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segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

C R E N Ç A S

Associação Missionária dos Franciscanos Menores Conventuais Tente penetrar cada palavra...

O Mestre diz...

Não acredito em acreditar. Ninguém pergunta: “Você acredita na rosa?” Não há necessidade. Você pode ver; a rosa está aí ou não. Somente ficções e não fatos precisam que acreditemos neles.

Tente perceber...
A crença é confortável e conveniente; ela embota – deixa a pessoa insensível, sem energia.
 
Ela é uma espécie de droga; torna-o um zumbi.
 
Um zumbi pode ser cristão, hindu, muçulmano – mas todos eles são zumbis com diferentes rótulos.
 
E às vezes eles ficam enjoados de um rótulo, então o mudam: o hindu se torna cristão, o cristão se torna hindu – um novo e diferente rótulo, porém, por trás do rótulo, o mesmo sistema de crença.
 
Destrua suas crenças!
 
Certamente isso será desconfortável, inconveniente, mas não se alcança nada valioso sem inconveniências.
 
Perceba... Não se pode manipular uma pessoa integrada através destas estratégias infantis e estúpidas: “Se você fizer isso, atingirá o céu e todos os seus prazeres; se fizer aquilo, cairá no inferno e sofrerá eternamente.”
 
A pessoa integrada simplesmente rirá de todos esses absurdos.
 
Ela não tem medo do futuro – você não pode criar o inferno pra ela; ela não tem ambição quanto ao futuro – você não pode criar o céu.
 
Ela não precisa de proteção, ninguém para guiá-la, ninguém para levá-la a lugar algum. Ela não tem objetivos, motivações.
 
Cada momento é tão completo que ela não está esperando para ser completada por um outro momento que virá em algum período, nesta vida ou talvez na próxima.
 
Cada momento é cheio, repleto, transbordante, e tudo o que ela conhece é uma imensa gratidão para com esta bela existência.
 
Mas isso ela também não diz, pois a existência não compreende a linguagem. Esta gratidão é seu próprio ser.
 
Assim, há gratidão em tudo o que ela faz. Se ela não estiver fazendo coisa alguma, se estiver apenas sentada em silêncio, a gratidão também estará presente.
 
Neste estado você é responsável por tudo o que você é. Se você está infeliz, você é responsável. Não jogue a responsabilidade sobre ninguém, do contrário você jamais se livrará da infelicidade.
 
Quando você aceita completamente toda a sua responsabilidade, você se torna maduro.
 
Sendo assim, qualquer um que vive de acordo com uma regra está destruindo a si mesmo, envenenando-se, pois a regra foi encontrada por alguém que não era você, alguém que você nunca será – foi encontrada em alguma época e algum espaço que não são a sua época e o seu espaço.
 
É muito perigoso seguir essa regra. Você tirará sua vida de seu centro, de sua base. Ao tentar se moldar, você somente deformará a si mesmo.

Nunca jogue o jogo de ninguém: faça suas próprias regras.

Osho
http://blogdoosho.blogspot.com 
 

Além da crença

Nós percebemos que a vida é feia, dolorosa, sofrida; queremos algum tipo de teoria, algum tipo de especulação ou satisfação, algum tipo de doutrina, que explicará tudo isto, e assim ficamos presos na explicação, nas palavras, em teorias, e gradualmente, as crenças ficam mais profundamente enraizadas e inabaláveis porque por trás dessas crenças, por trás desses dogmas, existe sempre o medo do desconhecido. Mas nós nunca olhamos para esse medo, nós nos afastamos dele. Quanto mais fortes as crenças, mais fortes os dogmas. E quando examinamos estas crenças, a cristã, a hindu, a budista, descobrimos que elas dividem as pessoas. Cada dogma, cada crença tem uma série de rituais, uma série de compulsões que ligam o homem e separam o homem. Assim, nós começamos com uma investigação para descobrir o que é verdade, qual é a significação desta miséria, desta luta, desta dor e somos logo pegos em crenças, rituais, teorias. Crença é corrupção porque, por trás da crença e da moralidade espreita a mente, o ego ficando grande, poderoso e forte. Consideramos a crença em Deus, a crença em alguma coisa, como religião. Consideramos que crer é ser religioso. Compreende? Se você não crê, será considerado ateu, será condenado pela sociedade. Uma sociedade condenará aqueles que creem em Deus, e outra sociedade condenará os que não creem. São ambos o mesmo. Assim, religião se tornou uma questão de crença e a crença atua e tem uma influência correspondente sobre a mente; a mente então nunca pode ser livre. Mas só em liberdade você pode descobrir o que é verdadeiro, o que é Deus, não através de alguma crença, porque sua própria crença projeta o que você pensa que Deus deva ser, o que você pensa que seja verdadeiro.


