O REAL E VERDADEIRO SIGNIFICADO DO PERDÃO
NA VIDA DE TODOS OS SERES
Se uma ação equivocada tiver sido realizada, que não se perca tempo,
além do requerido, com a culpa. Nas fases iniciais do processo de
retomada do autêntico caminho, ela é importante, pois atrai o
arrependimento, atitude fundamental para a cura e o perdão. O
arrependimento promove no ser um deslocamento das forças que motivaram o
erro. Sem esse deslocamento, a reincidência é prevista - no mesmo setor
ou em outro, com a mesma veste ou com outras. Assim, não se restabelece
o equilíbrio almejado, e a vontade enfraquece.
Na verdade, o perdão é uma oportunidade de se reequilibrarem erros
cometidos. Está ligado à determinação de trilhar caminhos retos. A
energia interior segue leis precisas e não se apresenta quando não pode
ser acolhida. Portanto, é preciso abertura para que, pela graça, essa
energia possa atuar. Ser perdoado implica decisão de não refazer o mesmo
ato ou outro equivalente em ocasiões posteriores.
Nesse trajeto de quedas e retomadas, é fundamental não ser
condescendente; é preciso crer que o verdadeiro amor conhece os caminhos
desse trajeto e a meta última do ser, estando sempre pronto a dar a mão
aos que querem avançar. Quando a fé está presente e se quer
decididamente entregar a vida ao eu interno, o impossível acontece. Para
esses, a lei soa compassiva, sábia, e anuncia-lhes: "O poço está sendo
revestido. Nenhuma culpa" - como instrui o I Ching, obra clássica da
China antiga.
Na transformação de um ato equivocado, a gratidão é importante e também a atenção para não se cair num estado de amoralidade.
A fraqueza não precisa assumir conotação culposa nem deve ser acolhida.
Sua aceitação corresponde a um fechamento do ser para as correntes de
energia que o impulsionam para o passo evolutivo que deve dar. Essas
correntes provêm do eu superior ou da mônada, que as recebem de fontes
maiores. Se não são captadas pelo eu consciente, o mecanismo por
intermédio do qual podem ser recolhidas vai-se afrouxando, dificultando
essa captação. A concessão ao que é ultrapassado desvitaliza esse fluxo
de energia, traz um afastamento da fonte de vida interior e redunda em
depressões consideráveis.
Esse movimento de captação e resposta é como um músculo: se exercitado
na correta direção, fortalece-se; definha-se quando negligenciado ou
mal-utilizado. A cada resposta positiva ao impulso de evolução esse
mecanismo se robustece, e o sagrado aproxima-se da face da Terra.
O consciente esquerdo - aglomerado de forças geradas pelo exercício do
livre-arbítrio nas experiências passadas do indivíduo, positivas ou não -
exprime-se por intermédio da lógica, da dedução, da análise e da
comparação. Pouco ou nada sabe do que é novo e genuíno. Manipula o que
possui em seus arquivos, mas desconhece o que o transcende. Ele não é
para ser aniquilado, mas retirado da posição de controle e influência
que geralmente ocupa. No lugar correto, será iluminado pelas energias do
consciente direito; a este servirá de instrumento para expressão no
mundo material, até que ambos se integrem.
Para que essa transmutação ocorra, ou seja, para que o consciente
direito - veículo de expressão das energias da alma e da mônada -
desperte e assuma o controle da vida do ser, é preciso adesão
incondicional ao impulso evolutivo, persistência e amor pela meta,
flexibilidade mental, desapego e capacidade de ousar.
José Trigueirinho Netto
https://www.otempo.com.br
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