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sábado, 8 de outubro de 2016

VINDO DA ESTRADA ESBURACADA


Última Parte

No momento em que você souber que você não é, então tudo o que você fez no passado, está fazendo no presente ou fará no futuro também desaparecerá.
 
Quando aquele que faz desaparece, os feitos também desaparecem.
 
No Oriente, as pessoas se preocupam muito com carmas e ações. Elas ficam com muito medo, pois têm de pagar e sofrer por todas as coisas ruins que fizeram no passado.
 
E o mestre diz: “Não tenha medo, pois você não é; portanto, você não fez coisa alguma!”
Assim, a única coisa é penetrar fundo em você mesmo e perceber o seu nada.
 
Você não precisa fazer coisas boas para contrabalançar as coisas más que fez.
Não precisa se esforçar em fazer boas ações, pois faça você o bem ou o mal, você permanece na ilusão de um executante. Perceba a diferença!
 
Normalmente, as religiões ensinam a ser moral, fazer o bem e evitar os pecados.
Lembre-se daqueles dez mandamentos – eles compõem a religião ordinária: não faça isso, faça aquilo.
 
A religião extraordinária diz: desapareça como o autor, não se incomode a respeito de fazer o bem ou o mal. E quem sabe o que é bom e o que é mau?
Na verdade, nada é bom e nada é mau, pois a existência é uma – como pode haver duas? Tudo é um.
 
O bom transforma-se em mau, o mau transforma-se em bom, e a gente nunca sabe o que é o quê.
As coisas continuamente estão se transformando umas nas outras. Você pode observar.
 
Lembre-se da velha história: Deus disse a Adão para não comer desta árvore, e criou a tentação. Ele deve ter sido um bom pai, e destruiu o filho.
Ao dizer “Não coma da Árvore do Conhecimento”, ele criou a tentação e o desejo, o desejo irresistível de comer daquela árvore.
Ora, ele queria fazer o bem, mas o que aconteceu? O pecado original surgiu.
 
Todas as pessoas que ficam fazendo coisas boas provam ser muito nocivas; os benfeitores são as pessoas mais nocivas do mundo, e o mundo sofreu muito com elas; suas intenções são boas, mas suas compreensões são nulas.
E apenas boa intenção não serve pra nada.
 
Aqueles que compreendem dizem que não se trata de uma questão de bom e mau, mas de uma questão de desaparecimento do autor.
 
Ou podemos dizer desta maneira: permanecer como autor é mau; desaparecer como autor é bom.
Não ser é virtude; ser é pecado.
 
Este é o entendimento de Buda. Todos os nossos atos são apenas sonhos, e quando a pessoa se torna desperta ela simplesmente começa a rir: todo o mal e todo bem foram apenas sonhos.
 
E o maior dos sonhos é “Eu sou” – e este se tornou nosso suicídio. Essa ideia “Eu sou” provou ser muito suicida.
E se você desaparecer como um eu (ego), se você cometer este suicídio do ego você começará a viver, nascerá para a vida eterna e conhecerá algo que não é temporal.
 
E então, nessa consciência desperta, não há nada bom e nada mau.
A pessoa come quando tem fome, dorme quando está cansada, responde quando uma questão é levantada. A pessoa não tem ideia de como viver e vive sem mente.
 
A pessoa vive com nada dentro de si. Viver como nada é nirvana; é dissolver-se na existência – na eternidade.


Osho






Sartre disse que "não importa aquilo que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você". Por isso nos é aconselhado viver como um 'ninguém', pois quem pode fazer algo com um 'ninguém'? Ele está dissolvido na existência, na eternidade... vive no mundo sem ser do mundo. KyraKally


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