Translate

domingo, 26 de dezembro de 2021

COMO ENTENDER O CHAMADO - II

O PAI NOSSO

‘Quando orardes, entrai no vosso quarto (dentro de vós mesmos) e, fechada a porta (da visão, da audição etc, isto é, cessada a ação dos sentidos e da mente) orai a vosso Pai que vos ouve em oculto (no mais íntimo de vosso ser; orai em silêncio, a ‘oração de recolhimento’, ensinada por Teresa de Ávila e pelos místicos, oração sem palavras ou pensamentos, oração em que todos os sentidos, memória e esperanças são ‘recolhidos’; oração sem qualquer movimento ou operação da mente; essa oração, se bem feita, pode resultar na ‘oração de quietude’, na qual há completo silêncio mental, o ego cessa (‘ou eu, ou Deus’) e, com ele cessam todos os condicionamentos e ilusões, e a ‘coisa’ pode acontecer... (MT 6:5). Como disse o profeta do Antigo Testamento "Aquieta-te e sabe: eu sou Deus". Aquiete totalmente sua mente; quando o silencia é total, é sinal de que o 'ego' se afastou, não está mais presente, interferindo com seus 'ruídos', e abriu 'espaço' para o percebimento de que "eu sou Deus".

A oração ‘Pai Nosso’, contida nos Evangelhos, é bem possível que fosse assim, pois Jesus já conhecia a verdade de que era ‘um com o Pai’; sabia que todos somos um só; que a vontade de Deus sempre é feita.

‘O Pai nosso está no céu e em todo o universo; seja o seu nome, Eu Sou, que é o mesmo ‘eu sou’ de todos nós, considerado sagrado por todos (considerado de suma importância, pois representa a própria divindade, a Consciência Universal, o objetivo de todos nós). Venha a nós a percepção de que somos de seu 'reino', de sua mesma natureza ('fomos criados à sua imagem e semelhança'). Que saibamos que a vontade de Deus é feita, inapelavelmente, tanto em nós (pois a escolha, as decisões não são nossas), na terra, como nos céus, e em todo o universo (portanto temos de aceitá-la, pois não há o que fazer contra ela; não há como fugirmos dela). E que tenhamos, cada dia, a energia (o pão) para o impulso necessário para nos levar a essa percepção. Perdoemos sempre os nossos devedores, isto é, aqueles que nos fizeram qualquer mal (pois as ações que fazemos, como as que eles fazem, não são nossas ações; nada escolhemos, pois “É o Senhor que opera em nós o pensar e o fazer”). Que não caiamos na tentação de praticar atos errados, dos quais mais tarde mais tarde nos arrependamos (e, por isso, soframos remorsos); e saibamos, pois, livrar-nos da prática de todo o mal e, por experiência própria, que o reino divino de poder e glória já é nosso desde todo o sempre. Assim seja’

A oração não conteria pedidos a Deus, mas exortações, lições aos homens; não há nada a pedir a Deus porque tudo já é perfeito; apenas não percebemos isso devido ao fato de, ainda, não conhecermos a verdade. Afirmam os sábios e, hoje, a filosofia da física quântica, que nada fazemos por nós mesmos, não escolhemos, nada decidimos; logo, não há o que perdoar ou pedir para nós ou para outrem; já estamos ‘lá’, só nos falta a percepção desse fato, percepção que é a coisa mais importante a ser tentada pelo homem, como disse Jesus ('Buscai em primeiro lugar...'), como asseguram os iluminados e os grandes psicólogos da moderna psicologia transpessoal e outros, como o renomado psicoterapeuta Carl G. Jung. Com também disse Jesus, essa percepção é mais importante do que tudo o mais, do que qualquer outra conquista ou posse. "Aquele que não abandonar pai e mãe...", a parabola do homem que encontrou o tesouro, e se desfez de tudo que possuia, para comprar 'aquele campo', a história do jovem que desejava primeiro enterrar seu pai etc.

‘Não jureis de modo algum... Dizei somente ‘Sim’, se é sim; ‘Não’, se é não. Tudo o que vai além disso vem do maligno...’.
Sê sempre sincero, leal, franco, amigo, honesto de modo que todos creiam em ti, sem necessidade de juramentos; agindo assim, as condições mentais (tranqüilidade) para a meditação melhoram. Se não agimos assim é porque estamos ainda mergulhados na ignorância; na escuridão que representa o maligno...

