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segunda-feira, 8 de julho de 2019

O      T   O   D   O


Parte V

Relaxe seus olhos e penetre até as raízes mais profundas do seu ser. Procure deixar para trás todas as palavras e caminhe em silêncio...
 
Sempre que alguém está enraizado no âmago mais profundo do seu ser, que é uno, não existe nenhuma brecha. Você não pode penetrar num homem como esse. As espadas não podem atingi-lo, o fogo não pode queimá-lo. Como você pode destruir o supremo? Você pode destruir o momentâneo, você pode destruir a onda, mas como você pode destruir o oceano? Você pode destruir o indivíduo, mas não pode destruir a alma. A forma pode estar morta, mas e o sem forma...? Como você vai matar o sem forma? Onde você vai encontrar uma espada que possa matar o que não tem forma?
 
Aconteceu... Alexandre estava voltando da Índia quando de repente lembrou-se de Aristóteles, seu professor, um dos maiores lógicos que já existiu.
 
Aristóteles é a fonte original de toda estupidez ocidental, ele é o pai. Ele criou a mente lógica. Ele criou a análise, ele criou o método da dissecação, criou o ego e o indivíduo, e foi o professor de Alexandre.
 
Ele disse a Alexandre que trouxesse um místico Hindu quando ele voltasse, porque os opostos são sempre interessantes. Ele devia estar profundamente interessado – o que é esse místico Hindu? Que tipo de homem vive além da lógica, que diz que existe somente um, não dois, que junta todas as contradições e paradoxos, cuja atitude toda é de síntese, e não de análise? Que tipo de homem ele pode ser?
 
Então ele disse a Alexandre: “Quando você voltar traga consigo um místico hindu. Gostaria de ver um. Um homem que vive além da mente e diz que há algo além da mente, é um fenômeno raro”.
 
Aristóteles nunca acreditou que poderia haver algo além da mente. Para ele a mente era tudo.
 
Quando Alexandre estava voltando de repente se lembrou. Então pediu aos seus soldados para encontrar um grande místico hindu, um santo, um sábio. Eles perguntaram na cidade. E disseram: “Sim, às margens do rio há um homem nu. Há anos, ele está lá, e nós achamos que ele é um místico. Nós não temos certeza, porque ele não fala muito, nós não temos certeza porque não o entendemos muito. Tudo o que ele diz parece muito ilógico. Talvez seja verdade, talvez não seja”.
 
Alexandre disse: “Este é o homem certo. Meu mestre, que criou a lógica, gostaria de conhecer este homem ilógico. Vão e digam a ele que Alexandre o está convidando”.
 
Os soldados foram e disseram a esse homem nu que Alexandre, o Grande, o estava convidando; ele seria um convidado real, todo o conforto e conveniência seriam dados a ele, então ele não devia se preocupar.
 
O homem começou a rir e disse: “O homem que chama a si mesmo de Grande é um tolo. Vá e diga que não faço companhia a tolos. É por isso que estou aqui sozinho há muitos anos. Se eu quisesse a companhia dos tolos, você acha que a Índia tem menos tolos que seu país? A cidade está cheia deles”.
 
Os soldados ficaram muito perturbados, mas tinham que relatar o que o sábio dissera. Alexandre perguntou o que o homem havia dito – Dandami era o nome deste homem. Alexandre usou o nome Dandami em seus relatórios. Alexandre se sentiu incomodado, mas essa era a última aldeia antes da fronteira, eles iam deixar a Índia. Então ele disse: “É melhor que eu vá e veja eu mesmo que tipo de homem ele é”.
 
Então ele foi com a espada desembainhada e disse: “Siga-me, ou eu corto a sua cabeça agora. Eu não acredito em discussão, eu acredito em ordens”.
 
O homem riu e disse: “Corte – não espere! A cabeça que você vai cortar eu já cortei há muito tempo. Isso não é novidade, já estou sem cabeça. Corte-a, e eu digo que, quando a cabeça cair na terra, você vai vê-la cair e eu também vou vê-la cair, porque eu não sou a cabeça”.
 
O homem iluminado, desperto, pode ser queimado, mas ainda assim o homem desperto não pode ser queimado. A forma está sempre no fogo. Ela já está queimando. Mas o sem forma não é tocado por nenhum fogo. De onde vem este poder, de onde vem essa vitalidade? Eles se escondem no Tao secreto. Tao significa a grande natureza, Tao significa o grande oceano, Tao significa a grande fonte.

Osho 
http://blogdoosho.blogspot.com

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