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quinta-feira, 25 de julho de 2019

CONHECENDO O AMOR

 
Última Parte


Amor só é possível quando a meditação floresceu.

Se você não sabe como estar centrado em seu ser, se você não sabe como você descansar e relaxar no seu ser, se você não sabe como estar totalmente sozinho e abençoado, você nunca saberá o que é amor.

O amor é muito frágil, é como uma rosa. Você deve permitir-lhe dançar na chuva, no vento, no sol. O amor é como um pássaro em voo por todo o céu, com toda liberdade. Você pode pegar o pássaro, você pode colocá-lo em uma gaiola dourada bonita e parece que é o mesmo pássaro voando livre e tinha todo o céu para ele. É só na aparência que é o mesmo pássaro. Isto não é ele – você o matou. Você cortou suas asas, removeu seu céu... colocou-o numa gaiola de ouro, tão preciosa... mas é uma prisão! Isto é o que fazemos com nosso amor: criamos gaiolas douradas. Estamos com medo porque o céu é vasto e o pássaro pode não voltar. Para mantê-lo sob seu controle, ele deve ser preso. Isto é como o amor se torna no casamento.

O amor é um pássaro em pleno voo, o casamento é um pássaro em uma gaiola dourada. É certo que o pássaro nunca vai lhe perdoar. Você destruiu toda a sua beleza, sua alegria, sua liberdade. Você destruiu o seu espírito – tansformou-0 numa cópia sem vida. Mas uma coisa é certa para você: ele não pode escapar, ele sempre será seu. Amanhã será seu e o dia depois de amanhã também.

As pessoas românticas sempre medo. O medo está presente, porque o amor é como uma brisa. Você não pode criá-lo, não é algo que pode ser fabricado – vem espontaneamente. Mas tudo que vem de si mesmo também pode ir por si só – é um corolário natural. O amor vem e flores prosperam em você, canções nascem em seu coração, um desejo de dançar… mas com um medo oculto. O que vai acontecer se esta brisa que está vindo para você, fresca e perfumada, deixá-lo amanhã? Porque a existência não está limitada a você. A brisa é um convidado – ele vai ficar consigo enquanto for para ser assim, e pode sair a qualquer momento. Isso cria medo nas pessoas e as tornam possessiva. Elas começaram a fechar suas portas e janelas para manter a brisa dentro. Mas quando suas portas e janelas estão fechadas a brisa dentro não é a mesma. Perde seu frescor, perde sua fragrância – logo torna-se repulsiva. Ela precisa de liberdade; mas ao ter-lhe removido a liberdade... a brisa não é mais do que um cadáver.

Ame intensamente, ame totalmente e não se preocupe com o dia seguinte. Se a existência, hoje, tem sido tão maravilhosa, pode confiar: amanhã será mais bonita e mais maravilhosa ainda. A medida que a sua confiança cresce a existência torna-se mais generosa consigo. Derrama mais amor em você. Chove ainda mais flores de alegria e êxtase em você.

No sentido máximo do amor, quando ele é divino, você é apenas uma flor de lótus liberando sua fragrância, seu êxtase. Então não há mais morte, nem tempo, nem mente – você é parte da eternidade.

Sem amor o homem está sozinho, separado do núcleo da existência. Sem amor todo mundo é uma entidade solitária, sem qualquer conexão com outros de sua espécie. Hoje, o homem encontra-se totalmente sozinho. Estamos todos desligados uns dos outros, presos dentro de nós mesmos. Isto é como estar num túmulo. Mesmo que ele esteja vivo, o homem é um cadáver. Você vê a verdade no que eu estou dizendo? Você está vivo? Você sente o fluxo de amor em suas veias? Se você não sentir o fluxo, se o pulsar de amor em seu coração cessou, então você deve entender que você não está realmente vivo em tudo.

A maior pobreza que existe é a ausência de amor. O homem que não desenvolveu a capacidade de amar, vive em um inferno particular. Um homem que está cheio de amor está no céu. Você pode olhar para o homem como uma maravilhosa e única planta, uma planta que é capaz de produzir tanto néctar quanto veneno. Se um homem vive pelo ódio, ele colhe uma safra de veneno; se ele vive pelo amor, ele colhe flores carregadas de néctar.

O amor tem feito pessoas caírem e também tem feito pessoas elevarem-se. Depende do que você tem feito com o amor. O amor é um fenômeno muito misterioso. É uma porta – de um lado está o sofrimento, do outro lado está o êxtase; de um lado está o inferno, do outro lado o paraíso; de um lado o sansara, a roda da vida e da morte, do outro lado está a liberação. O amor é uma porta.

