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sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

 COMO ENTENDER O CHAMADO - I

Uma tentativa de compreender as palavras de Jesus, como estão nos evangelhos, de conformidade com o entendimento dos místicos e da filosofia da atual física quântica. Não esquecer que Jesus falou do ponto de vista de um iluminado; por isso, muitas coisas parecem, àqueles que, como nós, ainda estão na escuridão, exageros ou absurdos.
 
‘Aquele que olhar para trás não pode seguir-me... ’ (desprender-se do passado, que é o próprio ‘eu’, dos planos e desejos que deixou para o futuro (e, portanto, estão na memória, no ego), e partir para o novo trabalho, o trabalho para a busca do reino (‘Buscai, em primeiro lugar o reino de Deus...') sem ter saudades, sem ficar preso às coisas antigas; deixar as lembranças e viver com atenção no presente, no Agora; só assim se segue Jesus. O passado é memória, e esta é que forma o ego, com todos os seus conflitos, medos, dúvidas, ilusões, crenças, suposições; temos, pois, de fazer cessar o passado, a memória, o ego. São finitos, e o finito nunca poderá perceber o infinito).

‘Aquele que não abandonar pai e mãe para seguir-me, não é digno de mim... ’ (a busca é tão enfatizada por Jesus que ele diz que pai e mãe não são tão importantes quanto ela; ‘seguir-me’ não é imitá-lo ou acompanhá-lo, mas seguir seus ensinamentos sendo o mais importante o ‘buscai em primeiro lugar... ’; ‘não é digno de mim’ significa não poder chegar à consciência crística, se não segui-lo). 
 
'Ou Deus ou Mamon'
Felicidade ou sofrimento? Escuridão ou luz? Seguir os ensinamentos de Jesus ou continuar com os condicionamentos que nos dão interpretação enganosa, ilusória, das coisas do mundo e o consequente sofrimento?.

‘O caminho estreito e pedregoso... ’
Abandonar o velho caminho que já estamos acostumados a percorrer pelo condicionamento em que o ego está mergulhado; nós o supomos mais seguro e suave e de porta mais larga e nele depositamos toda nossa confiança, por ser nosso velho conhecido; e partir para o desconhecido, que nos traz insegurança e medo, mas aí é onde está o novo, a novidade. Tudo aquilo que é conhecido (e o ‘eu’ é tão somente produto do conhecimento) tem de cessar para que encontremos o novo, o desconhecido, o sagrado).

‘Renúncia...’
Ao pensar, ao modo de conhecer dualista, ao passado e ao futuro, que não passam de lembranças e expectativas, imaginações e suposições, ilusões e opiniões, dissipadoras de nossas energias psíquicas, que devem ser acumuladas para o despontar do ‘satori’, a percepção do sagrado.

‘O Reino de Deus deve ser tomado pela espada’
Quem não se violentar e destruir o hábito e o condicionamento de pensar, interpretar, conceituar, julgar tudo o que os sentidos apreendem ou que a memória e as associações trazem, não poderá ‘entrar’ no reino; essa entrada exige reserva de energia psíquica que é constantemente dissipada pelas operações mentais: pensamento, imaginação, lembrança, preocupação, expectativas, emoções, raciocínio etc., coisas que não permitem que o cérebro fique em silêncio, coisas que constituem o ego e, como essas coisas devem cessar, temos de fazer cessar o ego, fato que a meditação pode proporcionar.
 
Orai e vigiai... ’
Oração ou meditação, e atenção; esteja sempre atento a tudo que faz, não para não errar, mas apenas para estar atento; quando há atenção completa não nascem pensamentos, fato que faz o ego se afastar, não interferindo com suas associações, interpretações, emoções, expectativas e memórias; e quando o ego se afasta, não há identificação com o conteúdo mental, pois este também se afasta. O conteúdo mental é o próprio ego. Não havendo a identificação com o conteúdo mental, cessam os sofrimentos e conflitos. E, quando o ‘eu não é, Deus é’, reza o Velho Testamento; e, ainda, como disse o profeta: ‘Aquieta-te e sabe: Eu sou Deus!.

‘É mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha, do que um rico entrar no reino dos céus...’
Não por ser rico, mas pelo inevitável apego aos bens, o que constitui medo, preocupação, distração, desatenção, obstáculos à uma existência tranquila e à meditação. Esta pode nos mostrar aquilo que realmente somos.

‘Bem-aventurados os humildes de espírito, os que choram, os mansos, os que têm sede de justiça, os misericordiosos, os limpos de coração, os pacificadores, os que são perseguidos por causa da justiça, os que são caluniados e perseguidos por causa do meu nome. Alegrai-vos e exultai porque é grande vossa recompensa nos céus... ’
Esses são os que chegaram ou estão chegando ‘lá’; são considerados pelos demais como tolos, ultrapassados, ridículos, fracos, loucos; mas, na realidade, são bem-aventurados; sua recompensa é grande: descobriram a jóia oculta e estão cheios de felicidade; nada lhes abala o ânimo...; eles são a luz do mundo e o sal da terra. (Mt 5).

‘Vós sois o sal da terra, a luz do mundo...’
Vós, isto é, os que chegaram lá, pois dão sentido às coisas. Os sábios afirmam: a vida só tem significado quando se chega lá, isto é, quando se tem a percepção daquilo que realmente somos. Enquanto não se chega lá, enquanto não se tem o percebimento do que realmente somos, somos apenas subumanos e a vida não tem sentido; é fútil e cheia de conflitos e de sofrimentos.

‘Brilhe vossa luz diante dos homens...’

Ao que teve que seja apenas um vislumbre da ‘coisa’ não lhe é possível calar-se; vejam os exemplos de Jesus, Meister Echkart, Giordano Bruno e tantos outros, que enfrentaram a morte, mas não deixaram de fazer sua luz brilhar, cheios de compaixão pelos que não conheciam, ainda, a verdade; para eles, o sofrimento e a ignorância cessaram; para estes, continuam. E Jesus aconselhou a não se colocar a luz sob o alqueire, mas sobre o velador para que ilumine a todos... (Mt 5:15)
 
Postado por Conforti
http://obuscadordedeus.blogspot.com 

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