REFLETINDO COM O MESTRE AÏVANHOV

 

Importância do relaxamento

O que prejudica muitos dos nossos contemporâneos é a agitação contínua, é o estado febril em que vivem e que acaba produzindo danos no seu organismo físico, assim como no seu organismo psíquico. Cada vez mais ouve-se pessoas se lamentando: «Que cansaço!». Mas, apesar disso, continuam correndo para lá e para cá. É bom querer ser ativo, mas para poder continuar ativo sem se exaurir, é preciso saber relaxar. Como? Procurando quebrar o ritmo acelerado que as torna máquinas propulsionadas por um motor impossível de controlar. E existem alguns métodos muito simples para isto. 

 

Por várias vezes ao dia parem por pelo menos um minuto, pensem em alguém ou alguma coisa que amam, que os tranquiliza, que os inspira e lhes dá coragem. E se puderem, retirem-se para um quarto tranquilo, deitem-se de bruços em uma cama, ou no chão sobre um tapete, braços e pernas relaxadas, e deixem-se levar como se flutuassem em um oceano de luz, sem se mexer, sem pensar em nada a não ser na luz... Depois de um ou dois minutos, levantarão recarregados.

 

Criação e elevação do nível de consciência

O poder criador do ser humano reside muito mais acima do que o seu nível de consciência comum: manifesta-se como uma faculdade de explorar realidades que o superam, de captar os seus elementos e reproduzi-los na matéria. 'Criar' significa superar-se, ultrapassar-se. Ora, para muitos artistas o ato de criar está no nível do instinto: eles são impelidos a expressar-se, nada mais. Mas 'expressar-se' ainda não significa 'criar'. 

 

Todos os artistas que não se esforçam para se elevarem até as regiões superiores da alma e do espírito não podem exercer uma boa influência naqueles que os olham, os escutam ou os leem. Então, estudem bem os estados de ânimo despertados em vocês quando entram em contato com as obras de arte ou do pensamento, pois esse contato sempre traz consequências. Querendo ou não, vocês se ligam aos seus autores, e eles os arrastam para os caminhos que percorreram antes de vocês. É nisto que a arte, se for bem compreendida, poderia ser a melhor pedagogia. Quando os artistas souberem se elevar até o mundo divino, até o cume do seu ser, os elementos que trouxerem dessas ascensões espirituais não só continuarão a trabalhar neles, como também produzirão transformações benéficas no mundo inteiro.

 

Métodos para reagir ao mal-estar psíquico

Ao sentirem a sua resistência psíquica enfraquecer, não pensem que isso passará. De fato, pode ser um estado passageiro, mas é mais prudente reagir logo fazendo alguma coisa: ir regar as flores, dizer uma palavra boa para alguém, levar-lhe um objeto do qual ele precisa ou que lhe agrada, pegar um papel ou uma garrafa vazia do chão, tirar uma pedra ou pedaços de vidro da calçada, etc. E, principalmente, esforcem-se para realizar esses gestos conscientemente, com a vontade de dar uma outra orientação às correntes negativas que lhe atravessam. Cada pequeno gesto executado com cuidado, sinceridade e amor, será como uma criatura de luz que afugentará as trevas ou impedirá que elas entrem em vocês e os destruam.
 

E se sentirem que estão perdendo a alegria, o amor, a paz, a esperança ou a fé, ainda há um outro método. Escrevam as palavras: 'paz, amor, alegria...' em uma folha de papel, depois, segurando a folha com a mão esquerda, levantem a mão direita em direção ao céu e procurem captar as correntes portadoras dessas bênçãos. Quando tiverem a sensação de terem captado uma dessas correntes, concentrem-se intensamente, depois coloquem a sua mão direita no plexo solar para fazer com que ela penetre em vocês.

 

Existência de Deus e estado de consciência

Por que discutir tanto sobre a existência ou não de Deus? É inútil. Na realidade, a questão se apresenta de modo muito simples: para o não crente, Deus não existe, pois depende do homem para que as coisas existam ou não para ele. Imaginem que alguém está dormindo: mesmo que todos os tesouros do mundo estejam reunidos em torno da sua cama, por ele não estar consciente disto, é como se não existisse nada.
 

