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sexta-feira, 7 de outubro de 2016

VINDO DA ESTRADA ESBURACADA


Parte IV


Perceba que normalmente estamos empacotando soluções para problemas que não existem mais.
Todos são assim; estamos carregando milhares de soluções para problemas que não existem mais – e você chama isso de conhecimento.

Na verdade, isso está obstruindo sua capacidade de saber; isso não é conhecimento.
Abandone todas as soluções e respostas que você está carregando.
Permaneça em silêncio, e sempre que surgir uma questão a partir deste silêncio você ouvirá a resposta – e esta será a resposta.

Ela não virá de você, das escrituras ou de algum lugar – ela virá de lugar nenhum e virá de ninguém; ela virá do seu nada mais profundo.

As religiões chamam este nada de “Deus”.

Com frequência Buda enfatiza a palavra “nada” – significativa e sugestivamente, pois uma vez usada a palavra “Deus” as pessoas começam a se apegar a ela.

Então elas têm alguma ideia; elas perguntam qual é a aparência de Deus.
Não se pode perguntar qual é a aparência do nada, ou pode?

Uma vez que se tenha a palavra “Deus”, começa-se a perguntar: “Como fazer a imagem? Como criar um templo? Como venerar? Como orar? Que nome dar a ele?
E por isso há muitos nomes e imagens... O que resulta em luta.

É por essa razão que Buda enfatiza tanto a palavra “nada” – pois ela é realmente bela. Ela não permite que se faça algum jogo com ela e não se permite ser corrompida por você.

Todavia, se você compreender corretamente, nada significa Deus e Deus significa nada.

Nossa mente... Sem fim, sem princípio... Embora tenha nascido, embora morra... A essência do vazio!

Observe a sua mente...
A mente precisa ser entendida de duas maneiras.
Uma é a mente com “M” maiúsculo. Esta é a mente universal, cósmica – a consciência que permeia a existência.

Esta é uma existência consciente, viva, viva até o cerne. Tudo está vivo, e você pode saber disso ou não. Isso pode ser visível para você ou não, mas tudo está vivo. Somente a vida existe.

Nessa consciência a morte é um mito, uma ilusão.
Mente com “M” maiúsculo é a Mente cósmica - isto deve ser atingido. É isto que Buda chama de “nada”, de vazio como um espelho.

Mas há uma outra mente com “m” minúsculo, a mente pequena. Então minha mente é diferente, sua mente é diferente. Nessa consciência existem diferenças, e cada mente tem sua própria limitação.

A pessoa precisa desaparecer da minúscula para a infinita.

Nossas mentes pequenas são somente reflexos da grande mente.

Quando a Lua se levanta, a lua cheia, milhões de lagos, mares, rios e lagoas sobre a terra a refletirão. Onde houver alguma água, ela será refletida.

Mas a Lua é uma e os reflexos são milhões... assim são nossas pequenas mentes.

A Mente é uma – você pode chamá-la de Mente Cósmica ou de Deus. Esses são apenas nomes diferentes para a mesma realidade.

Essa mente pequena tem um começo e tem um fim. Essa mente grande não tem começo nem fim.

Agora escute essas palavras:
Como um reflexo você nasceu e morrerá. Se você se apegar demais ao reflexo, você sofrerá.
O sofrimento é isso, o inferno é isso.

Se você não ficar demasiadamente apegado, se não estiver se apegando ao reflexo... O corpo, esta mente e esta vida são reflexos.

Se observar silenciosamente, será capaz de perceber que todos esses reflexos estão passando – e então você fica consciente do espelho no qual esses reflexos estão passando.

Esse espelho é a eternidade.




Osho






Mário Quintana escreveu certa vez que a eternidade é um relógio sem ponteiros... Isso é muito verdadeiro. Precisamos caminhar sem prestar muita atenção aos dias e as horas; que existam, pois, porém não permitamos que nos impeçam de viver no eterno presente. Santo Agostinho disse que o tempo é um vestígio da eternidade, então que importância tem viver um vestígio se "somos cidadãos da eternidade". (Fiódor Dostoiévski)

 



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