NATUREZA HUMANA
Tem assim o homem duas naturezas:
Pelo corpo, participa da natureza dos animais, cujos instintos lhe são comuns; pela alma, participa da natureza dos Espíritos.
As duas naturezas nele existentes dão às suas paixões duas origens diferentes: umas provêm dos instintos da natureza animal,
provindo as outras das impurezas do Espírito, de cuja encarnação é ele a
imagem e que mais ou menos simpatiza com a grosseria dos apetites
animais.
Purificando-se, o Espírito se liberta pouco a pouco da influência da matéria. Sob essa influência, aproxima-se do bruto. Isento dela, eleva-se à sua verdadeira destinação.
O meio mais eficiente de combater-se o predomínio da natureza corpórea é: "Praticar a abnegação."
O Espírito encarnado se acha sob a influência da matéria;
O homem que vence esta influência, pela elevação e depuração de sua alma, se aproxima dos bons Espíritos, em cuja companhia um dia estará. Aquele
que se deixa dominar pelas más paixões, e põe todas as suas alegrias na
satisfação dos apetites grosseiros, se aproxima dos Espíritos impuros,
dando preponderância à sua natureza animal.
Ensinam-nos
que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões que nos aproximam
da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, já neste
mundo, se desliga da matéria, desprezando as futilidades mundanas e
amando o próximo, se avizinha da natureza espiritual.
O
homem, que procura nos excessos de todo gênero o requinte do gozo,
coloca-se abaixo do bruto, pois que este sabe deter-se, quando
satisfeita a sua necessidade, Abdica da razão que Deus lhe deu por guia e
quanto maiores forem seus excessos, tanto maior preponderância confere
ele à sua natureza animal sobre a sua natureza espiritual. As doenças,
são, ao mesmo tempo, o castigo à transgressão da lei de Deus.
Todas
as paixões têm seu princípio num sentimento, ou numa necessidade
natural. O princípio das paixões não é, assim, um mal, pois que assenta
numa das condições providenciais da nossa existência. A paixão
propriamente dita é a exageração de uma necessidade ou de um sentimento.
Está no excesso e não na causa e este excesso se torna um mal, quando
tem como consequência um mal qualquer. Toda paixão que aproxima o homem
da natureza animal afasta-o da natureza espiritual. Todo sentimento que
eleva o homem acima da natureza animal denota predominância do espírito
sobre a matéria e o aproxima da perfeição.
O
homem, pelos seus esforços, pode vencer as suas más inclinações. Em
muitos casos fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a
vontade. "Ah! Quão poucos dentre vós fazem esforços!"
Se o pedir a Deus e ao seu bom gênio, com sinceridade, os bons Espíritos lhe virão certamente em auxílio, para combater as suas paixões, porquanto é essa a missão deles.
Há muitas pessoas que dizem: Quero, mas a vontade
só lhes está nos lábios. Querem, porém muito satisfeitas ficam que não
seja como "querem". Quando o homem crê que não pode vencer as suas
paixões, é que seu Espírito se compraz nelas, em consequência da sua
inferioridade. Compreende a sua natureza espiritual aquele que as
procura reprimir. Vencê-las é, para ele, uma vitória do Espírito sobre a
matéria.
“Uma noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas. Ele disse:
– A batalha é entre os dois lobos que vivem dentro de todos nós. Um é Mau. É a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, mentiras, orgulho falso, superioridade e ego. O outro é Bom. É alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade, humildade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.
Nenhum comentário:
Postar um comentário