Quantos seres humanos estão mergulhados assim no sono da inconsciência! Só os sábios, os Iniciados, que estão verdadeiramente despertos, veem os esplendores que os rodeiam e se regozijam com isso. Os outros têm as mesmas riquezas ao seu redor e dentro de si, mas não as veem, não as percebem. Tudo depende, portanto, do estado de consciência. Quando se está desperto, certas coisas se tornam uma realidade, mas quando se adormece, elas desaparecem. O mesmo vale para a existência de Deus: quem está adormecido não a percebe e afirma que Ele não existe. Mas se a pessoa despertar, sentirá que Deus existe está vivo ao seu lado e dentro de si.

 

Ideal elevado e os nossos instintos

Os instintos são forças de vida extraordinárias. Se uma pessoa procura reprimi-los, ou ela não consegue e fica esgotada nesta luta, ou então, se consegue, será pior, pois as fontes de vida secam dentro dela. Então, como dominar os seus instintos? Alimentando um ideal elevado, pois ele é o melhor transformador das energias. Assim que colocamos um ideal elevado no nosso coração e na nossa alma, as nossas energias são obrigadas a passar através dele, e é ele que se encarrega de lhes dar uma outra direção, uma direção para o alto.
 

Vocês se perguntam sobre como ocorre esta transformação. Não é preciso sabê-lo. Quando comemos, não precisamos conhecer detalhes das transformações que estão acontecendo – primeiro na boca, e depois no estômago e no intestino –, mas sentimos que recebemos forças. Acontece a mesma coisa com o ideal elevado: se o sustentamos com os nossos melhores pensamentos, melhores sentimentos e melhores desejos, ele transforma os nossos impulsos instintivos, e as energias produzidas por esta transformação sustentam, por sua vez, a nossa vida psíquica, a nossa vida espiritual, e também a nossa vida física, pois nada está separado em nós.

 

Evolução das formas

Todas as formas tendem a se tornar rígidas e, se os seres humanos não estiverem atentos, o espírito que habita essas formas não tem mais a possibilidade de se manifestar e, por isso, vai em busca de novas formas mais adequadas ao que ele quer exprimir.
 

Esta lei é válida em todos os campos, inclusive no da religião. Por isso, as religiões que, há séculos, insistem em manter as mesmas formas estão erradas. Em vez de compreenderem que sempre é preciso fazer evoluir as formas para que elas consigam expressar cada vez mais, e cada vez melhor, as correntes sempre novas do espírito, muitos crentes procuram se convencer de que devem manter a sua religião exatamente nas formas com que foi criada. Para eles esta seria a vontade de Deus. Mas não! A Inteligência Cósmica não fixou nada de modo definitivo, e toda vez que os seres humanos se recusaram em fazer evoluir as formas, surgirão acontecimentos que farão desaparecer essas doutrinas, essas crenças e esses ritos que eles imaginavam válidos e estabelecidos pela eternidade. O que os seres humanos pensam não é o que a Inteligência Cósmica pensa. Ela tem outros projetos. É por isso que no decorrer dos séculos sempre se viu acontecerem perturbações através das quais o espírito mostrava a sua recusa em se deixar ser aprisionado nas formas.

 

Amor preservado pela distância

Um homem e uma mulher que se amam procuram, instintivamente, aproximar-se, e isto é natural. Mas se eles analisassem o que acontece no campo das emanações sutis, compreenderiam que essa aproximação pode não ser tão favorável ao seu amor. Por que? Porque o espaço que separa dois seres – o espaço que se imagina vazio, na realidade, está cheio de essências sutis que são as melhores condutoras das suas energias psíquicas. Se eles aceitarem manter uma certa distância, se sentirão cada vez mais vivificados e fortalecidos pelas correntes de energias que circulam entre eles. O amor não é o encontro entre dois corpos, mas a fusão entre duas quintessências, e é a distância que oferece as melhores condições para que as verdadeiras comunicações continuem a ser estabelecidas entre as almas.
 

E se depois, um dia, esses seres decidirem viver juntos, também nesse caso, eles devem manter uma certa distância para evitar cair na familiaridade prosaica que caracteriza a vida cotidiana dos casais, se eles não estiverem vigilantes. Muitas vezes, é por causa desta falta de vigilância que se perde o amor. Assim, é bom que em um casal, cada um mantenha algo de secreto, de misterioso para o outro a fim de manter vivos o interesse e a curiosidade. É este mistério que protege e alimenta a atração que um sente pelo outro.

 

 

Ensinamentos do Mestre Aïvanhov
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