A barreira da crença

Você crê em Deus, e o outro não crê em Deus, assim sua crença separa vocês um do outro. A crença mundo afora é organizada como hinduísmo, budismo, ou cristianismo, e isto divide o homem do homem. Somos confusos, e pensamos que através da crença podemos esclarecer a confusão; ou seja, a crença se sobrepõe à confusão, e esperamos que essa confusão vá ser esclarecida desse modo. Mas crença é meramente uma fuga do fato da confusão; ela não nos ajuda a encarar e compreender ou fato, mas a correr da confusão em que estamos. Para compreender a confusão, a crença não é necessária, e a crença só funciona como uma barreira entre nós mesmos e nossos problemas. Assim, religião, que é crença organizada, se torna um meio de escapar do que é, do fato da confusão. O homem que crê em Deus, o homem que acredita no futuro, ou que tem alguma outra forma de crença, está fugindo do fato de o que ele é. Você não conhece aqueles que creem em Deus, que fazem “puja”, que repetem certos cantos e palavras, e que em sua vida diária são dominadores, cruéis, ambiciosos, enganadores, desonestos? Eles encontrarão Deus? Eles estão realmente em busca de Deus? Deus é para ser encontrado pela repetição de palavras, pela crença? Mas tais pessoas acreditam em Deus, adoram Deus, vão ao templo todo dia, fazem todas as coisas para evitar o fato de o que eles são, e tais pessoas você considera respeitáveis porque eles são você mesmo.


Vida outra vez

Uma das coisas que, me parece, a maioria de nós avidamente aceita e toma como certa é a questão das crenças. Eu não estou atacando as crenças. O que estamos tentando fazer é descobrir por que aceitamos as crenças; e se pudermos compreender os motivos, a causa da aceitação então talvez sejamos capazes não só de compreender por que fazemos isto, mas também ficar livres disto. A pessoa pode ver como as crenças políticas e religiosas, nacionais e vários outros tipos de crenças, separam as pessoas, criam conflito, confusão e antagonismo, o que é um fato óbvio; e contudo estamos relutantes em desistir deles. Existe a crença hindu, a crença cristã, as inumeráveis crenças sectárias e nacionais budistas, várias políticas ideológicas, todas disputando umas com as outras, tentando converter uma à outra. A pessoa pode ver, obviamente, que a crença está separando as pessoas, criando intolerância; é possível viver sem a crença? A pessoa só pode descobrir isso se puder estudar a si mesma na relação com uma crença. É possível viver nesse mundo sem uma crença? Não trocar de crenças, não substituir uma crença por outra, mas ficar inteiramente livre de todas as crenças, de modo que a pessoa encontre a vida de novo a cada minuto? Isto, afinal é a verdade: ter a capacidade de encontrar tudo de novo, de momento a momento, sem a reação condicionada do passado, de modo que não existe o efeito cumulativo que atua como uma barreira entre a pessoa e aquilo que é.


A crença impede a verdadeira compreensão

Se não tivermos crença, o que aconteceria? Não estaríamos muito amedrontados com o que poderia acontecer? Se não tivéssemos nenhum padrão de ação baseado numa crença ou em Deus, ou no comunismo, ou no socialismo, ou no imperialismo, ou algum tipo de forma religiosa, algum dogma a que estamos condicionados, nos sentiríamos completamente perdidos, não é? E não está esta aceitação de uma crença encobrindo esse medo – o medo de ser realmente nada, de ser vazio? Afinal, uma xícara só é útil quanto está vazia; e uma mente que está cheia de crenças, dogmas, assertivas, citações, é realmente uma mente não criativa; é simplesmente uma mente repetitiva. Para fugir desse medo – esse medo do vazio, esse medo da solidão, esse medo da estagnação, de não chegar, não ter sucesso, não conseguir, não ser alguma coisa, não se tornar alguma coisa, é certamente uma das razões – não é? – porque aceitamos as crenças tão ávida e ansiosamente? E pela aceitação da crença, compreendemos a nós mesmos? Ao contrário. Uma crença religiosa ou política, obviamente impede a compreensão de nós mesmos. Ela atua como uma barreira através da qual olhamos para nós mesmos. E podemos olhar para nós mesmos sem crenças? Removem-se estas crenças, as muitas crenças que se tem, resta alguma coisa para olhar? Se não tivermos crenças com as quais a mente se identifica, então a mente, sem identificação, é capaz de olhar para si mesma como ela é, e aí, certamente, está o início da compreensão de si mesmo. 
 
J. Krishnamurti
http://legacy.jkrishnamurti.org

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