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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

CONHECE OS MILIONÁRIOS DA FELICIDADE

Faça o bem sem olhar a quem - A mente é maravilhosa

No meio das trevas da infelicidade aguda e das penumbras do descontentamento crônico, convém que o homem levante os olhos para as luminosas alturas de algum dos grandes milionários da felicidade.
 
Tem havido, e há, na história da humanidade, muitos homens felizes, homens que tiveram o bom senso de construir a sua felicidade de dentro, e não a esperavam de fora, das circunstâncias fortuitas do ambiente. Verdade é que a verdadeira felicidade é silenciosa como a luz, ao passo que a infelicidade costuma ser barulhenta; e por isto sabemos de tantos infelizes e tão pouco de homens felizes. De vez em quando, porém, a silenciosa felicidade dos felizes se irradia pelo ambiente de tal modo que até os infelizes percebem algo dessa luminosidade. E, por via de regra, os homens felizes são encontrados lá onde os profanos não os esperavam encontrar – no meio dos sofrimentos... 
 
Job, Moisés, Buda, Francisco de Assis, Jesus, Paulo de Tarso, e tantos outros encheram séculos e milênios com a exuberância da sua felicidade – sua felicidade sofrida.
 
Em nossos dias, houve dois homens eminentemente felizes: Mahatma Gandhi e Albert Schweitzer, um assassinado, na Ásia; o outro que viveu mais de meio século, nas selvas da África a fim de repartir com seus irmãos negros o grande tesouro da sua felicidade.
 
Naturalmente, quem confunde felicidade com prazer, e infelicidade com sofrimento, jamais compreenderá que homens dessa natureza possam ser milionários da felicidade. No entanto, eles o foram. E nenhum deles jamais se arrependeu do preço pelo qual adquiriu essa felicidade: a renúncia voluntária.
 
Existe uma renúncia negativa e destruidora – mas existe também uma renúncia positiva e construtora. Pode-se desertar de tudo por excessiva infelicidade, destruindo a própria vida do corpo – e pode-se abandonar tudo por excesso de felicidade, até a vida física. Quem encontrou o seu verdadeiro Eu assume atitude de benévola indiferença em face do que é seu. 
 
Há homens escravizadamente escravos.
 
Há homens livremente livres.

E há homens livremente escravos, homens tão soberanamente livres de todas as escravidões internas que podem voluntariamente reduzir-se a uma escravidão externa, por amor a um ideal ou à humanidade.
 
Esses homens livremente escravizados por amor são os grandes milionários da felicidade.
 
Albert Schweitzer, quando estudante universitário de 21 anos, sentiu dentro de si tamanha abundância de felicidade que resolveu consagrar o resto da sua vida ao serviço imediato da parte mais infeliz da humanidade, o que fez durante 52 anos até à idade de 90 anos, alquebrado de corpo, porém jovem de alma.
 
Mahatma Gandhi, aos 37 anos, adotou a humanidade inteira por sua família, gesto esse que foi acompanhado espontaneamente por sua esposa, não menos abnegada e feliz que o grande líder espiritual e político da Índia; e, depois de serem pais de quatro filhos físicos, se tornaram pais de milhões de filhos metafísicos. Os bens materiais que Gandhi deixou após a morte foram três: uma caneta-tinteiro, um relógio barato e uma tanga. O “homem feliz” da fábula nem necessitava duma camisa para ser feliz, porquanto a necessidade dos bens externos decresce na razão direta do aumento do bem interno.
 
Quando Jesus morreu na cruz não possuía mais nada; até as suas últimas vestimentas já tinham sido distribuídas pelos soldados que o vigiavam. Restavam-lhe, é verdade, os dois tesouros vivos: sua mãe e seu discípulo predileto, João; mas até deles se desfez antes de dar o derradeiro suspiro: “Senhora, eis aí teu filho! discípulo, eis aí tua, mãe!” Durante a sua vida, como ele dizia, era mais pobre que as raposas da terra e as aves do céu, não porque não pudesse ter bens externos, mas porque deles não necessitava, uma vez que possuía a plenitude do bem interno, a felicidade.
 
Na véspera da sua morte voluntária, disse ele a seus discípulos: “Eu vos dou a paz, eu vos deixo a minha paz, para que minha alegria esteja em vós, seja perfeita a vossa felicidade, e nunca ninguém tire de vós a vossa felicidade.”
 
Assim fala um milionário de felicidade.
 
“Transbordo de júbilo no meio de todas as minhas tribulações!” exclama Paulo de Tarso, um dos maiores sofredores da humanidade e que conheceu poucos dias de saúde em sua vida.
 
Em última análise, quem nos redime da nossa infelicidade e nos introduz no reino da felicidade imperturbável é o nosso Cristo interno, o espírito de Deus que habita em nós. O grande segredo está em despertar em nós o nosso Cristo e entregar-lhe as rédeas da nossa vida. O resto vem por si mesmo.
 
Mas isto não é virtude – isto é sabedoria, é o conhecimento da última e suprema verdade dentro de nós mesmos. O homem é senhor e soberano de tudo que sabe – mas é escravo de tudo que ignora. O saber espiritual nos liberta da infelicidade e nos dá felicidade – a ignorância espiritual nos escraviza e nos torna infelizes.

Huberto Rohden, O Caminho da Felicidade
Curso de Filosofia da Vida
UNIVERSALISMO

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