O amor é sempre novo. Ele nunca envelhece porque é não-cumulativo, não-armazenador. O amor não conhece nenhum passado; é sempre fresco, tão fresco como as gotas de orvalho. Ele vive momento a momento, é atômico. Não tem nenhuma continuidade, não conhece nenhuma tradição. A cada momento ele morre e a cada momento ele renasce novamente. É como a respiração: você inspira, você expira; de novo você inspira e expira. Você não a conserva dentro. Se você segurar a respiração você irá morrer porque ela se tornará viciada, ela se tornará morta. Ela irá perder aquela vitalidade, a qualidade da vida. O mesmo acontece com o amor; ele está respirando; a cada momento ele se renova. Então quando ficamos presos no amor e paramos de respirar, a vida perde toda significância. E é isso que está acontecendo com as pessoas: a mente é tão dominante que ela até mesmo influencia o coração e o torna possessivo! O coração não conhece nenhuma possessividade, mas a mente o contamina, o envenena. Então, lembre-se: apaixone-se pela existência! Deixe que o amor seja como o respirar. Inspire e expire, mas deixe que seja o amor entrando e saindo. Você precisa criar essa magia de amor. Torne isso uma meditação: quando você expirar sinta que está derramando seu amor na existência; quando você inspirar a existência está derramando seu amor em você. E logo verá que a qualidade da sua respiração está mudando, transformando-se em algo totalmente diferente daquilo que você sempre conheceu antes. Eis porque na Índia a chamamos de o prana da vida, não é apenas respirar, não é somente oxigênio. Algo mais está lá presente, a própria vida.

Assim o primeiro segredo é: não peça amor. Não espere pensando que você dará se alguém lhe pedir – Dê!! Tudo passa, mas você permanece – você é a realidade.

Amor é um processo, um estado de ser. As pessoas amorosas não precisam de relacionamentos. O relacionamento torna-se necessário quando o amor está ausente, ele o substitui.  É preciso muita coragem para permanecer aberto sem criar um relacionamento. O amor acontece, nós não o fazemos acontecer: só podemos nos tornar disponíveis. O amor vem do nada como um solavanco e só é possível entre iguais. Se escolhemos alguém que tem medo de aprofundar-se no amor é porque nós também temos. Quando o amor se aprofunda, aumenta a liberdade. Elevar-se no amor é um aprendizado, uma mudança, uma maturidade. É algo espiritual. 

Se você realmente ama uma pessoa você vai dar-lhe liberdade absoluta – isso é um dom do amor. E quando há liberdade o amor responde tremendamente. Quando você dá liberdade a alguém você tem dado o maior dom e o amor vem correndo em sua direção.

Como você pode ser belo sem o amor caindo sobre você, sem o amor caindo sobre você como flores? Como você pode ser belo?

Eu te amo porque meu amor não é dependente do objeto de amor. Meu amor é dependente do meu estado de ser, pois o meu amor nunca foi dependente da outra pessoa. Meu amor é o meu estado de ser. Eu simplesmente amo.

O amor é algo dirigido ao todo. Espere por ele. Ele é a chave secreta para abrir todas as fechaduras e todos os blocos. E um bloco não é senão um bloqueio em seu ser. O amor é a chave secreta; ele abre todas as fechaduras. A chave mestra é o amor.

O amor mantém o equilíbrio. O amor é uma das maiores experiências da vida – e muitos o perdem. O amor é um fenômeno totalmente diferente. Ele precisa de uma grande sensibilidade, ele precisa de uma alma.

O Amor é um subproduto de uma consciência crescente. É como o perfume de uma flor. Não procure por ele nas raízes; ele não estará lá. A sua biologia está em suas raízes; sua consciência é seu florescer. Ao se tornar cada vez mais aberto, um lótus aberto de consciência, você ficará surpreso, admirado; e essa tremenda experiência só pode ser chamada de amor, que o deixará cheio de alegria, de felicidade, cada fibra de seu ser estará vibrando extasiada. Você será como uma nuvem carregada que quer chover. No momento em que estiver transbordando de alegria, surge em você um grande desejo de compartilhar. Esse compartilhar é o amor.

Ame a si mesmo, ame imensamente e, nesse mesmo amor, o seu orgulho, o seu ego e todos esses disparates desaparecerão. E quando desaparecerem, o seu amor chegará aos outros. E não será uma relação, mas uma partilha. Não será uma relação sujeito/objeto, mas uma fusão, uma união. Não será febril, mas uma paixão contida. Será quente e frio simultaneamente. Dar-lhe-á o primeiro travo do paradoxo da vida.

O amor é uma poderosa vibração vindo direto da Fonte. O amor não é uma emoção, na verdade, é um estado de consciência, uma forma de estar no mundo, uma maneira de ver a si mesmo e aos outros, é o que podemos chamar de empatia ou compaixão, mas no fundo é percepção que nós somos ‘o outro’. O amor não se encontra no pensar, nem no sentir, ele se encontra no ser.

O amor é a dança da sua vida. Consequentemente, aqueles que não sabem o que é o amor perderam a própria dança da vida – perderam a oportunidade de cultivar rosas. Por esta razão, para a mente mundana, para a mente calculista, para a mente computador, para o matemático, para o economista, para o político, o amor parece ser um tipo de loucura. Mas, para aqueles que conhecem o amor, o amor é a única sanidade. Sem amor o homem pode ser rico, saudável, famoso; mas ele não pode ser são de espírito, porque nada sabe a respeito de valores intrínsecos. 

Osho
https://oshoemportugues.wordpress.com

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