‘Não resistas ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe, também, a esquerda. Se alguém te tirar a túnica, dá-lhe, também, a capa. Se alguém obrigar-te a andar uma milha com ele... ’.
Sê pacífico, sereno, paciente, mesmo que te julguem tolo, fraco, covarde...; lembra-te que ‘a sabedoria de Deus é loucura para os homens’, como disse Paulo; e a serenidade é um dos requisitos para a preparação da mente que tenta a meditação; e, ainda, segundo as escrituras e, hoje, também a física quântica, nós não escolhemos, não decidimos nada, pois ‘é o Senhor que opera em nós o pensar e o fazer’.

‘Dai a quem vos pede e não fujais daquele que vos quer pedir emprestado...’.

Quando auxilias alguém, estás auxiliando a todos em geral, e, logo, a ti mesmo; não esquecer que todos nós somos apenas um.

‘Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem e maltratam...’.
Esse é o ponto de vista do iluminado; ele compreendeu que a harmonia entre todos é importante para a qualidade de vida e, logo, para a tentativa de meditação; e mais: a escolha, a decisão para fazer alguma coisa não é nossa, pois ‘é o Senhor que opera em nós o pensar e o fazer’.

Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis?’
Que fazeis de mais? E, por cima, estais ainda na ignorância, errando, pois todos somos um e ninguém escolheu ter esse ou aquele comportamento. Ainda mais, o amor verdadeiro só se adquire quando se tem o percebimento de que ‘eu e o Pai somos um’, que a perseverança na meditação pode trazer. Antes desse percebimento não existe amor; somente apego, admiração, afeto, dependência.

‘Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito... ’.
Busque a Deus, a verdade, cujo encontro traz tudo aquilo que denominamos perfeição; isso se pode conseguir pela meditação; e Jesus disse: ‘buscai, em primeiro lugar, o reino de Deus, que tudo o mais virá por acréscimo’, isto é, com o auto-conhecimento, que é o percebimento de quem realmente somos, não teremos necessidade de mais nada; estaremos plenificados e livres: ‘conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’.

‘Que tua mão esquerda não saiba o que faz a direita... ’.
Dá teu auxílio, amor, vibração, atenção, em segredo; ninguém precisa saber; se permites que outros saibam, é provável que te enchas de orgulho e vaidade, coisas que constituem distrações e perturbam a meditação. Conforme o cristianismo primitivo, o cristianismo ensinado por Jesus, a distração ou desatenção era o mais grave pecado, pois era o mais sério obstáculo à meditação, e a maior virtude era a atenção.

‘Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue de modo algum andará em trevas; pelo contrário, terá a luz da vida'.
O caminho, para se seguir Jesus, é para dentro de nós, em direção ao ‘eu’; como disseram Jesus, Paulo, Sto Agostinho, Teresa de Ávila e tantos outros sábios, ‘o reino de Deus está dentro de nós’; para aquele que chegou onde está Deus não haverá mais trevas; somente luz e bem-aventurança; pela iluminação o mundo não mudará, mas nossa visão do mundo será totalmente mudada para melhor, para a realidade, e teremos, não mais a escuridão da ignorância, mas a ‘luz da vida’.

‘Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja..., mas aquele que os guardar e ensinar...’.
Este é feliz, pois, se souber ensinar, é porque já chegou ‘lá’, como Jesus, Buda e outros; aquele que violar os mandamentos sofrerá, não pela violação, mas porque ainda não chegou lá (sofrimento natural para todos que não chegaram, pois a compreensão, fruto do percebimento do sagrado, ainda não lhes despontou).

‘Todo aquele que se irar contra seu irmão...’.
Ainda não compreendeu; ira-se contra si mesmo, pois, conforme as tradições místicas e, hoje, a própria ciência mais avançada, ‘todos somos a mesma consciência’; por isso Jesus afirmou: ‘o que fizerdes a um destes pequeninos, a mim mesmo o fizestes’.

‘Reconcilia-te, primeiro, com teu irmão;... só então vem diante do altar fazer tua oferta... ’.

Nada de ressentimentos; a escolha não é nossa, como ensinam os místicos e as escrituras e, hoje, a física quântica: ‘é o senhor que opera em nós o pensar e o fazer’; em consequência, nem o acerto, nem o erro são nossos; logo, nem o irmão, nem nós somos culpados; e, se há ressentimentos, não há a tranquilidade necessária para a tentativa de meditação.

Postado por Conforti
http://obuscadordedeus.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário