porque o outro homem é igual a você e ele vai repulsar o seu esforço. Mas um animal irá pacata e silenciosamente se resignar, portanto é mais fácil começar a praticar nos animais. Aquele que não ama a vida não ama a Deus.
 
É muito importante para um homem que trabalha sobre si mesmo entender que nenhuma mudança pode ser esperada nele até que ele mude sua atitude para com o mundo externo. Em geral, você não sabe o que deve ser amado o que não deve ser amado. Embora existam coisas objetivas que devemos amar ou que devemos não amar. Portanto, é mais produtivo e prático esquecer a respeito do bom e do ruim e começar a agir apenas quando você tiver aprendido a escolher por você mesmo.
 
Se você quer trabalhar sobre si mesmo, você deve adquirir mais e mais atitudes variadas. Exceto em coisas grandes e que claramente são inegavelmente ruins, você deve treinar-se; por exemplo: se você gosta de rosas, tente não gostar delas, se você não gosta tente gostar. É melhor começar com o mundo das plantas. Tente a partir de amanhã com as plantas, tente olhar para elas de uma maneira que você não tenha feito ainda. Cada pessoa é atraída por certas plantas e repelida por outras. Vocês não tinham notado isso até então. Primeiramente, você deve tentar olhar bem para a planta, depois tentar analisar e entender o porquê dessa atração ou aversão está ali. Tenho certeza que ninguém percebe ou sente isso. 
 
A mente não vê um processo que é genuinamente subconsciente. Se você começar a olhar conscientemente, você verá muitas coisas e descobrirá muitas Américas. As plantas têm as mesmas relações mútuas que existem entre os homens e certas relações existem também entre as plantas e os homens, que mudam de tempos em tempos. Toda a vida está conectada. Por vida quero dizer tudo que vive, todas as coisas dependem umas das outras.
 
As plantas afetam os humores de um homem e o os humores de um homem afetam o humor das plantas. Enquanto vivermos devemos fazer experimentos. Até mesmo flores vivas num vaso irão morrer por causa de um humor artificial.
 
 
 
G. I. Gurdjieff 
Fonte:portaldoconhecimentodivino

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